Imunização está disponível no SUS para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos e para adultos até os 60 anos
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Vinte e um municípios de São Paulo decretaram situação de emergência por conta do aumento de casos de dengue. Além de evitar focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, a infectologista Fátima Porfírio, do Hospital e Maternidade Sepaco, referência em atendimento materno-infantil, diz que é fundamental que a população se vacine. Como o vírus 3, subtipo que não circulava há 17 anos, está desencadeando a maior parte dos casos, há muita gente suscetível a ele, principalmente os menores de idade.
“O que preocupa é o ressurgimento desse vírus que não circulava no país desde 2008, atingindo pessoas mais suscetíveis ao sorotipo 3. O importante é ressaltar que a vacina protege contra os quatro sorotipos e que a população deve se vacinar e tomar a medidas preventivas”, diz a infectologista
A vacina contra a dengue está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) em duas doses, com intervalo de três meses, para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos e para adultos até 60 anos.
As crianças menores, que não podem tomar a vacina na rede pública, podem encontrar a imunização na rede privada, que oferece doses a partir dos 4 anos.
Alerta para dengue entre jovens
A dengue pode ser particularmente perigosa em jovens, pois, se não tratada adequadamente, pode evoluir para formas graves, como a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, condições que exigem atendimento médico imediato. Além dos sintomas clássicos como febre, dor de cabeça, prostração, dores no corpo, musculares ou articulares, dor atrás dos olhos, em casos mais graves, podem surgir complicações que afetam órgãos vitais.
“Os pais e responsáveis precisam ficar atentos a sinais de febre alta de 39º a 40º, sangramentos nas mucosas ou sintomas como dor abdominal, vômitos persistentes, prostração, irritabilidade. Caso isso aconteça, a recomendação principal é procurar um serviço médico imediatamente, para tratamento adequado. Em casa, os pacientes com dengue devem manter a hidratação adequada e pode ser utilizado soro caseiro, soluções de reidratação oral disponíveis em farmácias ou postos de saúde, água, chás e água de coco, gelatina e picolés de frutas,” orienta a infectologista.
Atenção aos sintomas
Após a picada do mosquito, o período de incubação varia de 5 a 6 dias. Os sintomas geralmente começam a se manifestar a partir do terceiro dia e podem variar desde sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado, até sintomas mais intensos, como dores musculares, ósseas e articulares, dor atrás dos olhos, dor de cabeça, vermelhidão na pele, vômitos, tonturas e perda de apetite.
No quadro mais avançado pode ocorrer febre alta repentinamente, geralmente entre 39º e 40º, dores abdominais fortes e contínuas, vômitos persistentes, sangramento pelo nariz, boca e gengivas, sonolência, agitação, confusão mental, insuficiência respiratória e choque.
“Nestes casos, é necessário buscar ajuda médica o quanto antes, pois pode levar a pessoa à morte em até 24 horas”, explica a infectologista.
Saiba como é feito o diagnóstico
O diagnóstico é realizado por meio de exames laboratoriais. No entanto, não há um tratamento específico para a doença, sendo o manejo focado no alívio dos sintomas. Além da ingestão de líquidos é recomendado repouso e utilização apenas dos medicamentos indicados pelo médico.
“É preciso enfatizar que o paciente não deve optar pela automedicação em casos de suspeita de dengue, pois há medicamentos, como ácido acetilsalicílico, que provocam complicações no quadro”, comenta Fátima.
Como prevenir a dengue
A prevenção é a estratégia mais eficaz para reduzir a incidência de casos de dengue e a mortalidade associada à doença. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é a eliminação dos focos do mosquito transmissor, o que inclui ações simples, como evitar o acúmulo de água em recipientes como pneus, caixas d’água e garrafas. A aplicação de repelentes e o uso de roupas de manga longa também são medidas que podem proteger durante os períodos de maior circulação do mosquito.
“Lembrando que o uso de repelente é indicado para crianças a partir de 2 anos. No caso dos bebês é importante protegê-los com roupas e mosquiteiros nos berços”, alerta a infectologista.
A adoção de medidas simples de prevenção contribui significativamente para a eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti. Para isso é importante tampar os reservatórios com água parada como caixas d`água. Não esquecer também de objetos abertos que podem acumular água como pneus – que devem ser furados e guardados com cobertura ou recolhidos pela limpeza pública.
Os pratos de vasos de plantas também podem acumular água e nesse caso, é indicado que se coloque areia ou troque a água uma vez por semana. Mas não basta esvaziar o recipiente. É preciso também higienizar os pratos dos vasos esfregando para retirar os ovos do mosquito depositados na superfície da parede interna, pouco acima do nível da água. Isso vale para qualquer recipiente com água.
Dengue no país
Em 2025, até o momento, já foram registrados mais de 93.500 casos prováveis de dengue, com 11 mortes confirmadas. Outros 104 estão sob investigação, segundo dados divulgados pelo Ministérios da Saúde.
No estado de São Paulo já foram confirmados mais de 19.600 casos e estão em investigação 37.138. Já foram confirmados cinco óbitos. Só o município de São José do Rio Preto já registrou mais de 5.500 casos e dois óbitos, segundo o painel do Núcleo de Informações Estratégicas em Saúde.
Já o estado do Rio de Janeiro registrou 1.512 casos prováveis e 99 internações. Ainda não há mortes confirmadas. Minas Gerais Minas registrou 2.075 casos prováveis. Desse total, 536 foram confirmados para a doença e um óbito está em investigação.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o sorotipo 3 da dengue apresentou um aumento significativo nos testes positivos no Brasil, com um crescimento acentuado de casos nas últimas quatro semanas de dezembro.
Fonte: Infectologista Fátima Porfírio, do Hospital e Maternidade Sepaco,