No último dia 22 de julho foi sancionada a Lei 14.420 que institui a Semana Nacional de Conscientização do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH, a ser realizada no período que abrange o dia 1º de agosto de cada ano.
O TDAH é um transtorno neurobiológico de causas genéticas que aparece na infância e acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Identificado através de sintomas como desatenção, inquietude e impulsividade, acomete tanto crianças quanto adultos. De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, a prevalência do TDAH gira em torno de 3 a 5% da população infantil do Brasil e do mundo. Nos adultos, essa prevalência é de 4%.
As pessoas que convivem com o TDAH precisam de tratamento e acolhimento porque podem se sentir rejeitadas e ter a autoestima abalada devido aos seus sintomas. Com diagnóstico e tratamento adequado é possível elas tenham rendimento e uma boa qualidade de vida, por isso é importante a criação de uma lei instituindo uma semana de conscientização sobre o tema para mostrar a necessidade e urgência da conscientização sobre esse transtorno.
A divulgação dos sintomas do TDAH e de informações sobre seu impacto no dia a dia irá fazer com que muitas pessoas, após identificarem seus sintomas, busquem o tratamento cabível. Muitos indivíduos passam a vida inteira lidando com os sintomas e prejuízos causados pelo TDAH sem saber que eles são em decorrência de um transtorno mental de origem genética.
Atualmente, estima-se que no Brasil exista mais de 2 milhões de pessoas com TDAH. Entretanto, é consenso que esse número é muito superior ao apontado por ser um transtorno que não traz marcas visíveis no corpo.
Pode parecer inconcebível uma pessoa ter a vida totalmente afetada por um transtorno mental e não saber que o tem, mas isso ocorre pelo fato dos sintomas do TDAH estarem relacionados às emoções e sentimentos, características e ações que todos os indivíduos têm e que podem estar associadas a algum momento da vida. Eles se tornarão sintomas de um transtorno mental em função da frequência e intensidade e pelo prejuízo que passam a trazer em decorrência disso.
Precisamos também conscientizar as pessoas sobre outros dois fatores importantíssimos associados ao TDAH: a alta taxa de hereditariedade (mais de 75%) e a presença de comorbidades associadas (80% terão ao menos um outro transtorno e 50% terão mais de um transtorno associado ao TDAH), ou seja, se você tem TDAH, muito provavelmente seu filho também terá. Se seu filho está sendo diagnosticado com TDAH, é aconselhado você verificar se as características do transtorno não estão presentes mesmo que se apresentem de forma diferenciada na vida adulta.
Após o TDAH ser diagnosticado é fundamental verificar a existência de outras características que não estão associadas ao transtorno pois podemos estar lidando com uma ou mais comorbidades.
A conscientização dos sintomas e prejuízos do TDAH, a possibilidade dos pais ou filhos também terem o transtorno, a verificação da existência de comorbidades associadas à ele, além da divulgação dos tratamentos possíveis, dos direitos, acomodações e adaptações necessárias na escola, podem, literalmente, mudar e salvar vidas.
Fonte: Neuropsicopedagoda, Keila Cricralla é pós-graduada em Neurociências Pedagógicas e em Educação Especial. Especialista em Funções Executivas, também possui doutorado em Direito;