Pais revelam ter memórias afetivas de quando eram crianças no momento em que estão lendo com seus filhos
“Enquanto lia para minha filha eu me emocionei muito porque a história do macaquinho me fez lembrar a minha infância e minha relação com o meu pai, que já faleceu. Que saudades da época em que eu era o macaquinho! Agora é minha vez de ser o pai…”. Essa fala, recheada de sentimento, é do pai da Ana Taveira Watanabe, de 2 anos e 7 meses.
Psicólogo, 39 anos de idade, Frank Hiromi Watanabe vai além em suas observações: “como pode um livro infantil mexer tanto com a gente?”. A explicação está justamente na memória afetiva. Ele conta que quando era criança os pais liam de tudo para ele, inclusive tirinhas de jornais.
E foi justamente pensando em iniciar a filha no mundo da leitura que Frank decidiu assinar o Clube Quindim, através do qual tem acesso mensalmente a títulos literários de acordo com a idade da Ana. Lendo para a pequena, ele percebeu como a leitura estimulava sua filha a associar imagens e palavras. “Eu gosto de fazer pontes entre a leitura e a realidade. Outro dia estávamos lendo um livro que falava sobre um pudim, aí no dia seguinte eu fui até a padaria e comprei um pudim (que ela nunca tinha comido) para mostrar para ela que era igual ao do livrinho”, conta.
Apesar da pouca idade, Frank diz que Ana se mantem bastante interessada no momento da leitura. “Muitas vezes terminamos de ler um livro e ela pede para ler novamente. Ou então lemos três ou quatro livros diferentes, um depois do outro”, diz.
Como parte do incentivo, Frank criou um cantinho dos livros em sua casa, que fica junto dos brinquedos. “Quando ela quer, ela pega e pede para ler”, explica.
Para Frank, a leitura é importante para o processo da fala. “No dia a dia o nosso vocabulário tende a ficar muito restrito porque falamos somente a respeito de coisas do cotidiano. A leitura acaba levando a criança a conhecer outras realidades, o que ajuda a aumentar o seu repertório verbal. No caso da Ana a gente percebeu que com a repetição ela passou a decorar as historinhas e hoje ela ‘faz de conta’ que lê para a gente”, explica.
Estudante, Aime relata a euforia da filha quando uma nova remessa de livros chega à sua casa. “A cada embalagem nova que chega, uma euforia doce, a cada livro lido, os olhinhos a brilhar de felicidade, e também novas descobertas, reflexões e curiosidades”, conta Aime que tem muitas memórias afetivas ligadas à leitura. “O livro Fios eu me apeguei, li e reli por vários dias seguidos, lembrei da minha avó materna, do carinho dela, do cheiro, de quando ela ficou encamada e eu, bem novinha, criança de ensino fundamental ainda, dava almoço para ela todos os dias antes de ir para a escola, além de ajudar nas práticas de fisioterapia”, conta a estudante.
E as lembranças da sua infância também vieram à tona com o livro O sonho que brotou. “Sou eu na infância, amava desenhar, desenhar de tudo, uma vez, bem novinha, fiz um desenho do nascer do sol de uma viagem que fiz com minha família e dei pra minha mãe, ela guarda até hoje, carrega com ela na carteira, eu tinha 4 anos. E a Elisa hoje também adora desenhar”, observa Aime.
Já Carolina Passig passou a assinar o Clube Quindim assim que a filha Elisa Passig nasceu. “Eu sempre soube que os livros têm o potencial de nos tornar seres humanos melhores e ao mesmo tempo trazem outro ponto de vista”, explica Carolina, que é leitora assim como o marido.
Da infância, Carolina lembra que os pais sempre quiseram que ela se divertisse sozinha, então a presenteavam com livros de literatura, mesmo não tendo o momento da leitura ao lado dos pais.
Carolina lê para filha desde que estava grávida e quando a pequena estava com pouco menos de um ano já frequentava as livrarias e manuseava os livros. “Ela tinha poucos meses e sabia manusear as páginas e isso a ajudou muito também na coordenação motora dela, além disso a fala dela é bem desenvolvida”, relata a mãe que conta que hoje, aos 2 anos e meio, a filha mesma escolhe o horário em que quer que leiam para ela. “Tem livros inteiros que ela já decorou, mas mesmo assim tem alguns que ela insiste na leitura como forma de reafirmar o que ela aprendeu”, conta Carolina que lê inclusive livros escritos em inglês, uma vez que a filha está sendo educada no sistema bilíngue.
Carolina também diz que leitura ajuda a filha a entender as emoções como medo, alegria, tristeza, através tanto da leitura quanto dos desenhos. “Uma coisa que eu gosto bastante no Clube é a educação inclusive da família, a gente vai aprendendo sobre apreciação estética, artes plásticas e literárias, literatura infantil e iniciar a criança nessa apreciação estética faz parte de uma educação artística que não tem preço. Às vezes, colocamos as crianças em várias atividades, mas aprender um montão é sentar com ela e ler o livro, conversar sobre um animal que está ali, sobre uma situação da história, então você consegue desenvolver a criança que de outra forma é mais difícil”, avalia Carolina.