Vacina do HPV é a Principal Aliada no Combate ao Câncer do Colo do Útero

A imunização deve ser realizada antes do início da vida sexual. Especialista fala sobre importância da prevenção e riscos da doença

freepik

O mês de março vem para alertar sobre a importância da conscientização contra o câncer do colo do útero, doença que ocorre em quase 99% dos casos por causa do Papilomavírus Humano (HPV). A infecção sexualmente transmissível é a mais comum em todo o mundo, atingindo de forma massiva as mulheres.

Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2025 mais de 17 mil mulheres serão diagnosticadas com câncer do colo do útero no Brasil, o que representa um risco considerado de 15,38 a cada 100 mil casos. Vale lembrar ainda que a doença é o terceiro tipo de câncer que mais afeta o público feminino, por isso, é muito importante que o diagnóstico seja feito o quanto antes para o início do tratamento

Diversos especialistas acreditam que na pandemia as medidas restritivas impostas para evitar o aumento do contágio pela covid-19, assim como o fechamento das escolas, pode ter impactado em uma menor procura pela vacinação contra o HPV, uma vez que muitas das campanhas são realizadas nas instituições de ensino. 

De acordo com dados recentes do Ministério da Saúde, a aplicação da vacina contra o HPV avançou significativamente em 2024, atingindo quase 85% do público-alvo. Entre os adolescentes de 14 anos, a adesão foi ainda maior, chegando a 96%. Além disso, entre 2022 e 2023, o número de doses aplicadas cresceu mais de 42%, passando de 4,3 milhões para mais de 6,1 milhões. O aumento foi de 16% entre as meninas e chegou a 70% entre os meninos, refletindo uma adesão maior do público masculino. Esse avanço ocorre porque, historicamente, as meninas se vacinam mais, já que o HPV é o principal causador do câncer de colo do útero.  A vacina é oferecida nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de todo o Brasil para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. Segundo o Ministério da Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25 anos. Após o contágio, ao menos 5% delas irão desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos

“Geralmente, a infecção genital por HPV é bastante frequente e, na maioria dos casos, é assintomática e autolimitada, ou seja, até os 30 anos de idade grande parte das mulheres tem a infecção resolvida. Mas, quando ocorre a persistência do vírus nas células do colo do útero, elas podem avançar para o desenvolvimento de câncer”, comenta Marcela Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas&Co

De olho na prevenção

Diante dessa realidade, é importante reforçar que a ferramenta essencial na luta contra o câncer do colo do útero é a vacinação contra o HPV. “A imunização pode prevenir também o câncer de vulva, ânus e vagina nas mulheres e de pênis nos homens. Por isso, o ideal é que esse cuidado ocorra antes do início da vida sexual, evitando assim que haja uma exposição ao vírus”.

Além da vacinação, que é considerada uma prevenção primária, é importante realizar os exames de rotina ginecológica, como o Papanicolau (anualmente e depois a cada três anos), dos 25 aos 64 anos de idade. “Ele é muito importante para identificar lesões pré-cancerosas e agir rapidamente contra o câncer do colo do útero”, alerta Marcela. Vale lembrar ainda que os exames devem ser feitos mesmo se a mulher for vacinada contra o HPV, pois o imunizante não protege contra todos os tipos oncogênicos da doença

Primeiros sinais

A doença em estágios iniciais é assintomática, mas a dor na relação sexual ou sangramento vaginal pode estar presente. Por isso, é muito importante o rastreamento com o exame Papanicolau de rotina

No entanto, se a doença estiver mais avançada, pode ser que a paciente tenha anemia – devido a perda de sangue – dores nas pernas e costas, problemas urinários ou intestinais e perda de peso não justificada. “Geralmente, os sangramentos acontecem durante a relação sexual, mulheres que já estão na menopausa ou ainda fora do período menstrual. Por isso, é muito importante buscar pelo aconselhamento de um especialista”, orienta a oncologista

Diagnóstico da doença em estágio inicial aumenta chances de sucesso no tratamento

A oncologista da Oncoclínicas&Co explica que podem ser realizadas cirurgias, radioterapia e/ou quimioterapia. “Na cirurgia, ocorre a retirada do tumor, ou ainda do útero quando necessário. Quando a doença apresenta estágios mais avançados, são realizadas sessões de radioterapia e quimioterapia”, comenta Marcela Bonalumi

Apesar da doença ser bastante silenciosa, quando descoberta precocemente pode haver uma redução de até 80% na mortalidade pelo câncer do colo do útero. “Muitas mulheres não descobrem na fase inicial. Sempre aconselho as pacientes a realizarem periodicamente seus exames de rotina, como o Papanicolau. Além disso, é fundamental que sejam consumidas informações de qualidade, sendo essa uma das principais aliadas ao combate do HPV”, finaliza.

Fonte: Marcela Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas&Co – Oncoclínicas&Co é o maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina, com um modelo hiperespecializado e inovador voltado para a jornada oncológica. Com um corpo clínico formado por mais de 2.900 médicos especialistas em oncologia, a companhia está presente em 40 cidades brasileiras, somando mais de 140 unidades.

Deixe um comentário