Para evitar a transmissão ao bebê a gestante contaminada deve efetuar tratamento em qualquer fase da gravidez.
A sífilis é uma doença infecciosa crônica e sistêmica, causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, patógeno exclusivo do ser humano. Pode acometer diversos órgãos ou tecidos, destacando-se a pele, ossos, mucosas, vísceras e o sistema nervoso central. O ginecologista Valdir Monteiro Pinto, da Sociedade Brasileira de DST’s, explica que a transmissão pode ser sexual e também vertical, que passa da mãe para o bebê durante a gestação caso não seja tratada e é chamada de sífilis congênita.
A doença tem fases sintomáticas e latentes com uma diversidade de sinais. “Os sintomas podem levar facilmente a confusão diagnóstica com várias outras doenças, o diagnóstico laboratorial tem grande importância e, às vezes, é a única maneira de identificá-la”, explica Dr. Valdir.
Ele ainda diz que, em 2010, a Organização Mundial da Saúde publicou estimativa de 11 milhões de casos novos de sífilis por ano no mundo, sendo 2,4 milhões para a América latina e Caribe.
Dr. Valdir explica que, após o contato sexual, em um período médio de 3 semanas, mas que pode ser de 10 a 90 dias, aparece a primeira lesão que é uma ulceração (ferida) chamada de cancro duro. “Geralmente, essa lesão é única, pouco dolorosa, com base endurecida, bordas bem delimitadas e irá desaparecer com ou sem tratamento, o que não significa cura”.
No homem aparece com maior frequência na glande (cabeça do pênis) e sulco bálano-prepucial. “Já na mulher em pequenos lábios, paredes vaginais e colo uterino. Pode aparecer também na região peri anal e boca. Essa é chamada de fase primária da sífilis”, explica o médico.
Após um período médio de 6 a 8 semanas, sem tratamento, podem surgir lesões de pele e mucosas que são as roséolas, sifílides. Também pode ocorrer queda de cabelo em tufos e o condiloma plano, podendo ser acompanhados de febrícula, cefaleia (dor de cabeça) e adinamia (fraqueza muscular). “Essas lesões também desaparecem mesmo sem tratamento. Essa é chamada de fase secundária da sífilis. Segue-se um período onde não se observam sinais nem sintomas clínicos, com duração variável”, conta Dr. Valdir.
Depois de 3 a 12 anos de infecção, podem surgir lesões cutâneo-mucosas (tubérculos ou gomas), neurológicas e cardiovasculares (aneurisma aórtico). Essa é chamada de fase terciária da sífilis. O médico explica que o tratamento é realizado com antibiótico e depende da fase clínica da sífilis.
Gestantes devem realizar sorologia para sífilis (exame de sangue), pois a transmissão materna pode ocorrer em qualquer fase da gestação e, se ela não for tratada, pode ocorrer abortamento espontâneo, morte fetal, prematuridade e recém-nascidos sintomáticos. “A gestante deve ser testada para sífilis durante o pré-natal, na primeira consulta e no início do terceiro trimestre. A única forma de evitar a transmissão para o bebê (sífilis congênita) é pelo tratamento, que pode ser realizado em qualquer fase da gravidez”, finaliza Dr. Valdir.