O risco maior é para crianças e idosos, que tem que usar produtos específicos
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Ao vivenciar este período de epidemia de dengue, a população busca várias formas de se proteger contra o Aedes aegyptii, mosquito transmissor do vírus responsável por provocar a doença da Dengue. Entre as inúmeras formas de proteção utilizadas pela população está o uso de repelentes, incluindo aqueles elaborados a partir de fórmulas caseiras disseminadas pela internet. Segundo o professor de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, André Moura, a divulgação de receitas alternativas nem sempre resolve e pode causar outros problemas de saúde, além de não proteger a pessoa contra o mosquito transmissor da doença. Ele faz um alerta especialmente para os pais, para que não usem produtos inadequados em crianças, sob o risco de promover reações alérgicas ou outra situação mais grave.
“As pessoas encontram na internet a indicação de receitas caseiras de repelentes que não possuem qualquer estudo que indique sua eficácia e segurança. Esse é um momento muito importante para desmistificar essas situações ou produtos popularmente utilizados e descritos como forma de prevenção contra o mosquito da Dengue, mas que por não existirem comprovações cientificas não passam de mito”, alertou.
Para ele, usar apenas o uso de repelentes certificados pela Anvisa ou adotar os cuidados adequados com o ambiente onde o mosquito possa se reproduzir podem ajudar na luta contra o inseto e a doença. O uso de suplementos vitamínicos, como é a crença popular, como as vitaminas do complexo B, além da adoção de vasos de plantas como a Citronela ou a dica do vinagre ou macerações de cereais com álcool, além de não resolverem podem deixar a população mais exposta à doença.
Segundo André Moura, misturar ingredientes naturais em cremes hidratantes também pode causar problemas. “Escutamos histórias sobre macerar, amassar cravo, canela, lavanda ou melaleuca, entre vários outros produtos de origem vegetal, a compostos diversos, como cremes para hidratação de pele. Nesses casos pode ser que a composição final não possua a quantidade adequada de ativo que vai promover o efeito de repelência. Então, o usuário estaria, sem dúvida alguma, desprotegido. E, não sabendo quais são os componentes da formulação, ele corre um grave risco de desenvolver um problema de pele, como uma reação alérgica, entre outras situações mais severas”, explicou o professor.
De acordo com Moura, os repelentes que são liberados pela Anvisa contêm substâncias ativas como, por exemplo, a Icaridina, o DEET e o IR3535 em quantidades adequadas para promover o efeito de repelência e principalmente garantir segurança ao usuário.
Repelentes com IR3535 são os mais indicados e liberados pela Anvisa para uso em crianças de 7 meses até 2 anos de idade, desde que utilizados uma vez ao dia nesses indivíduos. “Os demais não são adequados para crianças menores de dois anos de idade”. Para crianças acima de dois anos, os produtos que contêm DEET podem ser utilizados desde que possuam concentrações inferiores a 10%. Por isso, os pais devem observar os rótulos na hora da compra e verificar se o produto permite ou não o aplicá-lo em crianças e se há alguma restrição quanto à idade.
Da mesma maneira, deve-se tomar cuidado com o uso desses produtos em gestantes. De acordo com a Anvisa, todos os produtos, desde que registrados, são seguros. Porém, ainda assim vale a ressalva sobre as indicações contidas no rótulo.
O professor do Centro Universitário São Camilo também explicou que essas informações aos pais são importantes porque as crianças possuem uma pele mais fina e sensível, além de menor peso e altura, então, se utilizarmos o produto de adulto na criança, ela vai receber uma dose muito elevada”. De acordo com ele, tanto faz o tipo de aplicação, seja ela em forma de cremes, loções e sprays ou soluções. Essas formulações possuem a mesma eficácia, o importante é conferir o percentual dos componentes.
Para os adultos, esses produtos com mais concentração, principalmente com a substância DET, podem chegar entre 20% e 30% de concentração dos ativos.
Em relação à idade, além das crianças, os idosos também podem apresentar necessidades especiais, pois também possuem pele mais sensível e mais pré-disposição a desenvolver reações alérgicas.
Outra dúvida que surge é quanto à forma de utilização dos repelentes. O professor Moura esclarece que o mosquito normalmente está em mais atividade no período da manhã, entre 7 e 10 horas, e depois à tarde, normalmente das 15 às 19 horas, mas que esse comportamento pode mudar de região para região e em lugares fechados ou ambientes abertos. Assim, o repelente deve ser principalmente utilizado nesse período, respeitando o número máximo de até três vezes ao dia para adultos e de duas para crianças acima de 2 anos e uma vez para menores dessa idade. Ainda, as áreas a serem protegidas pelo repelente devem ser aquelas não cobertas pelas roupas, ou seja, as expostas ao ambiente. Caso o usuário utilize protetor solar e/ou maquiagem, o repelente deve ser o ultimo a ser passado por cima desses anteriores.
Em relação à questão da repelência de ambiente, existem três principais produtos químicos: repelentes eletrônicos, espiral e inseticidas em forma de spray. Independente do produto utilizado é importante que se mantenha boa ventilação do ambiente para evitar intoxicação ou desenvolvimento de quadros alérgicos. Recomenda-se que os dispositivos eletrônicos sejam mantidos a uma distância mínima de 2 metros dos usuários, e que ao se utilizar os dispositivos spray, que ninguém além de quem aplicará o produto, se mantenha no ambiente no momento ou ao menos 5 minutos após a aplicação. Em caso de acidentes, que não sejam administrados ou ingeridos quaisquer tipos de líquido ou que seja provocado vômito, mas deve-se retirar a pessoa para um local arejado, lavar a pele ou o local afetado com água em abundância e se dirigir a um pronto-socorro ou outro serviço de Saúde mais próximo.
Fonte: Professor de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, André Moura