Dieta ajuda quem tem Lipedema?

Especialista explica e fala sobre a doença da ex-paquita Tatiana Maranhão

A jornalista e ex-paquita, Tatiana Maranhão, que prepara uma live nesta segunda com um dos pioneiros em Lipedema no país, dr. Fábio Kamamoto, revela que o peso nas pernas, inchaço nos pés, hematomas, e, principalmente, os nódulos de gordura na perna e joelho que não saem com dieta, tratamento estético a laser, ginástica ou afins, são os piores sintomas para quem sofre com a doença

Para as portadoras desta patologia, que atinge cerca de 10% das mulheres em todo o mundo, não existe vida com qualidade sem exercícios e uma alimentação controlada

Além de crônica, o Lipedema é uma doença progressiva, isto quer dizer que vai aumentando com o passar dos anos. Quem tem Lipedema estágio 1 pode passar para o nível 2, 3 e assim por diante, se não cuidar. Por isso, é fundamental e necessário que as mais de cinco milhões de mulheres (estimativa de casos no Brasil) cuidem da saúde do corpo de um ponto de vista holístico, ou seja, de dentro para fora.

“Há pouco mais de uma semana fui diagnosticada com Lipedema. É importante falar sobre o diagnóstico, o início do tratamento e descobrir o que podemos fazer”, revela a jornalista e ex-paquita, Tatiana Maranhão.

Entendendo melhor o Lipedema

Dr. Fábio Kamamoto é um dos pioneiros e um dos poucos especialistas no tratamento cirúrgico da doença no país. Ele esclarece que o Lipedema é uma doença que atinge mulheres no mundo inteiro, causada pelo acúmulo de gordura nos braços, quadris e, principalmente, nas pernas. As principais características do Lipedema, que possui quatro estágios são: dores frequentes nas regiões das pernas, quadril, braços e antebraços, que ficam mais grossos e desproporcionais em comparação com o restante do corpo, no tornozelo parece que há um “garrote” e os joelhos perdem o contorno. A mulher pode apresentar hematomas (ficar roxa) por qualquer movimento mais brusco. Isto acontece porque a doença provoca reação inflamatória em células de gordura nestas regiões.

Um dos exames que facilitam o diagnóstico é a ressonância magnética, em que é possível observar o acúmulo de gordura ao redor dos músculos. “Infelizmente, eu sequer sabia da existência dessa doença, nem eu, nem as dezenas de médicos das mais diversas especialidades que fui desde a adolescência. Passei a vida tomando remédios para emagrecer – que só fizeram o meu metabolismo pirar, além de pílulas anticoncepcionais e exercícios que sobrecarregaram minhas articulações. Somente agora tive acesso a essas informações. Muito triste constatar que é uma doença que atinge tantas mulheres (1 a cada 10) e tão pouco estudada e divulgada. Venho de uma geração (anos 80) em que o corpo da mulher era alvo de cobranças diárias. Eu particularmente sofri demais com esse tema, um trauma não só para o corpo, mas também para a cabeça de tantas meninas ainda em fase de formação”, diz Tatiana Maranhão

O poder da dieta anti-inflamatória

Quando a mulher com Lipedema faz dieta, ela não perde peso nos membros que estão com acúmulo de gordura. Esta é a principal diferença para quem não tem a doença, que por meio de exercícios contínuos consegue emagrecer. No entanto, o tratamento clínico para as portadoras do Lipedema, que engloba não só o controle hormonal e a fisioterapia como também o controle da inflamação do corpo, tem como objetivo retardar a progressão da doença. E um dos pilares fundamentais deste tratamento é a alimentação. 

O nível de gordura que uma mulher com Lipedema tem no corpo está relacionado com o nível de sua inflamação interna e, por consequência, na piora dos sintomas da doença. “Não é à toa que o Lipedema é comumente chamado de síndrome da gordura dolorosa. É porque é uma doença da gordura, que está muito inflamada, e dói muito mesmo. Fora o peso, experimente colocar 3kg daqueles de academia em cada perna. É este desconforto diário mais a dor do toque que a mulher com Lipedema sente”, avalia dr. Kamamoto.

O objetivo da dieta anti-inflamatória é a diminuição da dor, do desconforto e da sensação de peso nas pernas. Estes são os primeiros sinais satisfatórios do tratamento. O acompanhamento clínico pode evitar a progressão acelerada da doença e proporcionar mais qualidade de vida para estas mulheres. 

“Comer bem sempre foi uma paixão para mim. Se tivesse tido o diagnóstico de Lipedema na adolescência, certamente minha vida teria sido outra. Fui educada a ter uma alimentação saudável desde pequena pelo meus pais. Sou obstinada e tenho certeza de que melhorar a alimentação, deixá-la mais direcionada para a minha condição não será um problema. Nada como o equilíbrio para se ter um resultado perene. Cortar excessos em prol de um desejo maior não é um problema e sim uma solução!”, finaliza Tatiana.

O que consumir?

A dieta anti-inflamatória é rica em nutrientes, composta de verduras, legumes, leguminosas como feijão, ervilha, lentilha; tubérculos como mandioca, batata, cenoura, gengibre; raízes e rizomas; ervas e especiarias (condimentos naturais); gorduras boas como abacate, azeite; oleaginosas como as nuts; grãos e sementes como chia, girassol, linhaça. “Importante dizer que para seguir uma dieta anti-inflamatória não pode consumir sódio, glúten ou bebidas alcóolicas. E tomar água é fundamental, já que é um dos ingredientes essenciais para desinflamar o corpo de dentro para fora”, comenta dr. Kamamoto.

Para que praticar exercícios se não vou emagrecer? Para quem tem Lipedema a prática de atividade física regular atua de uma forma diferente: ela melhora do fluxo sanguíneo e linfático. Por isso, recomenda-se exercícios de baixo impacto como natação, caminhada, alongamento, pilates, yoga e bicicleta. “São excelentes opções para também fortalecer os músculos, manter o corpo em movimento e gerar estímulo para o metabolismo funcionar bem”, finaliza dr. Kamamoto

Fonte: O Instituto Lipedema Brasil é o primeiro centro de referência de Lipedema no país, criado para compartilhar informações, apresentar a doença para a sociedade e mobilizar milhões de mulheres.

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