A pesquisa abre caminho para produção de alimentos que não causariam reações nos alérgicos à proteína do leite de vaca.
Uma tese de doutorado defendida pela pesquisadora Mariana Bataglin Villas Boas na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) mostrou que é possível modificar uma proteína do leite bovino, um dos alimentos que mais causam alergia em crianças.
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma reação pouco comum em adultos, mas bem frequente em crianças, especialmente em bebês. Os sintomas da alergia são vômito, diarreia, dor abdominal, prisão de ventre, dermatite, presença de sangue nas fezes, entre outros. Nesses casos, é preciso excluir completamente o leite de vaca e seus derivados da dieta da criança.
O que a pesquisadora descobriu recentemente em seus estudos é que é possível fazer uma alteração na formulação do leite de vaca usando substâncias menos nocivas para pessoas que tem essa reação imunológica.
A pesquisa envolveu a modificação estrutural de uma proteína chamada beta-lactoglobulina, existente no leite de mamíferos, exceto no de humanos, responsável por desencadear a reação alérgica. Em laboratório, foi feita a alteração dessa proteína com a polimerização por transglutaminase, em conjunto com a hidrólise por proteases. Com a associação desses tratamentos, a proteína deixa de ser alergênica.
O objetivo da pesquisa é possibilitar a fabricação de produtos alimentícios como leites, iogurtes e outros derivados, com novas fórmulas que possam ser consumidas por pessoas que apresentam sintomas dessa intolerância à proteína.