Existe uma corrente médica que ainda investiga as perdas gestacionais apenas a partir do terceiro evento.
Mas muitos médicos já entendem que o primeiro aborto precisa ser investigado, para que não haja novas ocorrências e aquela família tenha a saúde, física e emocional, preservada o máximo possível.
Uma das causas da perda gestacional pode ser a trombofilia, doença caracterizada pela circulação reduzida do sangue que causa os coágulos (trombos) que podem obstruir os vasos do útero ou da placenta e causar a morte fetal e o aborto. A trombofilia pode ser genética ou adquirida e a paciente pode desenvolvê-la em qualquer uma das gestações, em todas elas ou apenas em algumas delas. Não há uma regra.
Uma das causas da trombofilia é a mutação dos genes da MTHFR, a enzima metiltetrahidrofolato redutase, que tem relação também com a infertilidade, além do aborto e do óbito fetal. Estudos indicam que essa mutação genética pode interferir no metabolismo do folato (ácido fólico), não o convertendo em metilfolato, que é sua forma ativa no organismo. Quando o folato não se transforma em metilfolato, ele não atua nas células, colaborando para as más-formações fetais, promovendo perdas gestacionais e, ainda, contribuindo para a infertilidade.
Quando, portanto, a paciente tem histórico de trombofilia (sua ou familiar) ou problemas de coagulação, é preciso investigar previamente se ela tem essa mutação genética, mesmo se não teve uma perda gestacional. Se a paciente não tem histórico de trombofilia, mas perdeu um bebê, também é preciso que haja essa investigação.
No preparo da mulher para a gravidez, também é imprescindível que seja adotada a suplementação com metilfolato, a forma metabolizada do folato. Não se usa, há muito tempo, o ácido fólico, porque muitas mulheres possuem a mutação dos genes da MTHFR e não metabolizam o ácido fólico em metilfolato, então, o ideal é que recebam o suplemento adequado. Essa simples troca pode evitar problemas gestacionais e, mais do que isso, impedir que um bebê sofra de más-formações.