Investigação médica é fundamental para descobrir as causas da infertilidade, que em 40% dos casos é exclusivamente feminina, mas também é exclusivamente masculina no mesmo percentual. Nos outros 20% dos casos, a causa é conjunta.
Quando um casal tenta conceber um filho por mais de um ano sem sucesso é importante, além de consultar um especialista, realizar alguns exames para identificar qual a causa da infertilidade, que, ao contrário do que muitos pensam, não é um problema exclusivo da mulher. Na verdade, a incidência das causas da infertilidade é similar em ambos os gêneros. Em cerca de 40% dos casos de infertilidade, a causa principal é feminina; em 40% é masculina; e em 20% é conjunta. Assim, tanto o homem quanto a mulher devem ser avaliados desde o início.
No caso da mulher, vários exames podem ser feitos para determinar se há problemas com a ovulação, transporte do óvulo, fertilização ou implantação. Entre eles, o teste LH na urina, o teste hormonal no sangue, exame de reserva ovariana, raio-x da cavidade uterina, histeroscopia diagnóstica, ultrassom endovaginal e biópsia endometrial.
O teste de LH (hormônio luteinizante) na urina detecta o aumento desse hormônio antes da ovulação. Ele é secretado pela glândula hipófise durante o ciclo menstrual, mas aumenta no meio do ciclo para induzir a liberação do óvulo (oócito), devendo ser checado para verificar se há alguma disfunção nessa glândula.
O teste hormonal no sangue também consegue medir os níveis de Hormônio Luteinizante (LH), assim como de alguns outros hormônios, incluindo: Hormônio Folículo Estimulante (FSH), que estimula o ovário a desenvolver um folículo para ovulação; Prolactina, que induz a produção de leite materno, mas, quando em excesso, causa hiperprolactinemia, condição que interfere na ovulação; Estradiol, que mostra se os folículos estão com uma produção adequada deste hormônio, refletindo na qualidade do óvulo que será utilizado para formar o embrião; Hormônio Tireoide Estimulante (TSH), que ajuda a verificar a função da glândula tireoide; e Progesterona, produzida após a ovulação para preparar o útero para a gravidez, mas, quando em desbalanço, causa interferência no desenvolvimento do endométrio, camada que reveste o útero para prepará-lo para a implantação do embrião.
Com relação à reserva ovariana, o melhor marcador é o Hormônio Anti-Mülleriano (HAM ou AMH), que pode determinar indiretamente qual a quantidade de óvulos que a mulher dispõe em seus ovários, além de ajudar a prever a idade da menopausa. É usado para o cálculo da dose das medicações necessária para a indução da ovulação. Tem como vantagem a possibilidade de ser dosado em qualquer fase do ciclo menstrual e de ser independente da ação de outros hormônios.
É possível ainda realizar a Histerossalpingografia, ou seja, o raio-x da cavidade e das tubas uterinas, utilizando contraste iodado, uma substância que é visível no raio-x. Serve para determinar se existem defeitos estruturais na cavidade uterina e tubas uterinas. Já a histeroscopia diagnóstica serve para examinar visualmente o interior da cavidade uterina na procura de aderências, miomas, pólipos, tumores e outras anormalidades. Encontrando alguma alteração, ela pode ser corrigida cirurgicamente. O ultrassom endovaginal deve ser realizado entre dois a quatro dias antes da ovulação, para observar a espessura do endométrio e sua resposta à estimulação hormonal, além da presença do folículo dominante (no interior do qual encontraremos o óvulo). Por fim, a biópsia endometrial consiste na obtenção de uma amostra do endométrio para determinar se responderá adequadamente à implantação do embrião.
Já o homem pode ter problemas de infertilidade relacionados a dificuldades com a produção ou secreção de espermatozoides, problemas anatômicos, lesões testiculares prévias e questões hormonais. Então o homem fornece uma ou mais amostras de sêmen para ser analisada em uma bateria avançada de testes.
Um dos exames feitos é o espermograma, no qual verificamos medidas como a contagem, motilidade, morfologia e concentração de espermatozoides. Outros testes podem ser feitos, incluindo: cultura de sêmen para detectar infecções; testes para verificar as possibilidades de fertilização in vitro ou inseminação intrauterina (processamento seminal); teste para anticorpos anti-espermatozoides; fragmentação do DNA espermático; estudos de sobrevivência a longo prazo; e detecção de marcadores bioquímicos no sêmen, por exemplo, a frutose. Quando é verificada alguma anormalidade nos testes com o sêmen, os exames são repetidos para confirmação.
Em alguns casos, como em situações de azoospermia, uma condição em que não são encontrados espermatozoides no líquido seminal em decorrência de insuficiência testicular primária, hormonal, genética ou obstrutiva, os pacientes podem precisar de exames hormonais, urológicos, genéticos ou ultrassom para maiores avaliações do problema.
Mas é importante citar que tudo começa com a avaliação médica, momento em que o casal será interrogado sobre o histórico pessoal e familiar a fim de se obter um norte na determinação diagnóstica. Caso necessário, os exames complementares serão solicitados. Ao encontramos alterações, pesquisamos a origem da causa para indicar o tratamento mais adequado