Revisão publicada em setembro no período cientifico Cochrane Database of Systematic Reviews mostrou que programar a relação sexual com base em testes de ovulação de urina pode melhorar as chances de gravidez em mulheres abaixo dos 40 anos que estão tentando engravidar há menos de 12 meses.
Para que a gestação aconteça, a relação sexual deve ocorrer em uma curta janela de tempo de cerca de cinco dias conhecida como período fértil. “Os dias mais férteis de uma mulher são os dois dias anteriores ou posteriores à ovulação. Isso porque enquanto um óvulo sobrevive apenas cerca de 24 a 48 horas após a ovulação, o espermatozoide é capaz de sobreviver em seu corpo de três a cinco dias, logo, pode estar esperando até que o óvulo seja liberado pelo ovário. Portanto, quando a relação sexual é realizada até cinco dias antes da ovulação, ainda há chance de concepção”, diz o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo. Para descobrir o período fértil, é importante então adotar estratégias para identificar a ovulação e, assim, aumentar as chances de gravidez. E, segundo uma revisão publicada em setembro no período cientifico Cochrane Database of Systematic Reviews, programar a relação sexual com base em testes de ovulação de urina pode melhorar as chances de gravidez em mulheres com menos de 40 anos que estão tentando engravidar há, no máximo, 12 meses, em comparação com a prática de relações sexuais sem a previsão da ovulação.
O Dr. Rodrigo Rosa explica que existem algumas maneiras de prever a ovulação. “O estudo se refere aos dispositivos de monitoramento da fertilidade, que funcionam de maneira semelhante aos testes de gravidez, com um bastão em que a mulher urina e é capaz de ler hôrmonios, como um tipo de estrogênio ou o hormônio luteinizante (responsável pela ovulação), para indicar a janela mais fértil. Mas, além disso, é possível realizar ultrassons para identificar o momento em que o óvulo é liberado ou então usar métodos de percepção da fertilidade, como o calendário menstrual e o reconhecimento de sintomas associados à óvulação, incluindo alterações na temperatura corporal e no muco cervical”, lista.
Após uma revisão que incluiu sete estudos controlados e randomizados com 2.464 mulheres ou casais que estavam tentando engravidar, os pesquisadores observaram que programar a relação sexual em torno do período fértil usando um teste de ovulação de urina pode aumentar as chances de gravidez entre 20% e 28%, contra 18% sem o uso de testes de ovulação de urina. Isso foi especificamente constatado em mulheres abaixo dos 40 anos tentando engravidar há menos de 12 meses. “A descoberta de que um teste de urina simples e acessível pode aumentar as chances de concepção é bastante empolgante, pois concede aos casais mais controle sobre a fertilidade e reduz a necessidade de investigações sobre a infertilidade. E é especialmente surpreendente pelo fato desses testes estarem disponíveis já há algum tempo”, destaca o médico.
Mas os pesquisadores ressaltaram que, na revisão, não havia evidências suficientes para concluir o efeito dos outros métodos, como o uso de ultrassom e dos métodos de percepção da fertilidade. “Porém, sabemos que esses métodos têm desvantagens. O ultrassom, por exemplo, não é tão facilmente acessível quanto os dispositivos de monitoramento da fertilidade. Já o uso do calendário depende de um ciclo menstrual bem regulado, o que não é verdade para muitas mulheres, que apresentam variações mês a mês. E os sintomas relacionados à ovulação não são tão óbvios, além de nem todo mundo receber os mesmos sinais. Então, os testes de urina tendem a ser mais confiáveis”, pontua o especialista.
O Dr. Rodrigo Rosa ainda ressalta que os resultados do estudo são específicos para mulheres com menos de 40 anos tentando engravidar há menos de 12 meses. “Sabemos que, após os 40 anos, há uma queda significativa da fertilidade feminina e as chances de gravidez são drasticamente reduzidas. Além disso, tentar engravidar por mais de um ano sem sucesso, apesar das relações sexuais regulares, configura infertilidade. Logo, o mais importante é buscar um especialista em reprodução humana, que poderá realizar uma avaliação para diagnosticar o problema corretamente e assim recomendar o melhor tratamento para o seu caso”, finaliza
Fonte: DR. RODRIGO ROSA – Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa