Nutricionista explica o que é o transtorno e como estimular as crianças a provarem novas receitas
A alimentação das crianças é um assunto que preocupa a grande maioria das famílias. Saber se a quantidade de comida ingerida é suficiente e se os pequenos estão adquirindo os nutrientes necessários para o seu crescimento são algumas das principais dúvidas acerca desse tema. Entretanto, a seletividade alimentar, caracterizada pela recusa ou desinteresse por certos alimentos, também é um ponto de atenção, pois quando a restrição é acentuada pode acometer a saúde da criança.
Segundo a nutricionista Giliane Belarmino e consultora de Philips Avent, é comum crianças em fase pré-escolar e as neurodivergentes apresentarem resistência para aceitar alguns alimentos. “Em muitos casos, isso acontece devido à aparência, textura do alimento ou pela fixação por outros pratos. Uma realidade, inclusive, daqueles que estão no espectro autista, que quando gostam de um alimento específico só querem consumir ele durante um certo tempo, recusando outras opções. Esse ciclo pode perdurar por um longo período”, explica.
Para auxiliar os pais nessa jornada, a especialista esclarece que o primeiro passo é entender que a recusa alimentar dessas crianças não é birra e nem frescura. “A seletividade decorre da impossibilidade em processar algum tipo de textura, cor, volume, quantidade e/ou temperatura dos alimentos. Por isso, nunca force a criança a aceitar algo aversivo a ela. A modulação e a discriminação das sensações, muitas vezes, estão alteradas. Sendo assim, o que para um pode ser um prazer, para outros pode ser um desgosto”, esclarece Giliane.
A nutricionista separou algumas dicas para lidar com a seletividade alimentar. Acompanhe:
- Convide a criança para ajudar a comprar e a preparar a refeição;
- Tente mudar o prato e os talheres utilizados pelo pequeno durante a refeição;
- Trocar o ambiente pode, aos poucos, ajudar na dessensibilização e abrir novas possibilidades;
- Deixar outros alimentos saudáveis disponíveis na mesa, onde a criança possa ver e sentir o cheiro do prato, pode despertar o interesse por eles aos poucos. Lembre-se, é um trabalho contínuo, quanto mais a criança tiver contato com o alimento, maiores são as chances dela se interessar por ele;
- Se a criança aceitar manipular o alimento, deixe-a sentir a textura e, até mesmo, amassá-lo. Sem forçar, ela pode sentir vontade e ir introduzindo aos poucos em sua alimentação.
A nutricionista acrescenta que o transtorno de seletividade alimentar é muito comum entre crianças neurodivergentes e pode ser identificado em diferentes graus, do mais leve ao mais severo. Desta forma, as condutas com relação a alimentação vai depender de cada caso. “Para casos mais severos de seletividade alimentar, a suplementação diária pode ser estritamente necessária para garantir que a criança consuma todos os nutrientes que precisa para crescer e se desenvolver. Além disso, uma equipe multidisciplinar pode ser indispensável para auxiliar nesse processo, como nutricionista, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo, que irão trabalhar em conjunto para diminuir esse transtorno e introduzir novos alimentos nas refeições da criança”, explica Giliane.
No caso daqueles que estão no espectro autista, a especialista orienta, ainda, que com a recomendação dos profissionais que acompanham a criança, é possível tentar embutir alguns vegetais em preparações que ela já aceita. “Se a criança gosta de comer hambúrguer, por exemplo, é possível turbiná-lo com um pouco de espinafre ou cenoura. Fazer receitas de bolos com beterraba ou outros vegetais. Criar pratos que sejam saudáveis e atrativos para o que está na realidade da família”, explica.
Mas é preciso muita cautela ao fazer essas alterações nas receitas. “Se a criança tem uma fobia alimentar ou seletividade severa e só aceita um alimento, como o mingau de arroz, e de repente percebe a inclusão de uma beterraba nesse mingau, ela pode passar a recusar o único alimento que aceitava e tornar o risco nutricional muito maior. Por isso, o acompanhamento dos terapeutas é fundamental”, alerta Giliane.
Em casos menos severos da seletividade alimentar, atividades sensoriais podem auxiliar na introdução das novas texturas, além de melhorar a relação da criança com os alimentos.
1. GELATINA
A Gelatina é uma grande aliada na estimulação sensorial com alimentos. Com ela é possível explorar as cores, os cheiros, a temperatura, além da mudança de consistência – que começa durinha e no final da atividade estará líquida.
ATIVIDADE: Use forminhas variadas e faça gelatina de diferentes formatos, assim você tornará a atividade mais atrativa e interessante. Para isso, coloque a gelatina na geladeira com alguns brinquedos submersos, assim, quando ficar pronta, a criança terá que explorar para encontrar os brinquedos. É diversão garantida.
2. FARINHA DE TRIGO
A estimulação causada por essa atividade é predominantemente tátil, muitas crianças apresentam uma recusa importante e, por isso, devemos realizar com bastante tranquilidade e cautela.
ATIVIDADE: Coloque o conteúdo em um recipiente com brinquedos que a criança goste para incentivar a manipulação, conforme a aceitação podemos inserir um pouco de água e modificar a consistência. Nesse caso, brincar de fazer bolinhas e cobrir os objetos (moldar) são dicas para deixar o momento mais lúdico.
Fonte:
Giliane Belarmino é nutricionista e cientista, com 11 prêmios internacionais e 7 nacionais na área da nutrição. Com mais de 20 anos de carreira, a especialista é representante do Brasil no Vars Award, Congresso Americano da ASPEN, além de contar com mais de 13 publicações de artigos científicos em revistas internacionais.
Philips Avent é a marca número 1 em recomendação das mães e uma das pioneiras em puericultura no mundo. Há 37 anos, cria soluções inovadoras que visam transformar a alimentação, os cuidados com a saúde das mães e dos bebês e a segurança de milhões de crianças