Poucas coisas na vida são tão fortes quanto o amor de mãe e não é pra menos: nossa ligação com quem nos deu a vida ou nos criou são muitas vezes sobre-humanas.
Embora as ligações entre uma mãe e seu filho sejam muitas vezes indescritíveis, é possível entender este sentimento com ajuda da neurociência. Neste Dia das Mães, a neurociência Livia Ciacci nos ajuda neste processo.
Uma ligação estritamente humana
Boa parte das espécies vivas manifestam zelo por seus filhotes, mas apenas os humanos se permitem relações humanas que envolvem fragilidade: olho no olho e coração com coração, o que estabelece confiança. O vínculo da confiança, e todos os opiáceos e endorfinas liberados no corpo humano causando prazer e relaxamento, fazem com que nossas relações sejam mais constantes e duradouras. O que chamamos de amor decorre do fortalecimento dos vínculos, junto com o desenvolvimento mais complexo do cérebro e sistema límbico (aquele das emoções) e a cultura de convivência social.
“O amor passa a ser a fonte mais forte de socialização do ser humano. Foi o amor e a emoção que estabeleceu o modo de viver da espécie humana. É a emoção central da nossa história. Sem o amor de mãe, nós não formaríamos vínculos, sem vínculos não formaríamos os sistemas sociais, sem estes não haveria colaboração genuína. O amor materno é o ‘adesivo’ biológico da nossa sociedade”, detalhou a neurocientista Livia Ciacci.
Emoções: o início de tudo
Quando pensamos em vínculo de mãe e filho, sobretudo no ventre materno, precisamos entender para além das características físicas.
Na fase de formação do embrião, o feto está muito mais vulnerável a questões emocionais que também já o afetam. O estresse intenso vivido por uma gestante afeta o volume do hipocampo do bebê, que é a área relacionada às memórias.
Uma grávida que se preocupa muito e trabalha por longas horas, altera a enzima que impede que o cortisol (hormônio do estresse) passe para o bebê através da placenta, e o bebê nasce estressado.
Já o suporte materno precoce promove a expressão de genes específicos, neurogênese e desenvolvimento cerebral aprimorado. O hipocampo cresce duas vezes mais rápido em crianças cujas mães demonstravam afeto e apoio emocional, em comparação com as que eram mais distantes e sem tanto vínculo afetivo. Hipocampo é responsável por habilidades como a memória, o aprendizado e o controle das emoções, e seu crescimento está associado com um desenvolvimento emocional mais saudável quando as crianças passavam para a adolescência.
Amor como alicerce humano
Você certamente já encontrou adultos bem desenvolvidos e bem-sucedidos no que se propuseram a fazer. O que todas essas pessoas têm em comum? A grande maioria delas recebeu amor genuíno ainda na primeira infância.
Podemos pensar essa analogia como um edifício. “Quando olhamos um prédio não enxergamos o que o coloca de pé. É exatamente assim com a nossa vida adulta: expressamos ao mundo nossa fachada, mas o que nos mantém em pé são as fundações que foram construídas na infância e nossas fundações são feitas a partir do vínculo com a mãe e seu afeto. O afeto no início da vida é a chave para a saúde mental, para a inteligência e longevidade e a ciência já sabe disso”, detalhou a neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro, Livia Ciacci.
O amor que nos move
Agora você já sabe que o que você sente pela sua mãe faz o seu corpo funcionar melhor é preciso entender o amor também como um combustível para a longevidade.
“Alguns pesquisadores estudaram as “zonas azuis” – regiões do mundo onde as pessoas vivem muito, passando dos 100 anos. E eles mostram que essas pessoas possuem fortes vínculos emocionais com a família, além de serem ativas cognitivamente e fisicamente”, detalhou Livia.
A especialista finaliza que, independentemente da sua relação materna ou com familiares é importante não subestimar a importância das emoções no autocuidado.
“Pelo seu bem e de quem você ama, procure resolver rápido brigas e desentendimentos, mesmo que não seja fisicamente. Uma ligação de vídeo aguça a audição e a visão, que mesmo não sendo o abraço, vai provocar as emoções positivas e alimentar o vínculo. Mães, vocês têm uma enorme responsabilidade e são as nossas heroínas, pois não apenas nos dão a vida, mas são a sustentação para que essa vida seja longa e feliz”, concluiu a especialista.
A neurociência Livia Ciacci – Método SUPERA