O tipo idiopático é o mais comum da doença e acomete adolescentes, principalmente do sexo feminino, na época do estirão
Apesar de 6 milhões de brasileiros conviverem com a escoliose, a doença ainda é desconhecida pela população e nem sempre é diagnosticada precocemente, um obstáculo já que os médicos afirmam que quanto mais cedo a descoberta da enfermidade, maior é a probabilidade de sucesso do tratamento não operatório.
Existem diferentes tipos de escoliose, porém a mais incidente é a idiopática cuja principal característica é o surgimento no início da fase de puberdade. Como o próprio nome já diz, a escoliose idiopática não tem causas definidas, mas sabe-se da forte influência genética, já que a incidência é alta em parentes diretos de pacientes com escoliose e ocorre com maior prevalência em adolescentes do sexo feminino.
“A escoliose idiopática pode ser identificada pela alteração do contorno das costas e coluna, além de um desalinhamento dos ombros, diferenças entre os lados na cintura e nos quadris e queixas de desconforto e dores. O desafio é que muitas vezes essas adolescentes não expõem o próprio corpo, utilizando roupas largas, o que retarda tanto a percepção do problema por parte da família como a procura por ajuda médica”, esclarece Carlos Romeiro, cirurgião de coluna e integrante do Mude a Curva, projeto que reúne médicos voluntários e realiza cirurgias pelo país para desafogar o sistema público de saúde.
Conjunto de ossos articulados que formam o eixo de sustentação do corpo, a coluna vertebral não tem como função apenas a proteção da medula espinhal, do sistema nervoso central, como possibilita agilidade e movimento dos membros, viabilidade e manutenção da postura ereta, proteção aos órgãos internos, além de absorção e dissipação de choques mecânicos e pressão gravitacional.
Segundo o Dr. Romeiro, com tantas funcionalidades, é possível compreender o que uma deformidade nessa estrutura pode significar a longo prazo para a saúde do paciente. “A escoliose idiopática ainda afeta a qualidade de vida e a autoestima dos pacientes. Infelizmente, adolescentes sofrem bullying pela doença, situação inadmissível, mas comum”, relata.
Mas como é feito o tratamento da escoliose? Dependendo das particularidades de cada caso, recomenda-se exercícios supervisionados por um fisioterapeuta, o uso de um colete ortopédico ou ainda a cirurgia, a artrodese da coluna. O procedimento realinha e promove a fusão das vértebras, e é indicado quando o paciente apresenta curvas de 45 graus ou mais.
O SUS (Sistema Única de Saúde) oferece serviços de apoio e atendimento aos pacientes, mas há uma fila de espera para quem necessita de procedimento cirúrgico. Esta necessidade, inclusive, move o nosso projeto Mude a Curva, movimento filantrópico, conduzido pelo Brazilian Spine Study Group (BSSG), uma organização sem fins lucrativos fundada por seis cirurgiões de coluna de diferentes localidades do Brasil, que objetiva operar pacientes regulados pelo SUS com deformidades vertebrais via mutirões.
Recentemente, o projeto beneficiou pacientes que aguardavam na fila do SUS em um mutirão que operou 20 pacientes com escoliose em Goiânia, em parceria com a Medtronic, multinacional referência em tecnologia em saúde, e responsável pelos equipamentos necessários para o procedimento cirúrgico. Mas o projeto já passou por outras regiões do país e deve continuar com a ação no ano de 2023.
Fonte: Dr. Carlos Romeiro, cirurgião de coluna e integrante do Mude a Curva, projeto que reúne médicos voluntários e realiza cirurgias pelo país para desafogar o sistema público de saúde.