*Por Lorena Lima Amato
A gravidez é um momento repleto de particularidades para a vida das mulheres. Tanto a gravidez planejada quanto a não planejada, leva à mudanças psíquicas intensas pela vinda breve de um filho, situação que muda muito a vida da mulher. Mas não são só mudanças psíquicas, as mudanças corporais são também muito intensas. Muitas mudanças são inevitáveis e inerentes à gestação, e umas das mais óbvias é o aumento do peso, provocado não só pela presença do feto em crescimento, mas também por retenção de água, aumento do volume de sangue circulante, ganho de gordura, aumento da massa muscular do útero, etc.
Nesse contexto, de ter que nutrir um novo ser que cresce em nosso ventre, além da ansiedade inerente ao momento único, vem a vontade de “comer por dois”, hábito muitas vezes muito estimulado por familiares. No entanto, esse é um mito que não deve ser seguido e o ganho de peso excessivo na gestação pode trazer consequências ruins para mãe e para o bebê.
Quando a mulher engravida, os seguintes fatores colaboram para o aumento do peso:
- Peso médio do feto: 3,2 a 3,6 kg.
- Aumento das reservas de gordura do corpo: 2,7 a 3,6 kg.
- Aumento do volume de sangue circulante no organismo: 1,4 a 1,8 kg.
- Retenção de líquidos: 0,9 a 1,4 kg.
- Peso do líquido amniótico: 0,9 kg.
- Aumento de peso das mamas: 0,45 a 1,4 kg.
- Aumento de peso do útero: 0,9 kg.
- Peso da placenta: 0,7 kg.
Isso significa que uma grávida que apresentava um peso normal antes da gravidez deve ganhar, em média, algo em torno de 11 a 14,5 kg até o final da gestação.
O que define as diferenças entre o ganho de peso entre uma gestante e outra é aumento das reservas de gordura, ou seja, é o quanto cada grávida engorda.
No Brasil, quase metade das mulheres adultas apresentam-se com sobrepeso quando engravidam, e 17% são obesas. A obesidade pré-gestação, portanto, é muito frequente.
Existem muitas restrições dos próprios profissionais de saúde para o adequado manejo das gestantes obesas. Uma das justificativas dadas por esses profissionais é o próprio preconceito com o tema obesidade e a forma “ofensiva” com que algumas pacientes se sentem quando taxadas como obesas na fase inicial de gestação.
As consequências do ganho de peso excessivo na gestação são: aumento da necessidade de cesarianas, maior risco de partos prematuros, maior risco de terem bebês grandes e com elevado peso ao nascimento (macrossomia, bebês que nascem com mais de 4 kg), risco aumentado de hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.
Além disso, mulheres que ganham peso excessivamente durante a gravidez têm maior risco de não conseguirem voltar para o seu peso pré-gestacional, consequentemente, persistindo com sobrepeso ou até mesmo obesidade.
Também é importante notar que quanto maior o peso da gestante antes de engravidar, menor deve ser o ganho de peso durante a gestação, como pode ser visto na tabela abaixo:
Portanto, comer de forma equilibrada, fracionada em pequenas refeições ao dia, assim como manter-se fisicamente ativa na gestação não só é essencial à saúde da mãe e bebê como previne ganho de peso excessivo na gestação e suas consequências.