O atraso na aquisição da fala pode ser devido a um atraso geral no desenvolvimento humano da criança, porém pode constituir um atraso específico no desenvolvimento da fala
No ano de 1959, o pesquisador Ingram analisou um grupo de 189 crianças que tinham um distúrbio na comunicação, Ingram encontrou nesse grupo 80 crianças com retardo na aquisição da fala. As crianças portadoras desse distúrbio possuem audição ‘normal’, inteligência dentro dos padrões de normalidade, porém podem apresentar um pequeno atraso no retardo no desenvolvimento da fala.
O retardo da fala é caracterizado pela presença de um vocabulário ‘pobre’, dificuldades em articular as palavras a serem pronunciadas, trocas e inversões de fonemas. Algumas crianças podem apresentar gagueira, porém a maioria delas falarão corretamente quando estiverem inseridas no contexto escolar (idade escolar), outras poderão apresentar dificuldades de aprendizagem que serão oriundas de transtornos (distúrbios), a exemplo da disgrafia e dislexia.
Algumas crianças falam como se tivessem idade inferior a que tem, isso ocorre devido à situação emocional em que elas se encontram, seja devido à superproteção dos pais ou por causa de alguma debilidade educacional ou até mesmo pela imitação da criança em relação aos pais, pois muitos adultos usam fala infantilizada para se dirigir a uma criança, já que os adultos acreditam que essa é mais uma das demonstrações de afeto.
A família deve prestar atenção aos indicadores de risco para o desenvolvimento linguístico. Em crianças com até 6 meses, elas não fixam o olhar, não giram a cabeça em direção ao som, não balbuciam, não possui variância na entonação da voz (alto e baixo), dificuldades no movimentação da língua, dificuldades com a deglutição etc. Dos 6 aos 12 meses, as dificuldades costumam ser em relação a não se reconhecer pelo apelido ou nome, não diz ‘mama’, ‘dada’ ou ‘papa’, não demonstram intenção em estabelecer uma comunicação etc.
Dos 12 meses aos 18 meses, as principais dificuldades consistem em não reconhecer nomes de objetos presentes no meio qual reside (ou que já está habituada) e não compreendem palavras simples, não consegue produzir palavras familiares, não produz verbos (por exemplo, não consegue falar palavras como cantar, dançar, comer etc.), não faz gestos simples como ‘tchau’ com ou sem acompanhamento da entonação da voz (da oralidade).
Entre os 12 meses e os 24 meses, as criança não compreendem frases de duas palavras, a exemplo de “lavar mãos”, não consegue se referir a um objeto caso ele não esteja em seu campo de visão, ou seja, só consegue se referir a um objeto que ela esteja vendo no presente momento, não produz frases simples com apenas duas palavras (ou seja, sua comunicação é por meio de palavras soltas e sem formar frases por mais simples e curta que seja essa frase) e costuma não fazer questionamentos aos pais.
É fundamental que os pais tenham preocupação com o desenvolvimento linguístico da criança, até porque a linguagem é um instrumento de mediação para que essa criança venha aprender e obter êxito no que ela tanto almeja. Além de que, é necessário que a família estimule sempre o desenvolvimento linguístico. Se a criança pronuncia uma palavra errada, os pais devem repetir a palavra, porém de forma correta, por exemplo, se a criança fala ‘dedeira’ os pais devem corrigir, repetindo e dizendo ‘mamadeira’, por mais afetuoso que seja falar com a criança de uma forma infantilizada – os pais devem evitar tal ação, pois é necessário que a criança compreenda que existe uma diferença entre a entonação da voz, pois assim além de contribuir com o desenvolvimento linguístico dessa criança contribui na percepção da mesma, em relação a si mesma e ao espaço.
Outro estímulo importante é saber fazer uso de atalhos como a leitura, filmes, músicas, isso irá auxiliar para que a criança descubra o prazer pelo estudo (a exemplo, a leitura de um livro) e também trabalhar noções de ritmo (a exemplo, da música que é um rico atalho para auxiliar a criança tanto na noção de ritmo, espaço etc). Enfim, são muitos os estímulos e atualmente possui muitos recursos para auxiliar o desenvolvimento da linguagem de cada criança.
Caso a criança possua algum indicador de risco é fundamental que os pais busquem conversar com um especialista para que juntos possam fazer um trabalho que venha beneficiar essa criança. Atualmente, os profissionais trabalham em multidisciplinaridade, portanto, um psicopedagogo irá trabalhar juntamente com um psicólogo, ou fonoaudiólogo e assim sucessivamente, pois esse apoio disciplinar está relacionado com a necessidade da criança.