Maurício, de 3 anos, hoje vive com parte do fígado doada por uma amiga de sua mãe e com o rim de um doador que teve morte cerebral e a família autorizou a doação dos seus órgãos
Maurício José Luz Alvarenga Paião, hoje com 3 anos, natural do Piauí, está salvo e seguindo uma vida normal graças a dois transplantes que fez no último ano: de rins e de fígado. Chegar até as cirurgias não foi nada fácil, e até mesmo a pandemia do coronavírus adiou a realização dos procedimentos. Mas Maurício teve a sorte de conseguir doadores compatíveis vivo e também já falecido, recebeu os melhores tratamentos até o transplante, e sua família conseguiu superar todos os desafios, entre eles mudar do Piauí para São Paulo para fazer o tratamento especializado de hemodiálise.
Ele nasceu no dia 10 de julho de 2018, de forma prematura, quando sua mãe, a dentista Erika da Silva Luz Alvarenga, de 39 anos, tinha apenas 35 semanas de gestação. “Nasceu e não ficou internado, ou seja, nasceu bem, mas aos dois meses sugiram os problemas. Apresentava irritabilidade, vômitos constantes, não conseguia dormir, chorava até no banho. Aos três meses teve uma convulsão e os exames identificaram níveis de ureia e creatinina alterados. Foi quando soubemos que ele era um paciente portador de doença renal crônica. Logo, já teve que fazer o procedimento para colocar o cateter e iniciar a diálise peritoneal. Mas após alguns dias, a ureia continuava descontrolada e o Maurício ainda teve uma peritonite, que é uma inflamação do peritônio, uma membrana que reveste as paredes da cavidade abdominal e recobre órgãos abdominais e pélvicos”, relata a mãe.
A diálise peritoneal é uma modalidade de terapia que pode até ser feita em casa, e para alguns pacientes está indicada, porém no caso do Maurício, não apresentou bons resultados, sendo necessário modificar para a hemodiálise. Por ter peso de 3,8 kgs, a indicação foi o tratamento especializado para crianças com doenças renais e de baixo peso da Clínica Samarim, da Fresenius Medical Care. Nessa época, com 4 meses de vida, ele chegou bem inchado pesando seis quilos e ficou sedado, sendo tratado no hospital, até que pudesse fazer hemodiálise diariamente, quatro horas por dia, na clínica. Um exame genético comprovou a doença: Maurício era portador de hiperoxalúria primária tipo 1 e teria que fazer também um transplante de fígado, pois os exames apontaram que havia falta de uma enzima do fígado.
Na família, todos tinham tipo sanguínea A e o Maurício era O. Começamos a buscar doadores vivos, mas ninguém foi compatível. Até que uma amiga de faculdade se ofereceu para doar. E para isso, ela teria apenas um desafio: precisava emagrecer. E ela logo se prontificou a buscar. Mas foi aí que veio mais um desafio: a pandemia do coronavírus iniciou, e todas as cirurgias foram adiadas. Nesse período, Maurício ficou fazendo a hemodiálise, a terapia que lhe garantiria a vida até que pudesse realizar o transplante. E foi em agosto de 2020 que ele finalmente pôde fazer o primeiro transplante. Minha amiga Ellen doou um pedaço do fígado para ele. E a cirurgia foi um sucesso. Deu tudo certo. Mas como ainda tinha doença renal crônica como consequência do depósito de oxalato nos rins, ainda continuou em hemodiálise aguardando o transplante renal”.
No início de janeiro deste ano, Maurício foi priorizado para o transplante renal, após a liberação da equipe da hepatologia e por ter feito um transplante prévio. Em poucos dias, surgiu um rim de um doador falecido que a família autorizou a doação. Nesse dia, ele estava com dois anos.
” Ele já saiu urinando normalmente, cirurgia um grande sucesso. No dia seguinte, a creatinina já baixou de 2 para 0,56, mas ele seguiu fazendo hemodiálise três vezes na semana, por duas horas, para garantir a retirada do oxalato de cálcio acumulado. Até que pouco tempo depois, parou de fazer a hemodiálise. Agora está crescendo normalmente, se desenvolvendo, vivendo uma vida normal, suas taxas estão ótimas e já voltamos para a nossa cidade natal”.
A médica nefropediatra da Samarim, Drª Simone Vieira, explica que enquanto o rim não chega, a missão da clínica é deixar o paciente com a melhor condição de saúde possível.
De acordo com a médica, o transplante é a opção para a falência renal que mais se aproxima de uma vida normal, por oferecer mais liberdade e maior expectativa de vida.
Uma linda história de amor em todos os sentidos!❤️ Salve Maurício!🙏🏻