Como usar produtos à base de DEET de forma segura e qual a eficiência deles na proteção contra insetos.
Já conhecendo os hábitos dos insetos, cuidados físicos ambientais, uso apropriado de repelentes químicos, vamos passar para a próxima fase da luta contra esses pequenos agentes que causam imenso incômodo: repelentes e inseticidas para passar na pele ou na roupa das crianças.
Esse tema é tão amplo que causa muitas dúvidas e gerou uma RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) da ANVISA em abril de 2013: a RDC nº19/2013. Vamos falar muito sobre o conteúdo dessa resolução.
De uma forma geral:
– Quanto mais concentrado o produto (10, 15, 30% ou mais), maior a duração da proteção.
– Quanto mais vezes o produto for aplicado e quanto maior a quantidade, maior a sua eficácia.
Porém, ao mesmo tempo, a maior concentração, maior quantidade e o maior número de aplicações podem trazer mais riscos de toxicidade.
Assim, há que se balancear os benefícios e os riscos para que se atinja um ideal. E isso só se consegue através da conscientização e sensibilização através de leis e informação.
Como são 3 os principais produtos (DEET, IR3535 e a Icaridina) acho que consigo falar deles em uma matéria só. Será? 3.2.1… tentando.
DEET
Esse composto todos conhecem, não é mesmo?
É o N,N-DIETIL-META-TOLUAMIDA ou o N,N-DIETIL-3-METILBENZAMIDA.
Não? Nenhuma ideia do que estou falando?
Ele é tão famoso que a tal daRDC nº19/2013fala especialmente dele. É o mais comercializado atualmente. Sua eficácia de proteção contra o Aedes aegipty é de 80 a 95%.
Nessa tabela, você poderá conhecer melhor os produtos que são feitos à base de DEET (e dos outros componentes também). Já associou agora? Agora você conhece né?
Aliás, aproveitando para explicar, os dados que aparecem na tabela são os nomes comerciais, a concentração da substância química, a idade a partir da qual ela é recomendada e o tempo de ação de proteção. Fica mais fácil assim entender.
A resolução publicada no DOU (Diário Oficial da União) em 11 de abril de 2013, ainda estabelece as recomendações da rotulagem (vale a pena ver).
O DEET é um derivado organofosforado que pode ter como efeitos colaterais e limitantes a sua toxicidade e as reações cutâneas. A partir daí, a ANVISA estabeleceu oscritérios segurospara uso:
Art. 5º O uso de produtos repelentes que contenham o ingrediente DEET:
I – não é permitido em crianças menores 2 (dois) anos;
II – é permitido em crianças de 2 (dois) a 12 (doze) anos de idade, desde que aconcentração do referido ingrediente não seja superior a 10%, restrita a apenas3 (três) aplicações diárias, evitando-se o uso prolongado.
Parágrafo único. São permitidas as formulações contendo DEET, em concentrações superiores a 30% (trinta por cento) para pessoas com idadesuperior a 12 anos, desde que sejam realizados estudos de avaliação de riscopara humanos, levando-se em consideração a frequência de aplicação.
Na tabela de produtos, pode-se observar que no Brasil a maioria dos produtos com DEET liberados a partir de 2 anos têm menos de 10% do produto em sua composição. A Academia Americana de Pediatralibera o uso de DEET a partir dos 2 meses (na concentração de 10%) e concentrações acima de 30% acima de 2 anos. Na França, aceitam concentrações de 30% para crianças entre 2 anos e meio e 12 anos.
Porém, a recomendação de uso é de no máximo 3 vezes ao dia a duração de ação nessa concentração é de 2 horas. Na concentração de 14%, liberada apenas para crianças acima de 12 anos, a ação é de até 6 horas (mesmo 3 vezes ao dia, cobriria apenas 18 horas do dia).
Percebe-se, assim que esse é um produto para ser utilizado em associação com outras formas de proteção, se pensarmos em 24 horas de proteção, e é recomendado para situações nas quais a exposição aos insetos será mais intensa.
Estudos publicados noThe New England Journal of Medicine mostram o tempo de proteção completa de acordo com a concentração do DEET:
– 4,75% – 88 minutos (1 hora e 28 minutos)
– 6,65% – 112 minutos (1 hora e 52 minutos)
– 23,8% – 301 minutos (5 horas).
Mais uma informação importante. O DEET pode ser aplicado sobre as roupas e nas áreas expostas do corpo. Não aplicar no corpo todo e a seguir colocar as roupas. Isso aumenta o tempo e a intensidade da exposição, evitando a evaporação que é importante acarreta numa possível maior absorção, tanto pela pele quanto pelo sistema respiratório, podendo causar mais efeitos tóxicos.
Pausa para uma reflexão: não vou mesmo conseguir falar de todos de uma vez. Quem me conhece já sabia disso. Rsrsrs.