Diabetes Tipo 2 Cresce entre Crianças e Adolescentes no Brasil Potencializada pelas Altas Taxas de Obesidade e Sedentarismo

O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo

O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo e 1,1 milhão de crianças e adolescentes com menos de 20 anos apresentam o tipo 1 da doença, causada por problema na produção deficiente da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas1  . Porém, nos últimos anos, o tipo 2, considerado, por muito tempo, uma doença de adultos, já que está associada à obesidade e ao envelhecimento, tem crescido entre o público infantil e jovem de maneira alarmante.

“Mudanças de hábitos, como má alimentação, sedentarismo e obesidade, favorecem o aumento deste tipo da doença, assim como questões de saúde mental, potencializadas durante o isolamento provocado pela Covid-19, que contribuiu para quadros de ansiedade e depressão que, muitas vezes, podem gerar compulsão alimentar”, afirma a Dra. Cristina Khawali, endocrinologista e Gerente Médica de Análises Clínicas do Delboni Medicina Diagnóstica, pertencente a Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil. Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde em 2020, estima que 6,4 milhões de crianças tem excesso de peso no Brasil e 3,1 milhão já evoluíram para a obesidade.

Segundo a especialista, crianças com obesidade têm maior risco de desenvolver diabetes, doenças cardíacas, nas articulações e até câncer. “Até a década de 1990, mais de 95% das crianças com diabetes, tinham o tipo 1. Atualmente, cerca de um terço das crianças recém-diagnosticadas com a doença estão com o tipo 2, com maior prevalência no final da adolescência, entre 15 e 19 anos”, alerta.

Um Estudo coordenado pelo Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro2, com dados de 2019, mostrou que 1 a cada 10 crianças brasileiras de até 5 anos de idade está com o peso acima do ideal, sendo 7% com sobrepeso e 3% já com obesidade. Comparado à pesquisa anterior, de 2006, a situação piorou muito: a prevalência de excesso de peso nessa faixa etária aumentou de 6,6% (2006) para 10% (2019).

Além do sobrepeso e obesidade, fatores de risco para a diabetes tipo 2 são pai, mãe, irmãos, tios com a doença, hipertensão arterial, níveis elevados de colesterol e triglicérides, baixo peso ao nascimento em relação à idade gestacional e falta de atividade física.

Diagnóstico e sintomas da doença

O diagnóstico do diabetes em crianças e adolescentes acontece pela observação de sintomas e por exames de urina ou sangue que apontam para hiperglicemia. “Mas, muitas vezes, os sintomas não são aparentes e o diagnóstico só é confirmado quando exames de sangue ou urina são realizados por outras razões, como pré-operatória ou avaliação física antes de praticar esportes”, ressalta a Dra. Cristina.

Ela explica que o diagnóstico é confirmado pela medição da glicemia em jejum. “Se a concentração de glicose for de 126 mg/dL ou superior em duas situações diferentes, a criança tem diabetes. Outro medidor importante é o nível aleatório de glicose, caso for de 200 mg/dL ou mais, na presença de sintomas. Já a hemoglobina glicada também pode ser usada para realizar o diagnóstico quando está numa concentração igual ou maior que 6,5%. Os níveis de HbA1c são mais úteis para diagnosticar o diabetes tipo 2 em crianças”.

Crianças e adolescentes com diabetes tipo 2 podem necessitar realizar mais exames para detecção de outras doenças, como hipertensão arterial, concentração elevada de lipídeos no sangue e esteatose hepática, quadros são comuns quando esta faixa etária está com sobrepeso, obesidade e diabetes tipo 2. Outras doenças associadas são a apneia obstrutiva do sono e, em meninas, a síndrome do ovário policístico. “Medidas como mudanças nos hábitos alimentares, aumento na atividade física e perda de peso podem ajudar a prevenir ou retardar o desenvolvimento de diabetes tipo 2 em crianças com risco de desenvolvimento da doença”, finaliza a médica.

Referências

1. Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF)

2. Estudo Nacional de Alimentação Infantil

Fonte: Dra. Cristina Khawali, endocrinologista e Gerente Médica de Análises Clínicas do Delboni Medicina Diagnóstica, pertencente a Dasa

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