A fertilidade da mulher pode demorar a ser restabelecida após anos de uso da pílula anticoncepcional. Mito ou verdade?
A pílula anticoncepcional é um dos métodos mais populares de contracepção. Ela possui um ou dois hormônios que se assemelham aos produzidos nos ovários durante a gravidez, impedindo a ovulação. A escolha de cada pílula depende de cada paciente e é indicada pelo ginecologista.
Os anticoncepcionais possuem alguns efeitos colaterais que variam de acordo com o organismo das mulheres, como ganho ou perda de peso, leve irritabilidade, dor de cabeça e aumento da sensibilidade, que diminuem com o passar do tempo e a adaptação do corpo. Geralmente, o uso é feito pelo método de 21 dias, em que as mulheres tomam a pílula nesse período e fazem uma pausa por sete dias, quando ocorre a menstruação.
O uso dos anticoncepcionais gera dúvidas entre as mulheres, principalmente entre aquelas que usaram por um logo período e agora desejam engravidar. O Dr. Jarbas Magalhães é vice-presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e Secretário da Comissão Nacional de Anticoncepção da FEBRASGO. Ele explica que as pílulas não causam infertilidade mesmo após anos de uso ininterrupto. “É um mito que ainda persiste em nossos dias, mas que não tem qualquer comprovação científica. Os níveis hormonais das pílulas atuais são bastante baixos e assim que se suspende o seu uso, a fertilidade retorna imediatamente”.
Dr. Jarbas diz ainda que isso vale para todas as marcas das pílulas anticoncepcionais, não importando a fórmula. Ele ressalta que o único método que pode adiar a ovulação é o injetável trimestral – aquela injeção que a mulher toma a cada três meses. “Nesses casos a ovulação pode retardar alguns meses para reaparecer. Nos casos das pílulas orais, mesmo com doses diferentes, não existe retardo da ovulação e a mulher retorna à fertilidade (capacidade de engravidar) assim que deixa de tomá-las.”
Se mesmo assim a mulher não conseguir engravidar, o médico aconselha que a paciente procure ajuda profissional, pois isso pode significar problemas de outras decorrências. “A mulher deve procurar seu ginecologista para avaliar as outras causas de infertilidade. Pode ser infertilidade de causa masculina ou outras causas femininas, não relacionadas ao uso de pílula”.
Por fim, Dr. Jarbas ressalta que a mulher pode tomar a pílula por quantos anos for preciso. Esse fato não irá atrapalhar os planos futuros de gerar um bebê. As pílulas de hoje em dia são modernas e seguras, garantindo um bom método de contracepção, mas também uma possibilidade imediata após suspensão de uso. “A mulher pode tomar a pílula por quanto tempo for necessário. A pílula anticoncepcional não causa por si só infertilidade, não importando o tempo por que foi tomada”, afirma o médico.