Pais e cuidadores devem ficar alertas para os riscos de acidentes em parquinhos, alguns dos quais graves, sobretudo aqueles envolvendo quedas
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Mesmo na era digital, em que as crianças ficam mais tempo dentro de casa e são atraídos, cada vez mais cedo, para a frente das telas dos smartphones, os parques infantis seguem sendo locais fundamentais para a sociabilização e para o desenvolvimento físico, motor e sensorial dos mais jovens, além, é claro, de proporcionarem alegria e diversão.
No período de férias, que se inicia no mês de dezembro, esses espaços públicos costumam ficar mais cheios. E é nesse momento que pais e cuidadores devem ficar alertas para os riscos de acidentes, alguns dos quais graves, sobretudo aqueles envolvendo quedas.
Uma pesquisa da Aldeias Infantis SOS, organização global que lidera o maior movimento de cuidado do mundo, publicada neste ano, mostrou que ocorrências de acidentes com crianças de 10 a 14 anos envolvendo queda aumentaram 10,33% entre 2022 e 2023. O estudo ainda indicou que esses casos concentraram 45% do total das hospitalizações por acidentes envolvendo crianças e adolescentes no período.
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Um parquinho seguro é, inicialmente, aquele que foi instalado em conformidade com os regulamentos, bem como diretrizes estabelecidas por especialistas, como é o caso da Norma Técnica 16.071 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)”, afirma Erika Tonelli, especialista em Entornos Seguros e Protetores da Aldeias Infantis SOS. No entanto, ela lembra que grande parte desses equipamentos públicos não está de acordo com as regras básicas para seu pleno funcionamento, enquanto outros não passam por manutenção periódica.
“É por isso que os adultos responsáveis pelas crianças devem fazer um checklist completo do parquinho para evitar a exposição ao risco. Eu recomendo que eles atentem à faixa etária indicada para cada brinquedo, o estado de conservação dos equipamentos e dos pisos anti-impacto, como o próprio gramado do parque, além, é claro, de permanecerem atentos ao movimento das crianças, orientando, mesmo à distância, a forma como brincam e interagem com os outros jovens”, destaca Erika.
A especialista ressalta, no entanto, que esses pequenos cuidados não devem constranger as crianças, colocando os adultos em uma posição superprotetora, de tal modo que elas tenham a total liberdade de interagir com a área de lazer.
“O importante é que os pais e outros responsáveis não percam o hábito de tirar as crianças do ambiente de casa, por algumas horas do dia, para levá-las para brincar ao ar livre com outras crianças. O contato com brinquedos com diferentes texturas, tamanhos e formas oferece estímulos diversificados para o desenvolvimento espacial e sensorial da criança, e a interação com outros jovens contribui para formar pessoas mais afetivas e abertas para o convívio em sociedade”, afirma Erika.
Correr perigo
Recentemente, a imprensa internacional noticiou que um novo modelo de parquinhos virou tendência na Europa. São parques infantis propositalmente perigosos, concebidos para meninos e meninas desenvolverem noções de perigo e competências de risco.
Os defensores desse tipo de parquinho alegam que crianças precisam ser desafiadas para aprender a lidar com riscos. No entanto, segunda a especialista da Aldeias Infantis SOS, quem tem menos de 10 anos tem poucas condições de gerenciamento de risco por conta própria.
“Os brinquedos podem ser seguros, de acordo com a faixa etária, e, ao mesmo tempo, apoiarem o desenvolvimento de competências de risco, como no caso de escorregadores e brinquedos com cordas e escadas. Brinquedos seguros não são sinônimos de superproteção e não é preciso correr riscos reais para aprender a se defender”, esclarece Erika.
No entanto, a especialista pondera que os gestores públicos podem tirar lições a partir do estudo da arquitetura e dos serviços de zeladoria dos parques infantis europeus.
“Em muitos parques europeus, há placas com a indicação das faixas etárias, telefone do serviço de emergência e endereço da unidade de saúde mais próxima. Em geral, estão localizados em áreas cercadas e com portões, e possuem espaços para brincadeiras livres ou práticas esportivas. Além disso, são muito bem conservados, limpos, e tem uma variedade de brinquedos interessantes. Creio que temos muito a aprender com eles nos quesitos limpeza e conservação”, conclui.
Fontes:
O Instituto Bem Cuidar (IBC) é um programa das Aldeias Infantis SOS responsável pela gestão de conhecimento e que tem o compromisso realizar consultorias, assessorias, diagnósticos e pesquisas, para a própria organização ou ainda atender demandas de conselhos, governos ou empresas – A Aldeias Infantis SOS (SOS Children’s Villages) é uma organização global, de incidência local, que atua no cuidado e proteção de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias