Dieta, fumo, cafeína, álcool… tudo isso tem influência ou é causa da infertilidade?

Otimizar naturalmente a fertilidade requer algumas mudanças no estilo de vida, mas quais? O que realmente influencia

A fertilidade é definida como a capacidade de produzir um filho. A probabilidade de concepção é geralmente mais elevada no primeiros meses de relações sexuais desprotegidas e diminui gradualmente a partir de então. “Aproximadamente 80% dos casais vão conceber nos primeiros 6 meses de tentativa de gravidez. A fecundidade mensal (a probabilidade de gravidez por mês) é maior nos primeiros 3 meses. A fertilidade relativa diminui pela metade aos 40 anos em comparação com as mulheres no final 20 e início dos 30, a época do pico fertilidade”, explica o ginecologista obstetra Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. “Existem muitas causas para a infertilidade, entre elas doenças e problemas de ovulação, mas muitos maus hábitos também têm relação com a dificuldade em conceber um filho. Ajustar o estilo de vida é fundamental”, acrescenta. Abaixo, o especialista fala sobre os principais tópicos de estilo de vida que podem influenciar:

Dieta: As taxas de fertilidade são diminuídas em mulheres que são muito magras ou obesas, mas dados sobre os efeitos das variações normais na dieta sobre fertilidade em mulheres ovulatórias são poucos. “Elevados níveis de mercúrio no sangue, provenientes do alto consumo de frutos do mar já foram associados à infertilidade. Vários estudos de coorte avaliaram a associação entre padrões alimentares, macronutrientes, micronutrientes e fertilidade. No geral, é recomendado maior consumo de gorduras monoinsaturadas em vez de gorduras trans, fontes de proteína vegetal em vez de animais, carboidratos de baixo índice glicêmico, laticínios com alto teor de gordura, multivitaminas e ferro de plantas e suplementos. Segundo estudos, esses ajustes foram associados a um menor risco de infertilidade relacionado à disfunção ovulatória. Alguns trabalhos também avaliam que essa intervenção dietética demonstra uma maior probabilidade de nascidos vivos entre as mulheres que utilizam técnicas de reprodução assistida”, conta o médico.

Fumo: Fumar não combina com concepção de um filho. “Fumar tem efeitos adversos substanciais sobre a fertilidade. Uma grande metanálise comparando 10.928 mulheres fumantes com 19.128 mulheres não fumantes descobriu que as fumantes eram significativamente mais propensas a serem inférteis. A observação de que a menopausa ocorre, em média, 1 a 4 anos mais cedo em fumantes do que em não fumantes sugere que fumar pode acelerar a taxa de depleção do estoque de óvulos. O tabagismo também está associado com um risco aumentado de aborto espontâneo, tanto em gestações concebidas naturalmente quanto naquelas resultantes de técnicas de reprodução assistida. Diminuições na quantidade e motilidade dos espermatozoides e anormalidades na morfologia também foram observadas em homens fumantes”, explica o Dr. Fernando.

Álcool: Estudos mostraram uma tendência de diminuição da concepção em pacientes com maior consumo de álcool. “Níveis mais elevados de consumo de álcool por mulheres (mais de duas bebidas por dia) provavelmente devem ser evitados ao tentar engravidar. Além disso, naturalmente, o consumo de álcool deve cessar completamente durante a gravidez, porque o álcool tem efeitos deletérios no desenvolvimento fetal e nenhum nível de consumo de álcool ‘seguro’ foi estabelecido”, explica o médico. Além disso, a dependência crônica de álcool em homens tem sido associada com mais baixas contagens de espermatozoides, além de pior motilidade espermática, morfologia espermática, volume de líquido seminal e menores níveis séricos de testosterona.

Cafeína: Tudo bem tomar café, mas o exagero não é bom. “Altos níveis de consumo de cafeína (500 mg; > 5 xícaras de café por dia ou seu equivalente) têm sido associados à diminuição da fertilidade. Durante a gravidez, consumo de cafeína acima de 200 a 300 mg por dia (2-3 xícaras por dia) pode aumentar o risco de aborto. No geral, o consumo moderado de cafeína (1-2 xícaras de café por dia ou equivalente) antes ou durante gravidez não tem efeitos adversos aparentes sobre a fertilidade ou resultados da gravidez. O consumo de cafeína não afeta parâmetros de sêmen em homens”, destaca o médico.

Drogas recreativas: Um estudo descobriu que a prevalência de infertilidade aumentou em mulheres que relataram usar cannabis. “Alguns trabalhos também mostraram que homens que fumam maconha têm contagens de esperma 29% mais baixas do que homens que nunca fumaram cannabis, e há um efeito dose-dependente na contagem de espermatozoides”, diz o médico. “É uma orientação que as mulheres grávidas ou que pretendem engravidar devem descontinuar o uso de cannabis por causa de efeitos adversos para a fertilidade e potenciais preocupações para neurodesenvolvimento fetal”, finaliza o médico.      

Fonte: Dr. Fernando Prado – Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres – Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita – Reprodução Humana.

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