Qual brinquedo é o mais apropriado para o meu filho?

Listamos os brinquedos recomendados de acordo com a faixa etária

Em nossa última conversa falamos um pouco sobre a importância da brincadeira na infância.
Com a proximidade do Dia das Crianças vamos hoje pensar um pouco nas etapas do desenvolvimento e em quais são os interesses e brinquedos mais apropriados para cada faixa etária. Muito se fala sobre as datas comerciais e sabemos que muitas vezes há o “desejo” da criança em ter este ou aquele brinquedo anunciado ou apresentado pelo seu amiguinho(a) preferido(a), não é? Mas, é possível fazer a alegria da criançada com pouco dinheiro, um pouquinho de habilidade e criatividade. Mas, o essencial é entender as etapas em que se encontram para presentearmos com algo que não só eles sejam capazes de brincar e manipular, mas principalmente desenvolver habilidades motoras, cognitivas e sociais.
Piaget, em sua teoria cognitiva, descreveu as etapas de desenvolvimento das crianças, pré-adolescentes e adolescentes e suas características na evolução e construção do pensamento. Elas ilustram e direcionam a seleção.
A criança entre 0 e 2 anos, encontra-se no estágio sensório motor. Nesta etapa a aquisição do conhecimento acontece prioritariamente por meio dos sentidos. Por isso, a criança necessita tocar e levar tudo à boca. Essas ações acontecem ainda de uma forma reflexiva, não há intenção no ato. Vejamos em cada ciclo o que podemos observar nas crianças.
qual brinquedo é o mais apropriado para cada idade - Foto: Humano / freepik.com
 
•Do nascimento até 1 mês e ½
O bebê ainda não consegue segurar objetos intencionalmente, somente por reflexos. Nesta fase é importante estimular os sentidos cantando, abraçando e acariciando o bebê. Não há melhor brinquedo! Exagere nas fisionomias próximo ao rosto da criança. Demonstre alegria e satisfação. Toque! Acaricie! Acalante!
•De 2 a 4 meses
Nesta fase o bebê passa de um estado de quase inércia para as primeiras reações intencionais. Ele diverte-se quando é levado ao alto e gosta, ainda, de fixar o olhar em objetos atraentes e coloridos.
Sugestões de brinquedos:
– Brinquedos com texturas e formatos de fácil manipulação
– Móbiles
– Brinquedos que emitam sons (com guizos em seu interior, por exemplo)
 
• De 5 a 7 meses
O bebê já consegue ficar mais tempo fixando o olhar em um objeto. Volta-se para a direção de onde escuta algum som. O bebê já é capaz de emitir alguns ruídos com o intuito de chamar atenção. Aos 7 meses já atende se for chamado pelo nome. Nessa fase começa a se reconhecer separadamente dos pais, mas ainda não tem uma imagem corporal completa. Por isso é importante espelhos por toda parte, para que progressivamente reconheça sua imagem e comece a reconhecer o “eu”. Espelhos são importantíssimos para a construção da identidade, conhecimento da unidade.
 
Sugestões de brinquedos:
– Tapetes de atividades com sons e espelho
– Brinquedos que emitam sons
•De 8 a 10 meses
A criança já pode interagir com jogos simples e buscar por algum objeto de desejo. Gosta de bichinhos de pelúcia e bonecos. Livros plásticos para o banho também são uma ótima pedida. Tudo muito colorido.
Sugestões de brinquedos:
– Livrinhos de banho
– Jogos de interação do tipo que se aperta algum botão e há emissão de som
– Bichos de pelúcia e bonecos (exceto quando a criança tem alergia aos de pelúcia)
•De 11 meses a 1 ano
A linguagem está em pleno desenvolvimento. Já consegue concentrar-se por um pequeno período de tempo ouvindo uma história. Repete os sons que escuta. Gosta de reproduzir as palavras que aprendeu com o telefone ao ouvido, mesmo que por meio de balbucios ou entonações. Quando consegue equilibrar-se bem, a bola também é um elemento inseparável.
Sugestões de brinquedos:
– Livros com grandes figuras e pouco texto que retratem objetos de seu dia a dia: mamãe, papai, carro, mamadeira etc.
– Livros com fotos ou desenhos de bichinhos e de pessoas conhecidas (inclusive do bebê)
– Telefones
– Bolas
•De 1 ano a 1 ano e ½
Imita sons e reconhece objetos. Adora brincar de espalhar e guardar tudo, claro que a seu modo.
 
