Ser mãe parece uma tarefa fácil para quem olha de fora, mas o dia a dia de uma mãe é uma batalha de ações e emoções
Ter filhos é uma das aventuras mais fascinantes da vida. Os filhos nos trazem um aprendizado e um tesouro de amor que nada mais no mundo traz. Ter um filho é ligar-se a um além de si mesmo, é uma conexão profunda com a Criação.
E ser mãe é quando tudo começa.
Mas convenhamos, ser mãe nos dias de hoje não é nada fácil. A cultura contemporânea não está para isso. Ser mãe é um desafio agora mais avassalador do que outrora. Pode haver quem discorde, já que atualmente temos a escolha do momento de engravidar, a opção de planejar o número de filhos, os suplementos todos que nos tornam mais aptas a gerar filhos saudáveis. Isso sem falar nas maravilhas das tecnologias médicas para termos bebês com características selecionadas, ou ainda possibilitar essa experiência em situações antes impossíveis.
Porém, os tempos mudaram. Ser mãe hoje implica numa conciliação bastante pesada de diversas funções simultâneas, entre trabalho doméstico, vida profissional e a criação dos filhos. Se antes, no tempo de nossas avós, não existiam as fraldas descartáveis ou papinhas prontas, hoje temos uma pressão cultural sobre as múltiplas facetas da identidade feminina. A realidade que nos circunda ficou muito mais complexa e, com isso, nossas cobranças também aumentaram.
Ter filhos é sempre uma experiência desorganizadora, que nos remete a emoções profundas e desconhecidas, guardadas em nosso inconsciente. E como a cultura em que vivemos afeta ou acolhe nossa trama de subjetividades, há muito o que pensar sobre a vivência da maternidade.
O individualismo excessivo de nossa era faz com que a tarefa de ter, cuidar e criar os filhos torne-se mais difícil. Ao mesmo tempo, as cobranças que recebemos/assumimos para desempenhar esse papel da melhor forma possível diante da enorme quantidade de informações são fonte constante de geração de angústias e ansiedades para a mãe moderna, além das ansiedades da própria condição de gerar filhos.
Hoje, também temos novos e diferentes laços familiares, em que nem sempre há uma rede de apoio em casa, como costumava haver nas famílias maiores do passado. Precisamos, então, recorrer a ajuda de terceiros, como babás ou berçários, e aprender a construir novos vínculos de confiança e solidariedade para dar conta da tarefa.
Não é fácil. Hoje a escolha pela maternidade implica em uma coragem e organização muito diferentes de outros tempos.
Tudo isso contribui para que a experiência da maternidade seja mesmo um enorme desafio. Por isso, parabéns para todas nós.
Em tempo: o papel do pai nessa trama logo mais, em outro artigo.