Em um futuro próximo, teremos um sistema de inteligência artificial com o objetivo de melhorar o sucesso da fertilização in vitro, ajudando especialistas a selecionar objetivamente os embriões com maior probabilidade de resultar em um nascimento saudável.
Para muitas pessoas que estão lutando para engravidar, a fertilização in vitro (FIV) pode oferecer uma solução capaz de mudar a vida. Mas a taxa média de sucesso para a fertilização in vitro, para mulheres mais velhas, é de apenas 30%. “O tratamento de infertilidade in vitro é indicado para diversos problemas que podem resultar na infertilidade feminina ou masculina. Nesse procedimento, o material genético colhido da mulher (óvulo) e do homem (espermatozoides) são fecundados em laboratório e posteriormente o embrião é transferido para o útero, onde se implantará e desenvolverá a gestação”, diz o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo. Mas em um futuro próximo, teremos disponível no Brasil um sistema de inteligência artificial com o objetivo de melhorar o sucesso da fertilização in vitro. “Eles ajudarão os médicos especialistas a selecionar objetivamente os embriões com maior probabilidade de resultar em um nascimento saudável”, diz o médico.
A Fertilização in Vitro é dividida em quatro partes: estimulação ovariana; captação dos óvulos e espermatozoides; fecundação assistida; e transferência dos embriões. “A taxa de sucesso da Fertilização in Vitro irá depender em grande parte do fator de infertilidade apresentado pelo casal e da idade da mulher. Quanto mais nova, mais chances de obter sucesso no procedimento, sendo que mulheres até 30 anos têm até 70% de chances de engravidar em uma única tentativa de FIV”, diz o médico.
Usando milhares de exemplos de imagens de embriões e inteligência artificial (IA) de aprendizado profundo, pesquisadores já desenvolveram nos Estados Unidos um sistema que foi capaz de diferenciar e identificar embriões com o maior potencial de sucesso. O resultado da inteligência artificial foi significativamente melhor comparado às escolhas de 15 médicos experientes de cinco centros de fertilidade diferentes nos Estados Unidos. “Um grande desafio no campo é decidir sobre os embriões que precisam ser transferidos durante a fertilização in vitro. Esse sistema tem enorme potencial para melhorar a tomada de decisões clínicas e o acesso aos cuidados”, afirma o médico.
Atualmente, as ferramentas disponíveis para os especialistas são limitadas e caras; a maioria deles deve confiar em suas habilidades de observação e experiência. A ferramenta auxiliar será capaz de avaliar imagens capturadas com microscópios tradicionalmente disponíveis em centros de fertilidade. “Há muito em jogo para nossos pacientes com cada ciclo de FIV. Os especialistas tomam dezenas de decisões críticas que afetam o sucesso do ciclo de um paciente. Com a ajuda de um sistema de inteligência artificial, será mais fácil selecionar o embrião que resultará em gravidez bem-sucedida”, acredita o médico.
A equipe americana do Brigham and Women’s Hospital e do Massachusetts General Hospital treinou o sistema de inteligência artificial usando imagens de embriões capturados 113 horas após a inseminação. Entre 742 embriões, o sistema de inteligência artificial foi 90% preciso na escolha dos embriões de alta qualidade. Os pesquisadores avaliaram ainda mais a capacidade do sistema de inteligência artificial de distinguir embriões de alta qualidade com o número normal de cromossomos humanos e compararam o desempenho do sistema ao de embriologistas treinados. O sistema funcionou com uma precisão de aproximadamente 75%, enquanto os embriologistas realizaram com uma precisão média de 67%. “Esse sistema, por enquanto, pretende atuar apenas como uma ferramenta auxiliar para que os especialistas façam julgamentos durante a seleção de embriões. Sem dúvida, essa é uma ferramenta que precisa ser muito bem aprimorada para auxiliar o médico”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa.
Fonte: *DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa