Santa Casa de São Paulo – Instituição é pioneira em adotar a hipotermia terapêutica para favorecer a sobrevivência e desenvolvimento neurológico.
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Em parceria com a BD, Santa Casa implantou o ArcticSun para melhor controle do resfriamento corporal dos pacientes
A asfixia perinatal é uma condição que acomete recém-nascidos que apresentam dificuldades na oxigenação durante o trabalho de parto ou após o nascimento. Estima-se que, aproximadamente, 20 mil crianças nasceram com falta de oxigenação no cérebro em um período de 12 meses, no Brasil¹. Esta condição pode oferecer riscos de lesões irreversíveis do sistema nervoso central, ocasionando comprometido motor, surdez, cegueira, dificuldades ao deglutir ou até mesmo a morte.
A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo é pioneira ao incluir em sua rotina de atendimentos o protocolo de hipotermia terapêutica para favorecer a sobrevivência e o desenvolvimento neurológico de recém-nascidos². Esta técnica aplicada na unidade de tratamento intensivo do hospital visa induzir o resfriamento controlado da temperatura corporal do recém-nascido para preservação do sistema nervoso central.
Cerca de 23% das crianças que evoluem para a asfixia perinatal têm chances de evoluir para o óbito4. De acordo com Dr. Maurício Magalhães, chefe do Serviço de Neonatologia da Santa Casa, a hipotermia é uma técnica neuroprotetora que deve ser iniciada em até seis horas após o parto para que recém-nascido não desenvolva um quadro de encefalopatia hipóxico-isquêmica, que é quando há interrupção global do fornecimento de nutrientes ao encéfalo, principalmente oxigênio e glicose, levando à lesão irreversível.
A atendente Camila de Souza Lima Trindade teve uma gestação muito tranquila e seguia à risca o pré-natal de sua filha Pietra, que hoje está com quatro meses de vida. Contudo, ao completar as 38 semanas, foi surpreendida com uma dor intensa devido a um descolamento de placenta, precisando fazer uma cirurgia cesariana de emergência.
“Fui para o centro cirúrgico porque não tinha passagem para a bebê. Quando a Pietra nasceu os médicos estranharam porque ela não chorava e, imediatamente, perceberam que estava com asfixia. Eu estava desacordada, mas a médica me contou que eles ficaram 12 minutos na reanimação e depois a levaram para a UTI”, conta Camila. “A Pietra ficou na hipotermia pelo período de 72 horas e evoluiu muito bem. O resfriamento foi essencial para salvar minha filha”, complementa.
Resultados de um estudo conduzido pela Santa Casa³ mostram que a adoção do protocolo de hipotermia terapêutica é uma abordagem eficaz, segura e viável. Para que o procedimento tenha sucesso, a temperatura corporal deve ser mantida entre 33° e 34° pelo período de 72 horas.
Antigamente, os primeiros procedimentos de hipotermia eram realizados com bolsas de gelo. Entretanto, desde o ano de 2017, o hospital implantou em sua rotina a tecnologia ArcticSun, um sistema avançado de controle de temperatura que se destaca pela capacidade de monitorar e controlar a temperatura corporal de maneira precisa e não invasiva, além de oferecer programação automática e segura de hipotermia e normotermia. Esta tecnologia foi desenvolvida pela BD, uma das maiores empresas de tecnologia médica no mundo, e doada à Santa Casa de São Paulo.
Diferentemente das bolsas de gelo em que o corpo pode demorar a alcançar a temperatura de 33ºC a 34ºC, além de apresentar possíveis oscilações, o ArcticSun faz o controle automático da temperatura da água circulante no equipamento para que seja atingida ou mantida a temperatura alvo predefinida do recém-nascido.
“Nós da BD estamos comprometidos com o desenvolvimento e oferta de soluções inovadoras que possam oferecer mais saúde e qualidade de vida para a população. E esta parceria com a Santa Casa de São Paulo nos enche de orgulho e nos estimula a seguir impulsionando o mundo da saúde para salvar vidas”, afirma Juliano Paggiaro, CEO da BD.
Iniciativas como essas podem reduzir em até 15% a taxa de mortalidade e incapacidade neurossensorial5 causada pela asfixia perinatal. Para chamar a atenção para os cuidados com os pacientes desta condição, todos os anos a Santa Casa e o Instituto Protegendo o Cérebro e Salvando Futuros realizam ações de conscientização que defendem a adoção de novas políticas públicas para a prevenção da asfixia perinatal, que pode ser diagnosticada em consultas durante a gestação. “Apesar de não ser possível prever todos os casos, muitos deles podem ser evitados com pré-natal adequado e identificação do paciente de risco”, explica Dr. Maurício.
“Minha filha ficou um mês na UTI e hoje é uma criança saudável, que faz acompanhamento médico e fisioterapia. O meu desejo é que mais hospitais também disponham desse equipamento para que possam salvar a vida de mais crianças”, finaliza Camila.
Fonte: Dr. Maurício Magalhães, chefe do Serviço de Neonatologia da Santa Casa de São Paulo