Uma síndrome que leva algum tempo para ser diagnosticada, mas que quanto antes for descoberta melhor será a qualidade de vida do autista
O autismo é um termo usado para descrever transtornos no desenvolvimento do cérebro que afetam o funcionamento social, a capacidade de comunicação e o comportamento. Geralmente, vem acompanhado de deficiência intelectual. A psiquiatra Letícia Amorim, da Associação de Amigos do Autista SP, explica: “o autismo é uma síndrome comportamental de base biológica caracterizada por déficits na comunicação, déficits na interação social e comportamentos repetitivos”.
O grau da síndrome é variável. Alguns apresentam quadros mais leves, como a síndrome de Asperger, em que não se compromete a fala e a inteligência. Há também formas mais graves, em que o paciente não consegue manter contatos interpessoais e possui déficit intelectual. Não se pode evitar o autismo, cujas causas ainda não são muito claras, mas certamente estão relacionadas a fatores biológicos e genéticos.
Letícia explica que a prevenção é a melhor maneira de lidar com a síndrome. “O diagnóstico precoce e a intervenção precoce ajudam bastante no desenvolvimento de habilidades e na diminuição dos sintomas de autismo.”
O tratamento deve começar logo após o diagnóstico e são aplicados por uma equipe multidisciplinar. Não há um padrão e cada paciente requer um procedimento especial e de acordo com suas próprias características. “O tratamento é baseado em intervenções comportamentais e psicoeducacionais. A medicação pode ser necessária em alguns casos, tais como quando o grau dos sintomas prejudica o cotidiano e/ou quando associado a alguma comorbidade”, destaca.
Os sintomas podem surgir logo nos primeiros meses de vida, mas são difíceis de reconhecer. Os sinais são mais claros quando a criança começa a crescer. A ausência de contato interpessoal, dificuldade na fala, movimentos repetitivos, falta de contato visual, compreensão debilitada e ter um comportamento “desligado, aéreo” são algumas evidências do autismo.
A cura do autismo é uma questão controversa. Letícia explica que alguns autores acreditam que o fato dos sintomas diminuírem com o tratamento significaria uma cura. Já outros observam que mesmo com a diminuição dos sintomas do autismo alguns déficits se mantêm. “Se mantém, por exemplo, déficits na teoria da mente, que é capacidade de se colocar no lugar do outro e prever o seu comportamento, habilidade importante para interação social. Eu concordo com os autores do segundo grupo mas, independente disso, duas coisas são importantes de ressaltar: o fato de que há uma melhora significativa dos sintomas com intervenção precoce e que as pesquisas estão evoluindo bastante nessa área. É possível que tenhamos novidades nos próximos anos.”
É importante que a família de um autista sempre procure orientação especializada e descubra um meio para se comunicar com ele. A organização e rotina também são medidas válidas. Letícia sugere que os pais procurem uma associação na cidade em que vivem. “Em São Paulo, a AMA oferece palestras gratuitas aos pais, cursos para profissionais e orientações sobre instituições e locais de atendimento para pessoas com autismo. A ONG Autismo e Realidade também faz um trabalho bacana de divulgação de conhecimento acerca do autismo”, diz a psiquiatra.
Mais informações:
São Paulo – São Paulo
Lista com rede de atendimento a pessoas com Autismo elaborada pela Defensoria Pública do estado de São Paulo
http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/repositorio/39/documentos/atende_autista.pdf
Lista com rede de atendimento ao Autista no Estado de São Paulo.pdf
APAE -Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
Federação das APAEs:www.apaebrasil.org.br
Autismo e Realidade –www.autismoerealidade.com.br