Na Semana Azul Saiba da Importância do Diagnóstico Precoce do Autismo
Nesta semana iniciou-se a Semana do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado no dia 2 de abril. E neste ano de 2022 o tema da campanha é “Lugar de Autista é Em Todo Lugar” que tem como intuito promover a inclusão dos portadores de autismo em toda a sociedade.
Como bem sabemos o autismo tem como caraterísticas: a dificuldade na comunicação e interação social; apresentando padrões restritos e repetitivos de comportamento, atividades ou mesmo interesses. O atraso na fala, a dificuldade no contato visual, ou não responder quando é chamado são os primeiros sinais do TEA (Transtorno do Espectro Autista), prejudicando o desenvolvimento neuropsicomotor. As causas podem envolver vários fatores, desde a genética como a presença de outras anomalias.
Segundo o Dr. Marcone Oliveira, Médico Neuropediatra, especialista em transtornos do neurodesenvolvimento e Orientador de Pais diz:- Nesta semana, em que acontece campanha de conscientização do autismo, não podemos deixar de falar sobre o diagnóstico precoce. É um período ideal para se falar nesse tema e alertar a todos. A importância do diagnóstico precoce, segundo o que vários estudos mostram, é que quanto mais cedo se faz o diagnóstico e a intervenção, maior e melhor é o desenvolvimento da criança devido a capacidade de neuroplasticidade, e de maior potencial de aprendizado, além do período de adaptação da criança e do conhecimento da família – enfatiza Dr Marcone.
Só no Brasil, já foram diagnosticados 2 milhões de indivíduos com autismo, que são divididos em três níveis. O nível um é o mais leve, é quando a criança necessita de algum apoio para ajuda-la a superar as limitações na comunicação e na interação social. No nível dois, a criança necessita de um repertório maior de apoio, as limitações de comunicação verbal e não verbal são muito maiores, e a interação social é muito mais difícil. E para finalizar, o nível três é o que apresenta mais prejuízos, sendo o nível mais severo, com grandes obstáculos na interação com as pessoas, além dos grandes prejuízos na comunicação verbal e não verbal.
Uma outra coisa é que os pais sempre tem dúvida de qual a idade se consegue fazer o diagnóstico. É o mais precoce possível, mas os pais não entendem isso; muitas vezes os pais vão a profissionais que não tem conhecimento sobre autismo, e esses profissionais tentam tranquilizar os pais dizendo que a criança falará em breve pedindo para voltar meses depois, podendo nesse caso, atrasar a intervenção com o diagnóstico. E o diagnóstico mais precoce possível pode ser aos nove meses, pode ser com seis meses, com um ano e meio ou dois anos. Existe uma falsa ideia que de o diagnóstico deve ser feito depois dos três anos, e uma falsa ideia, de alguns profissionais que não conhecem o tema adequadamente, de que a criança vai falar até dois anos. É bem importante discutir esse tema nesse período para trazer esclarecimentos aos pais e a comunidade– alerta o Dr. Marcone Oliveira.
É preciso lembrar dos fatores de risco, ainda no pré-natal, que podem resultar no surgimento do transtorno, desde a exposição de drogas, como a cocaína ou de álcool em níveis elevados, a exposição de pesticidas e a associação com algumas doenças autoimunes. Há também os riscos da prematuridade, dos riscos ambientais, o contato com elementos químicos como o cádmium, níquel, mercúrio e outros, poluição do ar e a idade avançada dos pais.
O autismo é uma dificuldade de comunicação social, não só de fala, mas também dificuldade de contato visual, de apontar, de compartilhar brincadeiras. São crianças com movimentos repetitivos, estereotipias e alterações sensoriais, e quando presente essas alterações podem atrapalhar o desenvolvimento funcional da criança. Por isso se faz urgente discutir o tema do diagnóstico precoce, principalmente neste período – finaliza Dr. Marcone Oliveira.
Dr. Marcone Oliveira é Médico Pediatra, com especialização em Neurologia Infantil pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Possui também Graduação em Farmácia pela Universidade Vale do Rio Doce; é Mestre em Ciências Fonoaudiológicas pela UFMG.