O envelhecimento biológico é contínuo, irreversível e inevitável. Conforme o tempo passa nós adquirimos experiências e carregamos, nas linhas criadas pelas rugas, histórias que não caberiam em um livro. Portanto, envelhecer significa passar por desafios, principalmente na questão da saúde física e mental.
Uma das dádivas existentes na vida, que cabe como um elixir para terceira idade, é a família. Nesta fase, ter os netos alegrando os dias é fortalecer o espírito e até mesmo o sistema imunológico. Durante meus estudos sobre a Gelotologia (ciência que estuda o humor e o riso) foi identificado que cinco minutos de riso gera 45 minutos de bem-estar através do hormônio serotonina (conhecido como o “hormônio da felicidade”). O bom humor intensifica a funcionalidade do sistema cardiovascular e imunológico diminuindo dores. Dentre os participantes das pesquisas realizadas foi questionado o que fazia uma participante feliz e rir. A resposta foi: minha neta! Ela me faz rir sempre!
Em uma experiência pessoal, quando minha avó estava internada acometida por um adenocarcinoma moderado (câncer) localizado no intestino, sendo este metastático, durante o período de internação a mesma esbanjava felicidade e risos quando meus dois sobrinhos, crianças, estavam presentes para visitá-la. Pouco se queixava de dor, pouco questionava procedimentos e muito expressava felicidade. O mais incrível foi o efeito positivo, em uma fase mais avançada da doença, quando meu tio mostrou o bisneto por foto de celular e um lindo sorriso da minha avó se deu como resposta.
Os netos são como medicações naturais, não invasivas e sem contraindicação. Eles promovem exercícios ao chamar o vovô ou a vovó para brincar. Promovem risos com as peripécias feitas, frases engraçadas, falas e palavras ainda em sua fase de desenvolvimento e construção que proporcionam muitos risos e acima de tudo: muito amor!
O processo de aplicação da Gelotologia em idosos pode e deve ser utilizado de muitas formas, entre elas, os netos e netas que tanto divertem e facilitam maior liberação de serotonina.
Já abraçou seus avós hoje?
autoria: Allan Mazzoni é professor do curso de Enfermagem do IBMR, especialista em enfermagem oncológica, saúde mental e gerontologia, mestre em Enfermagem e doutor em Ciências