Especialista explica a relação entre sono, aprendizado e rinite alérgica e dá dicas de como os pais podem ajudar os pequenos nesta questão
Com o período de volta às aulas se aproximando, a preocupação com o desenvolvimento e bom rendimento escolar das crianças é recorrente entre os pais. Redobrar a atenção com os comportamentos que podem ser prejudiciais é muito importante. Para compreender mais sobre o tema, o Dr. Fabrizio Romano, otorrinolaringologista, doutor em ciências pela FMUSP, pós-doutorado em Otorrinolaringologia pela FMUSP-RP, atual Presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e cirurgia cervico-facial, e também já foi presidente da Academia Brasileira de Rinologia, dá dicas para mitigar o sofrimento dos pequenos, principalmente quando o principal gatilho é a alergia.
A importância de um sono de qualidade:
“É importante compreender que ao dormir as crianças armazenam as informações aprendidas durante o dia. Afinal, todos passam por um ciclo do sono, que contém fases mais leves e mais profundas, como o sono REM, que é o mais profundo. É nesse momento do ciclo que os pequenos fixam o que aprenderam durante o dia e por isso tem tanta relevância” explica Dr. Fabrizio.
O médico acrescenta que é nesta fase do sono que o corpo atinge o pico de relaxamento. Caso essa etapa não ocorra, o sono se torna menos eficiente, comprometendo a disposição durante o dia seguinte. Isso também prejudica o desenvolvimento escolar, uma vez que as crianças não possuem energia suficiente para desempenhar as tarefas necessárias.
A relação entre o sono e a rinite alérgica:
O Dr. Fabrizio explica que pacientes com rinite alérgica podem ter dificuldade para dormir: “Devido à obstrução nasal, os pacientes precisam realizar mais esforço muscular para respirar, impedindo que eles cheguem nas fases de relaxamento mais intenso. A intenção do uso de um antialérgico é justamente aliviar esses sintomas e por isso é tão importante estar atento ao tipo escolhido.”
Dicas para alívio dos sintomas:
O especialista também esclarece que dependendo do antialérgico escolhido, o ciclo do sono pode ser comprometido: “Os antialérgicos mais antigos, de 1ª geração, causam uma série de efeitos colaterais, já que eles atravessam a barreira do sistema nervoso central e se ligam a receptores cerebrais, causando a sensação de sonolência.”
O sono causado pelo antialérgico de 1ª geração bloqueia a fase do sono REM, a fase em que o cérebro dos pequenos grava o que foi aprendido durante o dia, e deixa a sensação residual de sono no dia seguinte, interferindo na sua capacidade de concentração.1-7
“Já os antialérgicos de 2ª geração não causam efeito sedante, pois não atingem o sistema nervoso central”, completa o especialista.
O tema merece atenção por interferir no dia a dia. Porém, com dicas simples é possível trazer muito conforto para essa fase: “Uma das medidas mais eficazes é a higiene ambiental, ou seja, afastar a criança das causas da alergia, como poeira e pelos de animais. Muitas vezes testes alérgicos são necessários para identificar com exatidão os fatores desencadeantes da alergia. Para rinite alérgica, a lavagem do nariz com soro fisiológico também costuma ser bastante benéfica nas crianças.”
Para finalizar, uma dica prática que pode ser uma verdadeira aliada para a retomada das aulas para reduzir impactos negativos: “É importante que os pais controlem o tempo gasto em telas para reduzir impactos de produtividade e procurar por um pediatra alergista para auxiliar com os cuidados adicionais, se necessários”.
Fonte:Dr. Fabrizio Romano, otorrinolaringologista, doutor em ciências pela FMUSP, pós-doutorado em Otorrinolaringologia pela FMUSP-RP, atual Presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e cirurgia cervico-facial, e também já foi presidente da Academia Brasileira de Rinologia.