Muitos se esquecem disso, mas o couro cabeludo é uma extensão da pele. Logo, assim como a pele do corpo e do rosto, essa região também pode sofrer com uma série de doenças. “E quando o couro cabeludo não está saudável, os fios de cabelos também são afetados, tornando-se fracos, finos, sem brilho e até mesmo mais propensos à quebra e à queda”, alerta o médico tricologista Dr. Lucas Fustinoni, referência internacional em Tricologia e membro da World Trichology Society. Mas grande parte dessas condições podem ser facilmente tratadas para devolver a saúde e a beleza do couro cabeludo e, consequentemente, dos cabelos. E o primeiro passo para um tratamento bem sucedido é saber quando um problema precisa ser avaliado de perto por um médico. Então, para ajudar nessa etapa, o especialista listou os sintomas e causas das condições mais comuns do couro cabeludo. Confira:
Dermatite seborreica – A dermatite seborreica, popularmente conhecida como caspa, é uma das principais doenças que afetam o couro cabeludo, sendo caracterizada pela presença de placas descamativas, avermelhadas e que coçam na região. “Causando grande desconforto para seus portadores, a doença ocorre geralmente por um desequilibro no microbioma da pele ou por uma resposta inflamatória exagerada do organismo. Entre os agravantes da doença estão fatores como excesso de oleosidade dos cabelos, uso de substâncias que irritam o couro cabeludo, fatores emocionais, como estresse e ansiedade, doenças imunossupressoras, má alimentação e uso de hormônios masculinos”, destaca o médico.
Acne – Além de afetar a pele, a acne também pode surgir no couro cabeludo, ocorrendo quando há uma inflamação das glândulas sebáceas presentes na região. “Assim como com a acne facial, existem diversas razões para o surgimento de acne no couro cabeludo, incluindo estresse, desequilíbrio hormonal e uso de produtos à base de óleo que podem causar obstrução dos poros ou glândulas. Além disso, pacientes que têm a pele oleosa também estão mais propensos a desenvolverem acne no couro cabeludo, já que a hiperatividade das glândulas sebáceas cria um ambiente propicio para o crescimento das bactérias envolvidas no processo de formação da acne”, afirma o especialista. Mas é importante que a acne seja diagnosticada por um tricologista, já que é facilmente confundida com a dermatite seborreica, visto que ambas estão relacionadas à oleosidade excessiva do couro cabeludo e a inflamação da pele.
Psoríase – Outra doença que é constantemente confundida com a caspa é a psoríase, que também tem como sintoma a presença de placas avermelhadas e descamativas. “No entanto, na psoríase, as placas costumam ser maiores e mais grossas do que na caspa, com escamas muito mais aparentes e esbranquiçadas. Essas placas tendem a ser espessas e podem sangrar, causando dor, queimação, ardência e coceira”, ressalta o tricologista. “Causada principalmente por fatores genéticos, o quadro de psoríase pode ser agravado por motivos como estresse, baixa imunidade e falta de sol, já que a radiação solar promove uma ação anti-inflamatória que auxilia na melhora das lesões provocadas pela doença.”
Calvície – A calvície ou alopecia androgenética, cientificamente falando, é uma condição genética que causa a miniaturização dos fios, que se tornam cada vez menores e mais finos e, consequentemente, caem. “Podendo afetar tanto homens quanto mulheres, a alopecia androgenética é a causa mais comum da queda de cabelo, sendo resultado da conversão da testosterona, hormônio sexual masculino, em di-hidrotestosterona (DHT) pela enzima 5-alfa-redutase, o que leva a diminuição progressiva dos folículos pilosos a cada ciclo de crescimento dos cabelos”, diz o Dr. Lucas.
Alopecia Areata – Ainda que possuam o nome similar, a alopecia areata e a alopecia androgenética são condições distintas. Apesar da genética também estar envolvida, a alopecia areata ainda não tem causa definida e pode estar relacionada também a fatores como estresse, gravidez, traumas físicos, quadros infecciosos e doenças autoimunes. “A alopecia areata é uma doença inflamatória e autoimune que resulta na formação de placas sem cabelo no couro cabeludo. A extensão da perda de fios pode variar de paciente para paciente, restringindo-se, geralmente, a pequenas áreas, mas podendo, em alguns casos, afetar todo o couro cabeludo e até outras regiões do corpo que tenham pelos”, explica o médico.
Eflúvio telógeno – Outro tipo de queda capilar, o eflúvio telógeno é diagnosticado quando os fios que estão na fase telógena, ou seja, na fase terminal, caem intensamente por motivos como parto, interrupção do uso de pílulas anticoncepcionais ou de reposição hormonal, infecções, traumas físicos e emocionais, doenças da tireoide, dietas restritivas e deficiências nutricionais, principalmente de ferro, zinco e proteína. “Geralmente, a queda dos cabelos por eflúvio telógeno se inicia de 2 a 4 meses após o fator desencadeante, como o parto, que é uma das causas mais frequentes do problema. A intensidade da queda é tamanha que o paciente pode se assustar ao notar a quantidade de fios que se desprenderam do couro cabeludo durante a lavagem, a escovação ou o sono. Porém, geralmente, o eflúvio telógeno se resolve espontaneamente de 3 a 6 meses após o início da queda”, destaca o médico. Mas é importante lembrar que nem toda queda dos fios é eflúvio telógeno, já que é natural perdermos até 100 fios por dia devido ao ciclo natural do cabelo.
Pediculose – A pediculose é a doença causada pelos piolhos, pequenos parasitas sugadores de sangue que vivem na superfície da pele e dos pelos. Muito comum durante a infância, principalmente nas meninas devido aos longos cabelos, a pediculose é uma doença contagiosa, sendo transmitida por contato direto entre as crianças. “O principal sintoma da condição é a coceira, que, dependendo do quadro, pode ser intensa a ponto de provocar ferimentos no couro cabeludo. Mas, no geral, pode ser facilmente prevenida através de cuidados básicos, como evitar o compartilhamento de utensílios pessoais e manter os cabelos presos na escola”, comenta o especialista.
Tínea capilar – A tínea capilar, também conhecida como micose, é uma infecção fúngica que afeta o couro cabeludo e, assim como o piolho, é contagiosa, sendo transmitida através do compartilhamento de itens pessoais e acessórios de cabeça, como chapéus e bonés. “O fungo causador da condição pode levar ao surgimento de sintomas como descamação, placas amareladas, inflamação e irritação do couro cabeludo e até mesmo quebra e queda dos fios”, alerta o tricologista.
Foliculite – A foliculite no couro cabeludo é caracterizada pelo surgimento de bolinhas vermelhas e inflamadas na região que podem ou não ter pus, sendo assim constantemente confundida com a acne. “Podendo afetar homens e mulheres, apesar de ser mais frequente no público masculino, a foliculite nada mais é que uma inflamação dos folículos pilosos causada por fatores como falta de higiene adequada, transpiração excessiva e a utilização de acessórios que podem impedir a respiração adequada do couro cabeludo e causar atrito na região, como chapéus e bonés”, diz o médico.
Ou seja, são muitas as condições que podem afetar o couro cabelo e prejudicar a saúde dos fios. E, por serem facilmente confundidas, o mais importante ao notar o surgimento de alterações incomuns nos cabelos é consultar um tricologista para que o diagnóstico do problema seja feito da forma correta. “Assim como as causas, o tratamento das condições também é distinto e apenas o médico especializado poderá recomendar a terapêutica mais adequada para cada caso”, finaliza o Dr. Lucas Fustinoni.