Segundo o fisioterapeuta, a má postura e o sedentarismo podem ser causadores frequentes de dores de cabeça. Conheça mais sobre a dor de cabeça cervicogênica
Você sabia que problemas na coluna podem ser a causa das suas dores de cabeça? Se você costuma enfrentar dores de cabeça que se manifestam em um lado do rosto e se intensificam com determinadas posições ou movimentos do pescoço, é possível que esteja experimentando dores de cabeça cervicogênicas.
Bernardo Sampaio, fisioterapeuta e diretor clínico do ITC Vertebral de Guarulhos, explica sobre a frequência de consultas que recebe em seu consultório, advindas dessa condição. “Por diversas vezes, recebo pacientes em meu consultório que estão sofrendo de cefaléia cervicogênica, acreditando que estão, na verdade, com crises de enxaqueca ou confundindo com outros tipos de dor de cabeça.”
Mas afinal, o que é a dor de cabeça cervicogênica?
De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC), existem mais de 150 tipos de dores de cabeça e 15% a 20% delas são atribuídas a problemas na coluna cervical.
Segundo Sampaio, a dor de cabeça cervicogênica é uma forma de dor referida, caracterizada pela sensação de dor na cabeça originada a partir de uma fonte localizada no pescoço. Classificada como uma dor de cabeça secundária, muitas vezes é desencadeada por movimentos do pescoço ou posições que colocam pressão ou estresse na coluna cervical. Por exemplo, ficar muito tempo em uma posição ruim, como se sentar em frente ao computador por horas. No caso da dor cervicogênica, a causa reside em distúrbios que afetam a coluna cervical, envolvendo seus componentes ósseos, discais e/ou tecidos moles. Essa condição destaca a relação intrincada entre o pescoço e a cabeça, onde a manifestação da dor ocorre.
Ainda de acordo com o fisioterapeuta, os sintomas da dor de cabeça cervicogênica são convencionais, mas também podem variar caso a caso. “Em sua grande maioria, são sintomas clássicos, onde a dor piora com o movimento do pescoço ou reproduz o sintoma com o movimento do pescoço, geralmente ocorrem de forma unilateral no rosto e, em alguns casos, pode existir dor nas pálpebras ou então onde os pacientes chamam de atrás dos olhos”, explica.
Ele ressalta que é um sintoma de algo que não está em equilíbrio. O que muitas pessoas não têm conhecimento é que inflamações nas articulações, má postura e desvios na coluna vertebral podem ser causadores frequentes de dores de cabeça. “Na maioria das situações, quando alguém enfrenta uma dor de cabeça, é comum recorrer a um analgésico na expectativa de resolver o problema. No entanto, esse é um equívoco. O analgésico alivia o sintoma, mas não aborda a raiz da dor. Quando a dor persiste, é importante buscar avaliação de um especialista para investigar suas possíveis causas”, alerta.
“Distinguir essa condição de outras formas de dor de cabeça é fundamental para um diagnóstico preciso. Eu costumo falar que a dor cervicogênica é a dor de cabeça que o fisioterapeuta mais trata. Existem alguns testes específicos para avaliar qual tipo de dor o paciente está sentindo, como, por exemplo, o teste de flexão e rotação, onde o paciente está deitado, e o terapeuta realiza a flexão com a rotação da cabeça. Se este teste for positivo, o paciente vai reproduzir sintomas e ter perda de parte da mobilidade do lado correspondente à dor”, explica.
Após uma avaliação manual, o fisioterapeuta utiliza técnicas de fisioterapia para a coluna cervical superior, como mobilização articular e liberações miofasciais. É quando o tratamento passa a ser mais efetivo e começa a melhorar alguns sintomas, tanto da região sub-hospital, embaixo do crânio, como também na região muscular do trapézio, que é uma área que o fisioterapeuta posteriormente trabalhará para equilibrar muscularmente
Existe uma forma de prevenir? Sim!
O diretor clínico do Instituto ITC Vertebral, de Guarulhos, afirma que a maioria dos casos de cefaléia cervicogênica está relacionada a fatores passíveis de prevenção: “Para aqueles que utilizam o computador para trabalho ou estudo, a ergonomia deve ser uma consideração constante. Isso significa que a pessoa deve se atentar à escolha de móveis adequados, como mesa e cadeira, adotar uma postura correta e fazer pausas a cada 50 minutos”, aponta.
O especialista também orienta que a prática regular de atividades físicas contribui para a manutenção da saúde de ossos e músculos, prevenindo encurtamentos musculares, desgaste nas articulações, perda de flexibilidade, e oferecendo outros benefícios para a saúde em geral. “Gerenciar o estresse é outro aspecto importante para evitar problemas na cervical e em outros sistemas e órgãos do corpo”, finaliza
Fonte: Bernardo Sampaio – Fisioterapeuta pela PUC Campinas, possui especialização e aprimoramento pela Santa Casa de São Paulo e é mestrando em Ciências da Saúde pela mesma instituição. Atua como professor universitário em cursos de pós-graduação na área de fisioterapia músculo esquelética e é Diretor Clínico do Centro Especializado em Movimento (CEM), ITC Vertebral e Instituto Trata, de Guarulhos.