Pesquisa inédita mostra a percepção sobre a primeira infância no Brasil

Resultados comprovam que aspectos médicos e biológicos são mais valorizados que os emocionais e comportamentais e que a televisão é vista como instrumento de aprendizado, inclusive nas classes mais altas.

Na visão dos pais, quando o assunto é a criança em seus primeiros anos de vida, as prioridades são o pré-natal e a consulta com o pediatra para tomar as vacinas. Essa maior valorização dos aspectos médicos e biológicos do desenvolvimento infantil em relação ao emocional, cognitivo, cultural e social é comprovada por uma pesquisa inédita, com resultados surpreendentes. Realizada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) em parceria com o Instituto Paulo Montenegro, o levantamento traz a percepção de uma amostra da população sobre o que é prioridade quando o assunto é o desenvolvimento da criança nos três primeiros anos de vida.

A pesquisa foi dividida em três etapas, com a primeira qualitativa feita com mães de crianças com idades entre 0 e 3 anos e gestantes, das classes A até D, nas cidades de São Paulo e Recife. A segunda parte (quantitativa) contemplou uma amostra nacional com 2002 pessoas entre 18 e 65 anos e a terceira, também quantitativa, com 203 mães de crianças de 0 a 1 ano e gestantes em 18 capitais brasileiras.

A maioria dos entrevistados na amostra nacional (51%) respondeu que o mais importante para o desenvolvimento da criança de 0 a 3 anos é levá-la ao pediatra e dar as vacinas regularmente. Aspectos importantíssimos relacionados ao vínculo afetivo e ao estímulo ao desenvolvimento, como brincar e passear, ficaram em segundo plano e foram apontados por apenas 19% dos entrevistados.

Um dado que também desperta a atenção é o uso da televisão como ferramenta de aprendizado por 55% das participantes do grupo de mães e gestantes e ainda maior, 65%, entre pessoas das classes mais altas (A/B). Não obstante, 66% da amostra nacional afirmaram acreditar que para estimular as crianças de 0 a 3 anos o mais importante é ter muito carinho dos pais, conversar, cantar e ler histórias.

Falando ainda da valorização da saúde, 69% dos 2002 entrevistados na segunda etapa afirmaram que o aspecto mais importante para o desenvolvimento do bebê durante a gravidez é a realização do pré-natal. Entre as gestantes e mães de crianças com até 1 ano de vida, 98% afirmaram terem ido a pelo menos uma consulta de pré-natal, sendo que a média é de sete consultas.

Também na área da saúde, o papel relevante do profissional foi comprovado no questionamento sobre a principal fonte de informação das mães. Da amostra nacional (2002), 71% entendem que as dúvidas devem ser esclarecidas pelo pediatra. A confiança nesse profissional cresce ainda mais entre as que têm maior escolaridade.

Parto

O parto normal foi apontado na pesquisa nacional como o preferido por 66% dos participantes, por permitir uma recuperação mais fácil. Porém, das 203 mães e gestantes ouvidas, pouco mais da metade (52%) conseguiu ter parto normal e a maioria das que passaram por cesárea afirmaram que a decisão partiu do médico.

E qual o papel do pai?

Entre os 2002 entrevistados da amostra nacional, o papel paterno é muito valorizado, tanto na gestação (80%) como na criação dos filhos (73%). Porém, a prática é diferente. Entre as mães e gestantes, apenas 41% afirmaram que os pais participam ativamente da gestação e 51% das grávidas vão sozinhas às consultas. Somente 47% dos pais atuam efetivamente na criação dos filhos, nos cuidados, nas consultas ao pediatra e nas vacinas.

Etapa Amostra e perfil
1ª etapa – qualitativa 6 grupos com a seguinte composição:

  • Mães de crianças com idade entre 0 e 3 anos
  • Gestantes
  • Classes sociais A, B, C e D
  • Nas cidades de São Paulo e Recife.
2ª etapa – quantitativa 2002 entrevistas pessoais e individuais em âmbito nacional com:

  • Homens e Mulheres
  • 16 anos ou mais
  • Classes A, B, C, D e E.
3ª etapa – quantitativa 203 entrevistas com:

  • Mães de crianças de até 1 ano
  • Entre 18 a 45 anos
  • Classes A, B, C, D e E.

Sobre a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal

Fundada em 1965, a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal tem na promoção integral do desenvolvimento da primeira infância (0 aos 6 anos de idade) seu principal foco de atuação. A entidade mantém diversos projetos de incentivo ao desenvolvimento das crianças nessa faixa etária, como projetos de intervenção social em municípios, incentivo a pesquisas, realização de cursos e workshops, elaboração de publicações, entre outras ações para expandir o conhecimento sobre a importância do desenvolvimento na primeira infância.

Site:www.fmcsv.org.br

Deixe um comentário