Sugestões de brinquedos:
– Caixote com objetos de formas geométricas. Cubos, círculos e triângulos de plástico ou feltro
– Potes e tampas
– Panelinhas
– Caixas organizadoras para auxiliar na classificação dos brinquedos
•De 1 ano e ½ a 2 anos
A criança já reconhece algumas cores e formas. Sabe procurar e encontrar objetos que guardou. Gosta de brinquedos que possa empurrar, puxar, encaixar e explorar com os dedos. Adora tentar descobrir como as coisas funcionam.
Sugestões de brinquedos:
– Brinquedos de montar
– Bichinhos de plástico
– Cubos com formas vazadas para encaixar peças similares
– Carrinhos e caminhões
– Chaves
Dos 2 aos 7 anos, a criança passa ao estágio pré-operatório, fase em que, via de regra, as crianças começam a frequentar a educação infantil. A criança acha (na verdade, tem certeza) de que é o centro do universo, é a fase do egocentrismo, tudo o que acontece ela acredita que é em função dela. As ações são irreversíveis. O raciocínio lógico ainda está em desenvolvimento. Ela não compreende as transformações, mesmo que ocorram na sua frente. A criança pode ver a mãe ou a professora colocar um fantoche de lobo em sua mão, mas a partir do momento em que o lobo veste a mão, imediatamente ganha vida. Aos poucos a criança se desenvolve, socializa, aprende o prazer em brincar com o outro e com isso seus interesses também vão se modificando.
 
•De 2 anos a 2 anos ½
Após os 2 anos a criança começa a descobrir o prazer em brincar com o outro. O egocentrismo começa a sair de cena e então a socialização mais intensa começa a fazer parte de seu cotidiano. Até os 2 anos e ½ a criança assimila centenas de palavras em pouco tempo. Já é capaz de construir frases simples completas. Reconhece cores e formas. Compreende perfeitamente o significado da palavra “NÃO”. Classifica formas, cores e espessuras.
Sugestões de brinquedos:
– Blocos lógicos – encontrados em lojas de brinquedos educativos. Possui quadrados, círculos, triângulos e retângulos nas cores primárias, com diferentes tamanhos e espessuras. Por meio de sua exploração, a criança aprende a classificar e evoluir em seu raciocínio abstrato analisando e comparando critérios.
– Blocos de madeira com diferentes formas e tamanhos para fazer torres e pequenas construções.
– Fantoches
•3 anos
Nesta fase, papais e mamães precisam ter bastante disponibilidade para responder a todos os questionamentos da criança – Como? Quando? E a preferida: Por quê? – Apesar da linguagem ainda estar em desenvolvimento, seu vocabulário já é bastante extenso. Consegue comunicar-se com perfeição. Sua coordenação fina está mais segura. É nesta fase que a lateralidade (destra ou canhota) normalmente se define.
Sugestões de brinquedos:
– Cubos de tecido, onde cada lado existe um treino motor como zíperes, botões e ganchos para abrir e fechar
– Cubos com tamanhos decrescentes e que encaixam-se um dentro do outro, para serem empilhados
• 4 anos
Agora, a criança apresenta maior coordenação global e consequentemente coordenação fina. Começa a se interessar por brincadeiras coletivas e demonstra maior equilíbrio.
Sugestões de brinquedos:
– Jogos em equipe com uso de bolas, arcos, cordas e bastões
– Bicicleta
– Trabalhos manuais, com tesoura de ponta redonda e sob superevisão de adultos
•5 anos
Destreza e motricidade já bem definidas. Descobre a satisfação em tentar resultados diferentes e conseguir realizar trabalhos esteticamente bonitos. A gama de opções cresce bastante. Torna-se mais sociável, descobrindo o prazer de brincar em grupo.
 
