Tomar Ácido Fólico realmente Ajuda nas Chances de Gravidez?

Ácido fólico deve ser ingerido por tentantes para ajudar a prevenir algumas malformações do feto, mas, ao contrário da crença popular, não existem evidências de que ele seja capaz de melhorar a fertilidade.

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Quando estão tentando engravidar, muitas mulheres ouvem conselhos para começar a tomar ácido fólico, uma vitamina hidrossolúvel do grupo B (mais especificamente a B9) que contribui para a produção de glóbulos vermelhos e transporte de oxigênio para todas as partes do corpo. Porém, é importante reforçar que não há evidência de que o ácido fólico trate a infertilidade.

Apesar disso, ele tem uma recomendação científica importante para prevenir algumas malformações do sistema nervoso central do feto, contribuindo para o nascimento saudável do bebê, então realmente é recomendado que seja ingerido por tentantes, de preferência na sua forma ativa, chamada metilfolato, que tem melhor absorção.

É aconselhado que o metilfolato seja ingerido até três meses antes da gravidez para evitar defeitos na formação do sistema neurológico do feto, pois atua nessa etapa inicial da gestação. Ele deve ser usado por todas as gestantes junto a uma série de outros nutrientes que podem ser recomendados para nutrir o corpo da mulher e o feto, como ferro, iodo, ômega-3 e vitamina D.

Embora seja encontrado em uma variedade de fontes naturais de alimentos, principalmente em vegetais de folhas verdes e grãos integrais, o ácido fólico deve ser suplementado em gestantes, pois essa é a maneira mais fácil de obter a quantidade certa, que, para mulheres tentando engravidar ou durante as primeiras 12 semanas de gravidez, é de 400 mcg por dia.

Vale ressaltar que o ácido fólico é considerado muito seguro, sendo extremamente raro atingir um nível tóxico ao comer folato de fontes alimentares. Apesar disso, quantidades diárias maiores do que 1.000 mcg por dia só devem ser tomadas sob supervisão médica.

Porém, caso a questão seja a dificuldade de conquistar a gravidez, é preciso ficar claro que não adianta apostar as fichas no metilfolato, pois ele não é indicado para esse fim. O ideal, nessas situações, é buscar um especialista em reprodução humana, que poderá fazer uma avaliação e verificar qual a causa da infertilidade, que são muitas.

As doenças mais comuns que causam a infertilidade na mulher são as alterações nas tubas uterinas, como as sequelas de doenças sexualmente transmissíveis ou a endometriose, que também impacta na qualidade dos óvulos, na chance de fertilização e na implantação do embrião no útero. Temos ainda os distúrbios ovulatórios, nos quais a mulher não ovula regularmente, especialmente nos casos da síndrome dos ovários policísticos. E é preciso citar também a questão da idade da mulher, que atrapalha tanto na qualidade quanto na quantidade dos óvulos.

Consideramos como infertilidade quando o casal está há um ano tentando engravidar sem sucesso, mantendo relações sexuais no período fértil e não está usando nenhum método contraceptivo. No entanto, quando a mulher tem mais do que 35 anos, nós consideramos infertilidade quando esse período de tentativas é superior a seis meses apenas.

Dependendo da causa, o médico poderá recomendar algum tratamento específico. De maneira geral, existem dois principais: a inseminação intrauterina e a fertilização in vitro.

A inseminação intrauterina é um tratamento mais simples, em que verificamos alguma dificuldade de ovulação que pode ser corrigida com uso de alguns medicamentos ou quando há alteração seminal leve. Na inseminação é obrigatório que a mulher tenha as suas tubas uterinas normais e que o sêmen do seu marido tenha uma qualidade e quantidade minimamente aceitáveis.

Já quando falamos da fertilização in vitro, nos referimos a um tratamento um pouco mais sofisticado, que vai necessitar de uma ajuda laboratorial mais importante. Na fertilização in vitro encontramos diversas indicações, tanto como a idade da mulher, endometriose, alterações nas tubas uterinas, baixa qualidade ou quantidade do sêmen, entre outras.

Colunista – Dr. Fernando Prado – Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.

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