Especialista responde algumas dúvidas em relação aos hormônios nas primeiras fases da vida
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Ao longo das diferentes fases da vida, o corpo passa por diversas transformações hormonais. Um destes grandes momentos ocorre na transição entre a infância e a adolescência, que é o momento conhecido pelos “hormônios à flor da pele”. Essas mudanças são comuns para a regulação do corpo, no entanto, algumas doenças podem ocorrer neste período e desregular o funcionamento regular dos hormônios.
Para esclarecer as principais dúvidas sobre o assunto, a endocrinologista pediátrica do Hospital Nipo-Brasileiro (HNipo), Dra. Juliana Saito Tartuci, responde abaixo as principais informações sobre a saúde hormonal pediátrica.
Como os hormônios impactam nos bebês e recém-nascidos?
Os hormônios nos recém-nascidos também são muito ativos e muitos deles vêm por meio do leite materno, regulando apetite, temperatura, estresse, desenvolvimento e, principalmente, o sono. A quantidade de cortisol presente no leite materno pode manter o bebê mais alerta durante o dia e a quantidade de melatonina possibilita boas horas de sono.
Até mesmo os hormônios do parto podem interferir no bebê. Uma pesquisa recente da Universidade de Delaware (EUA), mostrou que os hormônios liberados pela mãe durante o parto podem interferir no desenvolvimento da criança, podendo causar mudanças permanentes, tanto do lado negativo, como aumentar a predisposição a doenças, como do lado positivo, em que hormônios como a ocitocina, responsável pelo sentimento do amor, ajudam na conexão entre a mãe e o recém-nascido.
Quais as principais funções dos hormônios na saúde das crianças e dos adolescentes?
Os hormônios são substâncias produzidas pelo sistema endócrino e funcionam como mensageiros químicos. Eles passeiam pela corrente sanguínea e atuam em órgãos específicos para regular diversos processos na vida inteira, como crescimento, fome, metabolismo, humor, sono, menstruação, entre outros.
Nas crianças, o principal papel dos hormônios é proporcionar crescimento e desenvolvimento adequados para a idade. Na adolescência, quando os hormônios sexuais aparecem, os adolescentes entram na puberdade e passam por mudanças no corpo.
Além disso, os hormônios agem na saúde psicológica, podendo impactar no humor, no estresse e na felicidade das crianças e dos adolescentes.
O que acontece no corpo durante a puberdade em relação aos hormônios?
Do corpo à mente, todo o corpo sofre alterações no início da puberdade. Ao longo da adolescência que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se estende entre os 10 e 19 anos, acontecem diversas mudanças de forma muito rápida pela alta produção de hormônios e que exigem adaptação a todo momento, por isso, se refere a um período complexo para o ser humano.
Os primeiros hormônios a iniciar estas mudanças são a testosterona, estradiol e progesterona. Com isso, os primeiros sinais são o aparecimento de pelos pubianos, mudanças na voz e o crescimento dos seios. Nas meninas, inicia-se o período menstrual, marcado pela menarca, normalmente na pré-adolescência.
A produção hormonal está muito ligada ao sistema nervoso, por isso, as alterações no humor são bem comuns durante este período. As glândulas sudoríparas e sebáceas ficam mais ativas, produzindo mais suor, odor e sebo, consequentemente, começam a surgir mais acnes. Ainda muito característico desta fase, o início do interesse sexual é resultado dos hormônios do hipotálamo e da glândula pituitária.
Quais são as doenças hormonais mais comuns na infância e na adolescência e quais os seus sinais?
Muitas condições médicas que surgem na infância ou na adolescência podem necessitar da visão de um endocrinologista para serem tratadas. Algumas das mais comuns são:
- Estatura – como os hormônios do desenvolvimento são alguns dos mais importantes nestas fases, a baixa estatura ou o crescimento desenfreado podem ser decorrentes de problemas hormonais, como deficiência no hormônio, doenças genéticas ou má qualidade de vida. Ao notar muitas diferenças na estatura em relação à família, deve-se procurar um especialista;
- Puberdade precoce – ocorre quando a criança começa a desenvolver características sexuais antes da idade normal, ou seja, antes dos 8 anos. Assim a criança torna-se “adulta” antes da hora. Os principais sintomas são aqueles comuns na puberdade: o crescimento de pelos pubianos, desenvolvimento mamário e mudanças na voz, tornando-a mais grave. Medicamentos podem diminuir a produção dos hormônios por um tempo;
- Obesidade – o sobrepeso pode estar associado a desequilíbrios nos hormônios. Para evitar complicações a longo prazo, em decorrência do excesso de gordura, deve-se iniciar um tratamento multidisciplinar com reeducação alimentar e atividade física;
- Diabetes tipo 1 – esta é uma das principais doenças endócrinas em qualquer idade. O sistema imunológico ataca as células do pâncreas, o que aumenta os níveis de glicose no sangue e pode levar a consequências negativas no organismo. Pode ser necessária aplicação de insulina, novas dietas e monitoramento dos níveis de açúcar no sangue. Exames de sangue regulares ajudam na detecção, alguns dos sinais mais comuns são sede e fome constantes, cansaço e aumento da frequência urinária.
- Hipotireoidismo congênito – nestes casos a produção de hormônio tireoidiano é insuficiente, causando sensibilidade na pele, ressecamento, cansaço e dificuldade de crescimento. Pode ser necessária reposição hormonal.
- Síndrome de Cushing – condição causada pelo alto nível de cortisol, tem como principais sinais o aumento de peso, acúmulo de gordura no abdômen e estrias na região. Cirurgias e remédios ajudam a tratar a condição;
- Síndrome de Turner – causada pela ausência de cromossomos sexuais, exclusivamente em meninas. Caracterizada por baixa estatura, pescoço largo, cabelos na linha posterior da cabeça e problemas cardíacos, o tratamento também passa por hormônios de crescimento.
Como garantir o pleno funcionamento dos hormônios?
Os dois principais fatores que garantem hormônios saudáveis são: alimentação regrada com alimentos naturais e muita água, além de exames regulares para controlar e avaliar o funcionamento do corpo e de suas funções.
Não tem segredo, assim como para garantir o pleno funcionamento e desenvolvimento dos órgãos, os hormônios funcionam melhor com uma alimentação balanceada, boas noites de sono, atividades físicas, afeto dos pais e familiares, brincadeiras e espaço para imaginação na rotina. As crianças precisam de tudo isso para se desenvolver de forma saudável e ainda construir bons hábitos para a vida inteira.
Fonte: Endocrinologista Pediátrica do Hospital Nipo-Brasileiro (HNipo), Dra. Juliana Saito Tartuci
