Maíra Cardi diz que quer Engravidar Novamente após Aborto Espontâneo

Após os 40 anos, 40% das gestações espontâneas terminam em aborto no primeiro trimestre. Mas Fertilização In Vitro com óvulos congelados ou doados pode ajudar a conquistar a gravidez mesmo em idades mais avançadas.

Em vídeo publicado em suas redes sociais, a influenciadora Maíra Cardi disse que pretende engravidar novamente. Recentemente, a influencer sofreu um aborto espontâneo enquanto esperava um bebê de seu marido, o também influenciador Thiago Nigro. Agora, Maíra, com 41 anos, disse que irá engravidar por meio da Fertilização In Vitro, o que é uma estratégia interessante nessa idade, inclusive para reduzir o risco de abortos, já que, segundo o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, a partir dos 40 anos, 40% das gestações espontâneas terminam em aborto no primeiro trimestre. “Quando se trata de gestação espontânea, há um aumento considerável do risco de abortos espontâneos no primeiro trimestre após os 40 anos devido a alterações cromossômicas do embrião. Existem outras razões, mas são exceções. Para gestações espontâneas em idades mais avançadas, alterações cromossômicas do embrião são as principais causas de aborto, especialmente se a mulher já teve uma gravidez evolutiva anterior”, diz o médico, que explica que um embrião normal possui 23 pares de cromossomos. “Quando esse número se altera, para cima ou para baixo, o aborto pode acontecer. E as maiores chances de isso ocorrer são quando uma mulher engravida em idade mais avançada.”

Segundo o Dr. Rodrigo, o risco aumenta devido a uma diminuição na qualidade dos óvulos que ocorre naturalmente com a idade. “A frequência de anormalidades genéticas chamadas aneuploidia (muitos ou poucos cromossomos no óvulo) é uma mudança importante na qualidade do óvulo. Na fertilização, um óvulo normal deve ter 23 cromossomos, de modo que, quando fertilizado por um espermatozoide também com 23 cromossomos, o embrião resultante terá o total de 46 cromossomos. Mas, à medida que uma mulher envelhece, mais de seus óvulos têm poucos ou muitos cromossomos. Isso significa que, se ocorrer a fertilização, o embrião também terá muitos ou poucos cromossomos. E a maioria dos embriões com muitos ou poucos cromossomos não resulta em gravidez ou resulta em aborto espontâneo”, esclarece.

Nesses casos, então, a Fertilização in Vitro pode ser indicada para reduzir o risco de aborto. “A FIV consiste na coleta dos óvulos e espermatozoides para serem fecundados em laboratório, formando o embrião que, após certo tempo de desenvolvimento, é transferido para o útero da mulher”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. “Inclusive, na FIV, em casos de aborto de repetição, é possível ainda realizar um teste genético no embrião, chamado PGT-A, que pode diagnosticar doenças cromossômicas, assim permitindo a seleção de embriões cromossomicamente normais para serem transferidos para o útero da mãe, o que previne muitas causas de aborto e especialmente síndromes graves”, destaca o médico.

Porém, é importante ressaltar que, na FIV, as taxas de sucesso também são afetadas pelo processo de envelhecimento, já que o que determina a chance de gravidez e o risco de aborto é a idade do óvulo. Mas, caso a mulher não tenha congelado óvulos anteriormente, é possível optar pelo tratamento conhecido como ovorecepção. “A ovodoação consiste na recepção de óvulos doados, que aumenta muito as chances de sucesso da Fertilização In Vitro, independentemente da idade da mulher receptora dos óvulos. Mas, mesmo com óvulos doados ou até congelados, não é recomendado que a mulher engravide após os 50 anos, pois, após essa idade, os riscos para a gravidez acabam sendo grandes, principalmente por conta de ter pressão alta, diabetes gestacional e parto prematuro. Os riscos para a saúde da mãe acabam sendo maiores e consequentemente afetam o desenrolar da gestação, com riscos também para o recém-nascido”, diz o Dr. Fernando Prado.

Uma vez optada pela ovorecepção, a Fertilização In Vitro ocorre como qualquer outra e, cerca de uma semana e meia a duas semanas depois que o embrião foi transferido, é feito um teste para ver se ele está aderido ao útero. “Um simples exame de sangue, ou mesmo um teste de gravidez caseiro, detectará os níveis de gonadotrofina coriônica humana (HCG), um sinal de que você finalmente está grávida”, diz o Dr. Rodrigo. Com o teste positivo, inicia-se o período final de espera: as 38 semanas até o parto. E, a partir daqui, a gestação segue normalmente como qualquer outra. Mas, é claro, um pequeno número de gestações é interrompido por abortos, sendo fundamental então adotar bons cuidados obstétricos para evitar complicações. “Aqui os hábitos de vida dizem muito. Checar os níveis de Vitamina D também precisa ser feito, uma vez que a própria atuação da vitamina D no sistema imunológico também pode ter impacto na concepção. Níveis baixos podem resultar em rejeição da implantação do embrião pela gestante, tanto na fertilização in vitro ou na gravidez espontânea. Na dúvida, não tenha medo ou vergonha de fazer quantas perguntas quiser ao seu médico e de pedir clareza quando não entender algo, afinal, a gestação é um grande sonho”, finaliza o médico Dr. Rodrigo Rosa.

FONTES:*DR. FERNANDO PRADO : Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br

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