De acordo com a Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, ao nascimento, uma em cada mil crianças tem perda auditiva permanente significativa.
Quando se fala em perda auditiva leve, são seis em mil. Já aos 18 anos, a estimativa sobe para 17 em mil com algum grau de perda auditiva. O médico otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros, da capital paulista alerta que nos primeiros dois anos de vida da criança é essencial detectar qualquer dificuldade para ouvir, já que essa é uma das principais causas do atraso no desenvolvimento da fala e da alfabetização.
Dr. Bruno explica que apesar de o atraso ou dificuldades na fala, além da falta de diálogo, serem os sinais mais importantes de perda auditiva, muitos pais relacionam esses problemas a outros distúrbios e só buscam tratamento quando novos sintomas começam a surgir. “Diagnósticos equivocados e o costume de esperar que a criança desenvolva o diálogo naturalmente podem acarretar danos irreparáveis na infância e até na vida adulta; além de atrasar a reabilitação do déficit auditivo. Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de desenvolvimento da criança, além de melhores resultados no processo de tratamento que possibilitam que o desempenho comunicativo seja alcançado mais rapidamente, muito próximo ao de crianças ouvintes”, explica e acrescenta “a perda auditiva pode ser diagnosticada com uma audiometria, um exame simples que detecta a doença em até 90% dos casos, dependendo da idade e da colaboração da criança”.
Mesmo que a criança, quando recém-nascida, tenha passado pelo Teste da Orelhinha sem apresentar alterações, ao menor sinal de dificuldade na fala é importante que ela seja submetida a novos exames, pois a perda auditiva pode ser genética ou progressiva, ou mesmo ser causada por medicamentos ototóxicos ou por infecções, como sarampo, rubéola e meningite, se manifestando, portanto, ao longo da infância. Exames como o PEATE (Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico), também conhecido como bera, e a EOA (Emissão Otoacústica) podem detectar o grau de perda auditiva, servindo como ponto de partida para que o médico otorrinolaringologista indique o tratamento mais adequado para cada caso.
“O processo de maturação do sistema auditivo central ocorre durante os primeiros anos de vida. Por isso, a estimulação sonora neste período de maior plasticidade cerebral é imprescindível, já que para o aprendizado da linguagem oral e, consequentemente, o desenvolvimento intelectual, emocional e de habilidades, é preciso que as crianças interajam com seus interlocutores e, assim, estabeleçam novas conexões neurais. É importante enfatizar também que há diferenças entre ouvir e escutar. Os sons que entram pelos ouvidos precisam fazer sentido, ter significado”, pontua o otorrino.
Com o passar dos anos, por causa da falta de diálogo com outras pessoas, a perda auditiva afeta a socialização e a autoestima das crianças e também pode prejudicar bastante seu desenvolvimento cognitivo e alfabetização. “Não é raro que pessoas que só identificam a perda auditiva na universidade e descobrem que problemas de aprendizagem e até mesmo o déficit de atenção diagnosticado na infância eram, na verdade, oriundos de dificuldades para ouvir”, finaliza o médico.
Fonte: médico otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros,