Segundo diretrizes da OMS, até os dois anos de idade não é indicado que os bebês consumam alimentos açucarados. Além disso, crianças com seletividade alimentar recusam o chocolate
Seja pela textura, pelo sabor, cores ou pela temperatura, acredite se quiser, algumas crianças não querem ganhar ovos de chocolate na Páscoa. Um dos motivos é a decisão de alguns pais em seguir a diretriz da Organização Mundial de Saúde que não incentiva a oferta de alimentos açucarados antes dos dois anos de idade. O outro motivo para a recusa é justamente a seletividade alimentar, ou o Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE), que é uma aversão sensorial e que pode se tornar uma fobia de determinados alimentos.
Segundo Daniella Brom, fonoaudióloga e diretora do BakyKids Centro de Especialidades, a seletividade alimentar é muito mais comum do que se pensa, inclusive em crianças típicas. “O chocolate em si é um dos alimentos que muitas crianças recusam. Primeiro, por causa da seletividade alimentar em relação às alterações de textura ou sabor em si, e em segundo lugar pela dificuldade no quesito de mastigação e deglutição do alimento. Crianças com dificuldades de neurodesenvolvimento também apresentam dificuldades sensoriais”, explica Brom.
Daniella tem um exemplo de seletividade alimentar dentro de casa. A filha Clara, de 6 anos, possui seletividade alimentar em relação à alimentos doces e não consome bebidas além de água e leite. Apesar de ser uma criança típica, só come três tipos de frutas: banana, pera e maçã. “Quando chega a época da Páscoa, a gente faz adaptações para as brincadeiras de caça aos ovos. Em festas de aniversário, ela não come bolo nem docinhos, então eu sempre levo pipoca, petas e leite”, diz.
Já com a alimentação de rotina, Clara não tem nenhuma restrição. Come bem o arroz com feijão e gosta de todas as verduras, inclusive o quiabo, rejeitado por muitos. Com a ajuda da parceira e psicopedagoga Mônica Cerqueira, elas iniciaram a aproximação sucessiva, um trabalho lento que ajuda a criança a conhecer e aceitar novas texturas. “Nós nem queremos que ela consuma o açúcar em si porque a seletividade dela é justamente para alimentos doces, mas os exercícios que faço com ela em casa são para aceitação das texturas. Outro dia, ela abriu um bombom e quando ele começou a derreter nas mãos dela, ela saiu desesperada para lavar as mãos”, conta Daniella
Autora: Daniella Brom, fonoaudióloga e diretora do BakyKids Centro de Especialidades