Especialista em reprodução humana, esclarece como funciona e a eficácia desse procedimento
Ter um filho é o sonho de muitas famílias. No entanto, alguns fatores podem interferir para que esse sonho se realize naturalmente. Felizmente, com o avanço da medicina, especialmente nos casos de infertilidade, a tão esperada chegada de um bebê pode ser possível. Dentre os procedimentos que auxiliam casais neste processo está a doação de óvulos ou ovodoação, que é quando a mulher decide doar óvulos para outra, a fim de serem fertilizados pelo sêmen do marido da receptora ou por esperma também doado. de doadores.
Segundo a Dra. Paula Fettback, especialista em reprodução humana e infertilidade com ênfase em alta complexidade, esta é uma técnica indicada para mulheres que não produzem mais óvulos por conta da idade avançada, mulheres com baixa qualidade dos embriões devido a qualidade do óvulo, casais com falhas repetidas de tratamento avançada ou que tiveram diminuição do potencial de fertilização ou em casos de serem portadoras de genes determinantes de doenças graves. “A doação de óvulos é indicada quando não há outras possibilidades de tratamento para infertilidade com os próprios óvulos”, explica a médica.
Para que o resultado seja eficaz, a médica destaca que a doadora dos óvulos deve possuir características genéticas semelhantes às da mulher que os receberá. “A estatura, etnia e grupo sanguíneo deve ser o mesmo. Para certificar a semelhança, é necessário realizar uma consulta para recolhimento de dados físicos e amostra de sangue da mulher”, afirma a especialista.
Recentemente, o exame cariótipo foi obrigatoriamente incluído na triagem dos doadores de óvulos e sêmen. Com este procedimento, é possível avaliar todos os cromossomos e verificar se há alguma alteração que possa levar a uma menor qualidade embrionária, como forma de garantir mais segurança a este processo.
De acordo com a médica, após esta coleta, os óvulos de doadoras são previamente selecionadas e passam por todo o procedimento de indução da ovulação. “Os óvulos são encaminhados por uma série de processos para que possam ser utilizados na receptora, quando há uma preparação do endométrio e, após em média 18 dias após a menstruação uma ou duas semanas, ela começa a receber os os embriões são transferidos ao útero da mãe ”, explica.
Segundo Dra. Paula, qualquer mulher pode doar os óvulos, desde que esteja saudável e possua menos de 35 anos. “Após os 35 anos, a chance de sucesso no procedimento diminui. Por isso, quanto mais jovem, melhor”, destaca a especialista.
Embora a prática possa soar para alguns como uma grande novidade, Dra. Paula afirma que a ovodoação é regulamentada pela resolução 2121/2015 do Conselho Federal de Medicina – CFM, por Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa e pela Lei de Biossegurança. “Para garantir que o procedimento esteja dentro do estabelecido pela Lei, não é permitido doar óvulos para uma pessoa específica. Além de que a ação deve ser sigilosa, não pode ser remunerada e nem ter caráter lucrativo ou comercial, a última resolução de 2021 permitiu que doadora de óvulos e espermatozoides de parentes até quarto grau também fosse permitido. Desde que dentro dos mesmos critérios clínicos orientados pelo CFM.” esclarece a médica.
Sobre a genética entre a receptora e a criança, a especialista diz que há muitos casos de pacientes que não aderem ao procedimento por acreditarem que a criança não terá qualquer elo genético com ela. “Foi comprovado cientificamente que na fase de desenvolvimento do embrião dentro do útero, há a determinação de vários fatores genéticos, conhecido como epigenética, além disso inclusive a troca de sangue entre o feto e a mãe durante a gestação. Sendo assim, quem opta por este procedimento pode ter certeza de que há um elo, assim como na gestação convencional”, ressalta a Dra. Paula.
Por fim, a médica diz que toda a ideação de um procedimento para infertilidade deve ser avaliada por um profissional especializado, que indicará o melhor tratamento de acordo com as condições físicas de cada paciente. “O mais recomendado é que a mulher procure uma clínica especializada para saber mais sobre os procedimentos e realizá-los com segurança”, finaliza.
Fonte: Dra. Paula Fettback é ginecologista, especializada em reposição hormonal e infertilidade com ênfase em alta complexidade. Doutora pela Faculdade de Medicina da USP, a Dra. Paula atua com reprodução assistida desde 2006, atendendo pacientes em São Paulo e no Paraná. Além disso, tem no portfólio algumas famosas como Rosana Jatobá, Tânia Kalil, Angelita Feijó, Mariana Kupfer, entre outras.