Sugestões de brinquedos:
– Modelagem em massinha, argila ou gesso
– Canetas e caderno de desenho
– Quebra-cabeças
– Pular corda
– Jogos coletivos com regras e objetivos mais elaborados
 
•6 anos
A criança já é capaz de realizar diversas tarefas sozinha: troca-se, escova os dentes, dá laço em tênis. Bastante independente, já conhece a função de cada objeto. O jogo simbólico está muito presente. O faz de conta deve ser explorado e estimulado. A tecnologia, TV, jogos eletrônicos, tablets, telefones e computadores são altamente encantadores nessa fase. O papel do adulto aqui é essencial para orientar e dosar o uso e acesso. As tecnologias fazem parte do cotidiano contemporâneo e são – também – ricas para desenvolvimento de raciocínio e estratégias. Todavia, nada em excesso é saudável.
 
Sugestões de brinquedos:
– Jogos eletrônicos
– Jogos em computador
– Bonecos e bonecas
– Carrinhos e outros meios de transporte
– Palavras cruzadas
– Jogos com figuras e letras que representem a letra inicial do objeto e outros que estimulem a consciência fonológica (relação letra/som) e identificação do alfabeto e palavras cotidianas.
Dos 7 aos 11 anos, a criança passa ao estágio operatório concreto. Ela consegue usar o raciocínio lógico para solucionar a maior parte de seus desafios diários, porém de uma forma bastante concreta. A abstração só ocorrerá no próximo estágio.
•7 a 9 anos
Raciocínio lógico pode ser usado quase em sua totalidade, permitindo o trabalho com jogos de estratégias simples.
Sugestões de brinquedos:
– Jogo da velha
– Jogo de damas
– Trilha
A partir dos 12 anos o estágio em que a criança se encontra é o operatório formal, onde o pensamento lógico, agora. sim, é utilizado em todas as situações de seu dia. Ou seja, a criança não precisa mais vivenciar concretamente uma situação para saber o que vai ocorrer. Ela já consegue inferir e saber a consequência de uma ação sem precisar tê-la experimentado.
•10 a 12 anos
Pensamento lógico desenvolvido em sua plenitude, pode-se usar jogos mais complexos e estratégias que necessitem de abstração.
Sugestões de brinquedos:
– Estratégias de guerra
– Batalha naval
– Jogos de tabuleiro que forcem cálculos, previsões, custos e lucros
– Jogos de conhecimento geral com perguntas e respostas das mais diversas áres de conhecimento.
Lembrem-se, cada criança tem um esquema corporal e emocional próprio, por isso podem ocorrer variações nas transições entre cada etapa.
Essa classificação proposta não pressupõe que um brinquedo seja abandonado ao evoluírem, mas sim quais as novas habilidades podem ser estimuladas.
A motricidade manifesta-se desde o nascimento. Ela acontece no sentido da cabeça aos pés. Por isso, o bebê – no início sem muitas reações, vai aos poucos fixando a cabeça, levantando o tronco, arrastando-se, engatinhando, sentando até a independência total ao andar por volta de 1 ano de idade. O papel dos pais, além de espectadores é prover um ambiente seguro para que esse crescimento se desenvolva. A brincadeira é vital e deve ser tratada com a devida importância, pois influi diretamente na saúde psicológica do bebê e da criança.
O desenvolvimento é contínuo, com diferentes ritmos em cada criança. Ele depende da maturidade do sistema nervoso central. A brincadeira desenvolve aptidões físicas, mentais e emocionais. Uma infância estimulante, com brincadeiras apropriadas a cada etapa de desenvolvimento, contribui para a formação de uma personalidade íntegra. Isso feito em um ambiente adequado e motivador estabelecerá a qualidade de experiências que serão vividas pela criança.
Sempre tenha o cuidado em observar se o brinquedo tem o selo do INMETRO e se é apropriado para a idade. Nunca adquiria brinquedos que tenham partes destacáveis (como olhos de bichinhos de pelúcia) ou ainda com parte pontiagudas e pequenas (uma dica é: sempre compre brinquedos que tenham peças maiores do que o pulso da criança).
Cordinhas para puxar brinquedos, também não são recomendadas.
Brincar não é brincadeira, é coisa séria!
Karen Kaufmann Sacchetto

Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento;Especialista em Distúrbios de Aprendizagem;Psicopedagoga;Pedagoga;Consultoria pedagógica e Tutoria ed...

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