Uma das dúvidas mais comuns dos pais de primeira viagem é sobre os cuidados com a visão do bebê. Atualmente, as maternidades brasileiras realizam o chamado “Teste do Olhinho”, útil para detectar doenças oculares congênitas.
Porém, apesar de ser muito importante, este exame não identifica outros problemas na visão que podem surgir depois do nascimento. Por isso, o ideal é levar o bebê a um oftalmopediatra em seu primeiro ano de vida.
Segundo a oftalmopediatra, Dra. Marcela Barreira, especialista em Estrabismo e Chefe do Setor de Neuroftalmologia do Banco de Olhos de Sorocaba, o olhar de um médico especialista é fundamental. “As doenças oftalmológicas mais graves, como a catarata congênita e a retinopatia da prematuridade, por exemplo, podem ser detectadas na maternidade. Entretanto, o bebê pode apresentar outras condições ao longo do primeiro ano de vida, que precisam ser diagnosticadas e tratadas por um oftalmopediatra”.
Desenvolvimento da visão acontece até os 7 anos
“A primeira consulta com um oftalmopediatra também é importante para bebês sem nenhuma condição ou doença visual. Precisamos pensar no conceito de promoção da saúde. Iremos avaliar o bebê e orientar os pais sobre a higiene dos olhos, além de explicarmos como ocorre o desenvolvimento da visão”, cita Dra. Marcela.
A visão só estará totalmente desenvolvida por volta dos 7 anos de idade. Com isso, há vários cuidados que os pais precisam adotar para que este desenvolvimento ocorra de forma saudável. “Um ótimo exemplo é estimular a visão de longe para prevenir a miopia. Os casos deste erro refrativo vêm aumentando muito nos últimos anos, graças ao uso precoce e excessivo de tablets e celulares”, reforça a oftalmopediatra.
Com a ajuda da especialista, fizemos uma lista dos principais problemas da visão que podem afetar os bebês no primeiro ano de vida. Confira:
Obstrução do canal lacrimal: É um dos problemas mais comuns nos bebês, principalmente nos primeiros meses de vida. Cerca de 6% dos pequenos apresentam esta condição. Ela acontece quando há obstrução de uma membrana que liga o ducto lacrimal à cavidade nasal. Ou seja, as lágrimas permanecem nos olhos, levando a sintomas como lacrimejamento constante, acúmulo de secreção nos olhos, pálpebras coladas e irritação da pele.
Conjuntivite: As conjuntivites são muito prevalentes na infância, especialmente em bebês que vão para berçários ou escolas, precocemente. Podem ser virais ou bacterianas. Os sintomas são bem parecidos. Olhos vermelhos, secreção, dor, inchaço e coceira. Normalmente a conjuntivite afeta os dois olhos.
Alergia ocular: Alguns bebês podem apresentar, desde muito cedo, quadros alérgicos, como rinite e dermatite de contato. Isso significa que esses bebês são atópicos (alérgicos). Por isso, há um risco aumentado de desenvolver alergias oculares também. Os principais sintomas são coceira e vermelhidão nos olhos.
Estrabismo: O estrabismo atinge de 2 a 5% das crianças. O sinal mais evidente é o desvio dos olhos para dentro, em direção ao nariz, ou para fora, em direção às orelhas. O estrabismo pode surgir precocemente, nos primeiros meses de vida ou se desenvolver um pouco mais tarde.
Erros refrativos: Muitas pessoas desconhecem que bebês já podem nascer com altos graus de miopia, astigmatismo ou de hipermetropia, os chamados erros refrativos. Na primeira consulta com o oftalmopediatra é possível descobrir se algum deles está presente e prescrever óculos. Filhos de pais míopes, por exemplo, têm 50% de chance de ter miopia. Um dos sinais da presença de erros refrativos nos bebês é a sensibilidade à luz (fotofobia).
Retinoblastoma: É o tumor intraocular mais prevalente na infância. Segundo dados o Instituto Nacional do Câncer (INCA), corresponde de 2,5 a 4% de todos os tipos de câncer que atingem as crianças. Dois terços dos casos são diagnosticados antes dos dois anos de idade e 95% até os 5 anos. O principal sinal é o reflexo amarelo ou esbranquiçado que aparece em fotos, por exemplo.
“Como vimos, a promoção da saúde passa por consultas de rotina, como a primeira consulta do bebê com um oftalmopediatra. Quando há histórico familiar de estrabismo, alergia e erros refrativos, torna-se ainda mais importante consultar um especialista”, encerra Dra. Marcela.