A dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória da pele, crônica, recidivante e que acomete, principalmente, crianças e adolescentes com história familiar de alergias respiratórias como rinite e asma ou quadros de eczema (dermatite). Pode começar em qualquer idade, geralmente após os três a seis meses de vida, mas tende à remissão antes da adolescência. Alguns trabalhos têm mostrado que vem aumentando a incidência de quadros de dermatite atópica se iniciando na vida adulta, mesmo após os 30-40 ou 50 anos.
O principal sintoma é o prurido (coceira) muito intenso e que piora à noite e é consequência, principalmente, da secura da pele, da perda de óleo e água e do processo inflamatório característico da doença. A coceira persistente é uma das mais importantes causas de comprometimento da qualidade de vida com mudanças do comportamento (irritabilidade, mau humor, intolerância, isolamento) e alterações da qualidade do sono.
O Dr. Evandro Prado, Coordenador do Departamento Científico de Dermatite Atópica da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), lista abaixo as principais dúvidas levadas pelos pacientes aos consultórios de alergistas e imunologistas. Confira as respostas:
1- A dermatite atópica é contagiosa?
Não é contagiosa. A dermatite atópica é uma doença inflamatória da pele, consequência de vários fatores como a genética e o ambiente.
2- Doutor, ouvi dizer que o leite piora a DA. É verdade?
Nos casos mais graves de dermatite atópica, principalmente nas crianças de baixa idade, podemos ter agravamento do quadro por sensibilização a alguns alimentos. Alergia para proteínas do leite de vaca podem ser um desses agravantes, mas são necessários exames laboratoriais para confirmar essa possibilidade ou mesmo relação causa e efeito, isto é, quando existe o relato de ingestão e piora da dermatite. Não devemos submeter crianças com dermatite atópica com uma dieta de exclusão sem ter certeza de que o alimento está relacionado à doença.
3- Por que uma pessoa com DA tem tantas infecções na pele?
As infecções cutâneas, principalmente por bactérias, são frequentes. Os estafilococos aureus são as bactérias que mais infectam a pele. Existem várias explicações, mas a mais importante é a falta de defesa ao nível da pele em algumas crianças. Eventualmente, infecções por fungos e vírus podem também estar presentes.
4- O que é o pijama molhado?
O pijama molhado é uma alternativa interessante para os casos moderados/ graves. Como fazer isso? Passar o hidratante à noite e, às vezes, associado ao corticoide tópico, e vestir um pijama molhado que deve ficar até o dia seguinte pela manhã. Importante: É recomendável usar um pijama seco por cima do pijama molhado para diminuir a sensação de frio ou para dar algum aquecimento à pele. Costuma melhorar muito, mas deve ser sempre uma conduta orientada pelo médico que faz o acompanhamento do paciente.
5- Qual hidratante é indicado para dermatite atópica?
Essa é uma pergunta muito frequente. A maioria dos hidratantes têm a função de repor o óleo e a água perdidos pela própria dermatite. Alguns irritam ou queimam a pele e têm que ser substituídos. Os mais caros não são necessariamente os de melhor resposta. Apenas o especialista, munido do histórico e exames do paciente, poderá indicar o hidratante ideal para cada caso.
6- É verdade que o paciente precisa ter cuidados diários com a pele? Quais são?
A dermatite atópica é uma doença muito complexa. Cuidados gerais são muito importantes. Como a pele está sempre irritada, pruriginosa e seca algumas recomendações são muito importantes:
– Usar roupas leves de algodão, evitar roupas colantes.
– Banhos mornos são permitidos e podem ser múltiplos, desde que se use hidratante logo após, com a pele ainda úmida.
– Explicar como é a doença e o que é preciso para controlá-la (adesão) é fundamental para o sucesso e a melhora do paciente.
7- Um paciente com DA pode entrar em depressão? Por quê?
A dermatite atópica é uma doença que compromete muito a qualidade de vida. O aspecto da pele e a intensa coceira podem levar o paciente ao isolamento social, causando dificuldade de conviver em grupo, acarretando um mau aproveitamento escolar ou no trabalho. Irritabilidade, mau humor, agressividade são algumas alterações comportamentais. A depressão e ansiedade podem acontecer principalmente nos casos mais graves, quando o paciente percebe que o tratamento não está melhorando o seu quadro.