Pais Devem ficar Atentos com a Alimentação das Crianças durante as Férias Escolares

Saiba como evitar a obesidade infantil e cuidar da alimentação das crianças nas férias

As férias escolares já começaram, e fora da rotina de sala de aula os hábitos alimentares também são alterados. Durante as férias – sem horários regrados – a tendência é que as crianças passem a consumir mais produtos industrializados, como salgadinhos, bolos artificiais, bolachas recheadas e doces. Esses alimentos, junto a um alto tempo de tela, seja na TV ou no celular, traz um alerta sobre possíveis casos de obesidade entre as crianças.

Segundo dados do World Obesity Atlas 2023, mais de 35 milhões de crianças e adolescentes têm obesidade em todo o mundo. Estima-se que até 2035, 49 milhões de meninos e meninas entre 5 e 19 anos estejam obesos. Para a endocrinologista e presidente do Instituto da Pessoa com Diabetes, Angela Nazário, a educação alimentar para crianças e adolescentes é de extrema urgência.

“As pessoas que estarão obesas no futuro são as nossas crianças e adolescentes de hoje. E lá na frente é muito mais difícil perder peso e recuperar a qualidade de vida. Por isso é tão importante falar sobre a obesidade infantil. E os pais têm um papel fundamental na prevenção. A criança come o que tem em casa. Se os armários e geladeiras estiverem cheios de comidas saudáveis, as crianças terão uma alimentação melhor”, afirma Nazario.

Diabetes tipo 2 na infância

Para o endocrinologista especializado em crianças e adolescentes, Mauro Scharf, que também integra o IPD, a obesidade na infância, seja ela por predisposição ou maus hábitos, pode trazer consequências para a juventude e a vida adulta.

 

Um estudo recente, publicado pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) apontou que, em 2022, 9% dos jovens brasileiros com idade entre 18 e 24 anos apresentaram um índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 30, configurando obesidade. Em 2023, esse percentual saltou para 17,1% — um aumento de 90%. O levantamento ouviu 9 mil brasileiros com 18 anos ou mais, de capitais e cidades do interior das cinco regiões do Brasil entre janeiro e abril de 2023.
 

Nesta faixa etária, 31,6% dos jovens já receberam diagnóstico médico de ansiedade, apenas 33,5% incluem frutas e verduras na dieta, 24,3% consomem refrigerantes e sucos artificiais cinco vezes ou mais na semana e eles também lideram o chamado tempo de tela com 76,1% utilizando dispositivos como celulares, tablets ou televisão por três horas, ou mais por dia para lazer.
 

“Uma das principais consequências da obesidade é o surgimento do Diabetes Tipo 2, caracterizado por uma resistência à ação da insulina no organismo, o que resulta em uma alta concentração de açúcar no sangue. É fundamental que os pais estejam em alerta, orientando e interferindo nos hábitos das crianças para evitarmos obesidade e, especialmente, tudo o que vem associado a ela”, alerta Mauro Scharf.

 

O diabetes tipo 2 representa 90% dos casos de diabetes no mundo, e sempre foi mais comum em pessoas acima dos 50 anos. “Mas agora a realidade é diferente. Até 10 anos atrás a gente não tinha casos de diabetes tipo 2 em crianças. Isso era muito raro. Hoje a frequência de crianças com diagnóstico de DM2 é muito maior e preocupante. Sabemos que isso está relacionado à obesidade, o que significa que, além dos fatores genéticos, temos um problema na alimentação dessas crianças desde cedo”, afirma.

Planejamento é a chave

Para Thayná Guimarães, nutricionista do Instituto da Pessoa com Diabetes (IPD), o planejamento alimentar de toda a família é a melhor forma de cuidar da saúde das crianças. “Os pais são os exemplos para os filhos e são eles quem decidem quais alimentos entram em casa. O combate à obesidade infantil exige uma união e esforço de todos, o que, na verdade, só trará benefícios, tanto para os pais quanto para as crianças”, explica Thayná.
 

Confira algumas orientações da nutricionista Thayná Guimarães para otimizar a alimentação do seu filho nas férias

  • Convide seu filho para cozinhar. As crianças amam participar das atividades e colocar a mão na massa. Faça receitas caseiras e funcionais, substituindo o trigo por farelo de aveia, por exemplo, e chame seu filho para te ajudar na receita. Assim é possível despertar o prazer pela comida feita em casa, e não industrializada.
     
  • Deixe a vista e de fácil acesso os alimentos saudáveis. Quando bate a fome, a criança procura o que estiver mais perto e rápido para comer. Se os salgadinhos estiverem no seu campo de visão, ela com certeza irá escolher esse ao invés do bolo de laranja feito pela mamãe. Deixe porções de frutas já lavadas e picadas em potes no alcance da criança, e mantenha os industrializados em prateleiras altas para ocasiões pontuais.
     
  • Não proíba seu filho de comer alguma “besteira”. Ensine a moderar. Se os doces e fast food já foram apresentados para seu filho, não adianta proibir. Na primeira oportunidade ele irá comer tudo em dobro. Crie um planejamento alimentar e coloque uma pizza ou guloseima em situações esporádicas, ensinando a equilibrar com refeições saudáveis.
     
  • Respeite a saciedade da criança. É muito comum os pais obrigarem os filhos a comerem tudo o que está no prato, mas isso pode confundir a sensação de saciedade, fazendo com que a criança coma muito além do que realmente precisa.
     

Converse com uma nutricionista e endocrinologista. A obesidade infantil é coisa séria e merece o tratamento adequado com acompanhamento médico e nutricional. Leve seu filho para uma avaliação e incentive a alimentação saudável e a prática regular de atividade física.

Fonte:

Endocrinologista e Presidente do Instituto da Pessoa com Diabetes, Angela Nazário

Endocrinologista especializado em crianças e adolescentes, Mauro Scharf

Nutricionista Thayná Guimarães

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