Terapeuta ocupacional destaca estratégias para redução de estímulos nesse período
À medida que as festas de final de ano se aproximam, a alegria e a apreensão permeiam as famílias atípicas diante dos típicos barulhos festivos, luzes cintilantes, cheiros intensos e estímulos táteis. Para algumas crianças autistas, essas celebrações representam desafios significativos devido à sobrecarga sensorial, gerando desconforto. A sensibilidade sensorial é uma característica comum em pessoas com autismo, influenciando diretamente suas experiências diárias. Pode manifestar-se de diversas formas, desde desconforto causado por estímulos excessivos até preferências sensoriais relacionadas a atividades prazerosas, estimulantes ou calmantes.
Segundo Cristiane Oliveira, Terapeuta Ocupacional da Clínica Médica MedAdvance, as diferenças sensoriais abrangem uma ampla gama, incluindo hipersensibilidade a odores, sabores, texturas de alimentos, toques, ruídos altos, luzes intensas e até mesmo sensibilidade à luz solar ao ar livre. “As festas de final de ano representam um desafio para os pais atípicos e crianças autistas com hipersensibilidade auditiva. Os fogos, característicos do Réveillon, podem causar desconforto, levando a criança a mostrar-se assustada e até apresentar dores físicas devido ao barulho”, ressalta a especialista.
As ramificações dessas diferenças são tão variadas quanto suas manifestações. É crucial destacar que, dada a singularidade de cada pessoa com autismo, as formas de vivenciar estímulos sensoriais e seus impactos diários variam consideravelmente. “A intensidade dessas influências depende do grau de autismo e da rotina individual de cada pessoa. Crianças com autismo frequentemente experimentam essa sensação de desregulação, episódios de sobrecarga sensorial, que podem ser intensos. É preciso atenção a isso, especialmente no final do ano, pois muitas vezes, isso pode ser confundido com as famosas ‘birras'”, explica a terapeuta.
Miguel Ferreira, 5 anos, tem autismo moderado e é hipersensível a sons específicos, como fogos de artifício e eletrodomésticos. Sua mãe, Auricélia Ferreira, compartilha que, para as festas de fim de ano, as comemorações ocorrem dentro de casa ou na casa de amigos, onde o barulho é menor. “Mas já houve momentos em que ele ficou extremamente desconfortável, agitado, passou mal, sem conseguir expressar o que estava sentindo, pedindo para parar com o som de uma furadeira, por exemplo”, relata.
Para possibilitar a participação das crianças autistas na temporada festiva, Cristiane Oliveira, Terapeuta, sugere estratégias simples para reduzir estímulos excessivos e criar um ambiente mais acolhedor, tais como: usar máscara para os olhos, tampões ou fones de ouvido em situações de muito barulho; fornecer óculos escuros e bonés para momentos de muita claridade; escolher lugares mais tranquilos para festejar, evitando aglomerações, e oferecer a opção de afastar a criança, por alguns instantes, para um ambiente mais sossegado, permitindo que ela se autorregule.
Fonte: Cristiane Oliveira, Terapeuta Ocupacional da Clínica Médica MedAdvance