6 Mitos sobre a Saúde Ocular Infantil

Confira os principais mitos sobre os cuidados com a visão das crianças e bebês

Apesar de a visão ser essencial no desenvolvimento infantil, muitos pais desconhecem os cuidados básicos que precisam ser adotados para garantir que o sistema visual se desenvolva corretamente. Além disso, há muitos mitos e informações desencontradas a respeito da saúde ocular de bebês e crianças.
 
Por isso, hoje vamos falar dos principais mitos e verdades ligados à saúde visual na infância, com a ajuda da oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira, especialista em estrabismo.  
 
1- O teste do olhinho é suficiente para avaliar a saúde visual do bebê 

O Teste do Reflexo Vermelho (TRV), popularmente conhecido como ‘teste do olhinho’, é um exame de triagem, realizado ainda na maternidade, em todos os bebês.
 
Na maioria dos estados é assegurado por lei, tanto pelo Sistema Púbico de Saúde (SUS), como pelos planos de saúde.

 
O teste do olhinho apresenta um baixo custo, é indolor, não invasivo e rápido. O principal objetivo é diagnosticar precocemente doenças oculares congênitas, como a retinopatia da prematuridade e o glaucoma congênito, por exemplo.
 
Entretanto, é um exame preliminar que não serve para diagnosticar erros refrativos e outras doenças oculares típicas da infância que podem surgir após o nascimento.
 
Ou seja, a recomendação é levar o bebê para uma consulta oftalmológica ainda no primeiro ano de vida.
 
2- Toda conjuntivite é tratada com antibióticos 

Apenas as conjuntivites bacterianas são tratadas com antibióticos. Em geral, essa forma da doença se resolve dentro de 7 a 14 dias. Por ser infecciosa, exige que a criança seja afastada de suas atividades, o que também ocorre na conjuntivite viral. 
 
A conjuntivite é uma infecção que a afeta a conjuntiva (tecido que reveste a parte da frente do globo ocular). É uma doença muito comum na infância, principalmente entre as crianças e bebês que frequentam creches e escolas.
 
A conjuntivite pode ser causada por vírus e bactérias e nessa forma é chamada de conjuntivite infecciosa. Existe também a conjuntivite alérgica/irritativa, normalmente prevalente nas crianças que têm outros tipos de alergia, como rinite e asma.
 
O primeiro cuidado a perceber os sinais e sintomas de uma conjuntivite é levar a criança ao oftalmopediatra. Somente o médico será capaz de identificar a causa da conjuntivite.
 
A conjuntivite viral é tratada com medidas paliativas, como compressas frias nas pálpebras, limpeza dos olhos para remover o excesso de secreção e colírios lubrificantes.  
 
Por fim, a conjuntivite alérgica pode demandar uso de medicamentos para combater a alergia. Em geral, há períodos de melhora e de piora, principalmente nas crianças com rinite alérgica e asma, por exemplo.
 
3- O sol prejudica a saúde ocular das crianças 

Pode até parecer contraditório, mas a luz solar é essencial para a visão na infância. Obviamente é preciso proteger os olhos dos pequenos com chapéus, bonés e se possível óculos de sol. Mas as atividades ao ar livre são essenciais para prevenir o desenvolvimento e a progressão da miopia na infância.
 
Alguns estudos apontaram que a exposição aos raios solares estimula a produção da dopamina, um neurotransmissor que previne que o olho cresça alongado, o que leva à distorção do foco de luz que entra no globo ocular, causando a miopia. Além disso, lugares abertos ajudam a treinar a visão de longe.
 
Outra descoberta importante ligada às atividades ao ar livre é que a dopamina é normalmente produzida durante o dia, e é responsável por dar o comando para olho mudar da visão diurna para a visão noturna.

Dessa maneira, a pouca exposição à luz solar interrompe esse ciclo, causando modificações no crescimento do olho, outro fator de risco para desenvolver a miopia. 
 
4- A luz azul emitida pelos eletrônicos faz mal para os olhos das crianças 

O malefício da luz azul para os olhos foi um tema bastante divulgado nos últimos anos. Contudo, não há evidências científicas de que a luz azul possa prejudicar a visão.

A luz azul dos eletrônicos pode prejudicar a produção da melatonina no período noturno. Mas não causa perda da acuidade visual. Na verdade, a luz azul emitida pelo sol é muito maior do aquela emitida pelos eletrônicos.
 
O que realmente pode prejudicar a visão das crianças é o uso excessivo e prolongados dos dispositivos eletrônicos. Há evidências bem estabelecidas que o aumento dos casos de miopia na infância está ligado ao uso de tabletes, celulares e computadores.
 
Além do risco de desenvolvimento e progressão da miopia, ficar horas em frente às telas pode prejudicar a superfície ocular, causando cansaço visual, secura, irritação e vermelhidão ocular.
 
A dica aqui é evitar o uso dos dispositivos eletrônicos após as 18h para não atrapalhar o sono das crianças.
 
Para além disso, crianças menores de 2 anos não devem ser expostas às telas. Para as crianças maiores de 2 anos, o ideal é controlar o tempo que não deve ultrapassar uma hora por dia.

5 – Erros refrativos só podem ser diagnosticados quando a criança já sabe ler 

Muitas pessoas acreditam que somente crianças que sabem ler podem passar pelo exame de refração, que detecta a presença de erros refrativos como miopia, astigmatismo e hipermetropia.
 
Porém, é perfeitamente possível descobrir um erro refrativo em bebês e crianças não alfabetizadas por meio de um exame chamado esquiascopia.
 
O aparelho usado para detectar erros refrativos em crianças que não sabem ler e em bebês se chama esquiascópio. O dispositivo lembra uma régua, com diversas lentes. Esse exame pode ser feito com ou sem dilatação das pupilas. Entretanto, a dilatação é importante para determinar os erros refrativos com mais precisão.  
 
6- Desvio do olho é normal em bebês 

Até os 3 meses, os bebês podem apresentar algum grau de imaturidade visual e apresentar algum desequilíbrio variável no alinhamento dos olhos.

Mas desvios bem estabelecidos e fixos desde o nascimento não mudam e indicam o estrabismo. Portanto, o ideal é levar o bebê em um oftalmopediatra para uma avaliação mais apurada.
 
Como você viu, há muitos mitos que envolvem a saúde ocular na infância. É muito importante entender que o sistema visual é o único que se desenvolve fora do útero. Ou seja, a visão não nasce pronta como os outros sentidos. O desenvolvimento visual ocorre ao longo da infância até por volta dos 7 anos de idade.
 
Desse modo, doenças e condições que afetam os olhos na infância podem evoluir para perdas visuais e outros problemas.
 
A melhor maneira de prevenir que isso aconteça é levar o bebê em seu primeiro ano de vida para uma consulta de rotina com um oftalmopediatra. Ao longo da vida, essas consultas podem ser feitas anualmente em crianças sem problemas oftalmológicos

Fonte: Oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira, especialista em estrabismo.  

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