Setembro Amarelo é o termo usado para lembrar o mundo sobre a importância da prevenção do suicídio. E sempre que esta data surge, lembro-me da angústia sofrida pelas mulheres que enfrentam a depressão pós-parto
Mais do que isso, tenho nitidamente a imagem de um pai com depressão pós-parto me dizendo que não entendia por que passava por tantos sentimentos controversos num momento que deveria ser pura alegria, que é o nascimento de um filho.
Pois bem: a depressão pós-parto é uma realidade não devemos subestimá-la. Apesar de o puerpério – período estimado de 40 dias após o parto – ser de intensas variações hormonais, a ciência não atribui a depressão pós-parto apenas a essa questão orgânica. O problema é multifatorial e, segundo o Ministério da Saúde, nas mães, tem fatores de risco como quadros depressivos anteriores à gestação ou durante este período, falta de rede de apoio, violência doméstica, outros transtornos mentais e até quadros de depressão familiar. Já os pais, em geral, passam pela depressão pós-parto pelo medo de não saberem desempenhar bem o seu papel ou por problemas financeiros.
Segundo um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma em cada quatro mulheres brasileiras apresenta sintomas de depressão de 6 a 18 meses após o parto. Apatia, tristeza, distúrbios do sono, ansiedade, falta de apetite, angústia e sentimento de culpa por, muitas vezes, não conseguir cuidar do bebê como gostaria fazem parte do quadro. Se a doença não for tratada e avançar, pode surgir a chamada psicose pós-parto, que é mais comum em mulheres com bipolaridade e inclui sintomas como alucinações, confusão mental e agressividade, inclusive contra si mesma.
Ao menor sintoma de depressão, é preciso consultar um especialista. A mulher pode estar apenas passando pelo chamado Baby Blues, que é uma melancolia pós-parto e dura duas ou três semanas. Mas se o quadro não melhorar, busque ajuda. Depressão tem tratamento e é uma doença séria.