A gravidez é um período na vida da mulher em que cuidados com a saúde devem ser reforçados para seu próprio bem-estar e, também, porque beneficiam diretamente a saúde do bebê. Um desses cuidados é a vacinação. O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde No Brasil, são recomendadas quatro vacinas, ao longo do pré-natal, sendo todas oferecidas gratuitamente nos postos de saúde municipais. A cada nova gestação algumas delas devem ser repetidas. Coqueluche, tétano, difteria, hepatite B e gripe são doenças prevenidas por essas vacinas.
Baixa cobertura vacinal em gestantes
O país tem registrado baixa adesão das gestantes ao programa de vacinação. Em 2020 menos da metade das grávidas se vacinaram contra difteria, coqueluche e tétano: a cobertura vacinal da Tríplice Bacteriana (dTpa), que previne essas doenças, foi de apenas 44%. Os baixos percentuais que têm se repetido nos últimos anos são preocupantes pela vulnerabilidade gerada a doenças como, por exemplo, a coqueluche, uma infecção respiratória grave para recém-nascidos, que, segundo um estudo, em 39% dos casos, contraem da própria mãe. O papel da vacina é, além de imunizar a gestante – a principal transmissora -, proteger também o bebê.
“Os anticorpos que passaram da mãe para ele durante gestação, são muito importantes nos primeiros meses de vida”, destaca Ana Clara Medina (CRF/RJ 24.671), farmacêutica, gerente científica e de assuntos médicos de vacinas da GSK.
Proteção antes e após a gravidez
Além das imunizações durante a gravidez que protegem contra coqueluche, tétano, difteria, hepatite B e gripe, as mulheres devem se atentar ainda para as vacinas recomendadas antes e depois da gestação.
Para quem planeja engravidar, a atualização da caderneta vacinal é importante para garantir a imunidade materna contra doenças que têm prevenção por vacinas, mas que não podem ser administradas durante a gestação. Vacinas contra catapora, sarampo, caxumba, rubéola e HPV são contraindicadas às gestantes e, por isso, devem ser administradas antes da gravidez ou no puerpério, mesmo que a mãe esteja amamentando. Após o nascimento do bebê, a vacinação materna é fundamental para quem não se imunizou antes ou durante a gravidez. Já o bebê deve seguir o calendário de vacinação de crianças para estar protegido.
” Para quem vai estar mais perto do bebê, carteira de vacinação deve estar atualizada. A indicação é que isso seja feito antes do nascimento do bebê, o quanto antes, para que todos já estejam protegidos no momento do nascimento. Por não terem o sistema imunológico formado completamente e por não terem idade para tomar todas as vacinas, os bebês são mais vulneráveis a infecções. Doenças com tratamentos aparentemente simples para adultos podem ser graves para recém-nascidos”, orienta Ana Clara Medina.
Coqueluche – proteção de mãe para filho
A coqueluche é uma infecção altamente contagiosa, também conhecida como “tosse comprida” por causa do seu principal sintoma, a tosse seca em sequência. A doença acomete principalmente crianças menores de um ano, podendo ser fatal. As complicações da coqueluche são mais relatadas em bebês menores de dois meses, que possuem maiores taxas de hospitalização (Quanto mais novo é o bebê, mais grave se torna a doença, e até atingir os seis meses de idade, quando poderá completar o esquema primário de vacinação, fica vulnerável.
Justamente pela gravidade acentuada em recém-nascidos, como a forma de prevenção da coqueluche nos primeiros meses de vida, a vacina Tríplice Bacteriana (dTpa) integra o calendário de vacinação da gestante. O bebê obtém os anticorpos a partir da produção da mãe que recebe o imunizante ainda durante a gestação.3 Essa será a sua proteção contra a doença nos primeiros meses de vida. Seguindo o Programa Nacional de Imunizações, aos dois meses de idade a criança recebe a primeira dose da pentavalente, vacina que também previne a coqueluche.
Transmissão e sintomas
Transmitida por gotículas contaminadas pela bactéria Bordetella pertussis ao tossir, espirrar ou até mesmo falar, a coqueluche em adultos costuma manifestar sintomas menos graves, tais como mal-estar geral, secreção nasal, tosse seca e febre baixa, quando comparados aos em crianças. Nelas, que são o grupo mais vulnerável, a tosse é o sintoma que mais se destaca, podendo avançar para grave e descontrolada, comprometendo a respiração e até provocando vômitos e cansaço extremo.
“Deve-se sempre manter medidas de higiene para proteger a criança da coqueluche e de outras doenças: cobrir a boca e o nariz com um lenço ao tossir ou espirrar; não beijar o bebê no rosto e nas mãos; lavar as mãos corretamente antes de pegar o bebê; e evitar contato com pessoas doentes”, alerta Ana Clara Medina.