Na Luta Contra o Câncer Infantil, o Maior Aliado para Vencer Desafios Emocionais, é o Psicólogo

Aceitação do diagnóstico é um dos principais problemas e requer olhar humanizado

Passar por um ciclo de tratamento de câncer requer atenção em várias frentes. Para crianças e adolescentes, pode ser uma fase ainda mais complexa, considerando os desafios próprios da faixa etária. A psicologia desempenha um papel insubstituível nesta jornada junto aos pacientes e seus familiares, auxiliando na compreensão e enfrentamento da doença e das diferentes etapas terapêuticas.

A Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) reforça a necessidade de um olhar humanizado para o paciente infantojuvenil e a importância de que ele seja devidamente acompanhado por uma equipe multiprofissional, que atue de forma interdisciplinar. Assim, o ideal é que o profissional da área de psicologia esteja presente desde o início do tratamento.

 “A participação do psicólogo é fundamental, começa desde a reunião de admissão na qual são detalhados o diagnóstico e o plano de tratamento e cuidados. Essa primeira abordagem ocorre sempre com a presença dos pais e principais cuidadores elencados pela família”, explica Arli Diniz Pedrosa, psicóloga hospitalar certificada em oncologia pediátrica e coordenadora do Comitê Multidisciplinar da SOBOPE.

Já no segundo momento, a conversa é direta com o paciente. A linguagem deve ser clara, respeitar o nível cognitivo da criança ou adolescente e ter por base a verdade. “Durante o tratamento, com uma escuta atenta, é possível identificar as dificuldades e colaborar na elaboração de estratégias positivas de enfrentamento diante da nova realidade a ser vivenciada”, explica a especialista.

Desafios emocionais

A aceitação do diagnóstico é um dos principais desafios emocionais enfrentados por pais e cuidadores de crianças com câncer, segundo a psicóloga: “Eles sentem-se culpados e impotentes diante do diagnóstico e necessidade de tratamento, mudança do estilo de vida, necessidade de múltiplos internamentos, além de lidar com os efeitos colaterais e o medo da possibilidade de não cura”.

Neste cenário, o profissional de psicologia pode contribuir no sentido de estar junto aos envolvidos, trabalhando todas estas questões, os medos e a ansiedade, direcionando-os para atitudes positivas. Arli reforça que a melhor estratégia é não omitir a verdade, ouvir atentamente todas as queixas e questões e, com empatia, orientar a família quanto aos cuidados necessários. “É preciso sempre reafirmar que o câncer pediátrico é uma doença com índice elevado de cura. Outro ponto importante é, durante o tratamento, preparar a escola para o retorno desse aluno, considerando que esta é a maior comunidade de convívio da criança. Então, sempre que necessário, é válido propor uma rodada de conversa com professores e gestores”, conclui a especialista da SOBOPE.

Fonte: SOBOPE Fundada em 1981, a SOBOPE tem como objetivo disseminar o conhecimento referente ao câncer infanto-juvenil e seu tratamento para todas as regiões do País e uniformizar métodos de diagnóstico e tratamento. Atua no desenvolvimento e divulgação de protocolos terapêuticos e na representação dos oncologistas pediátricos brasileiros junto aos órgãos governamentais.

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