Com a pandemia, mudou algo na administração de vitaminas e minerais para bebês e crianças?
Pediatra reafirma que aleitamento materno (ou fórmulas quando necessário), alimentação equilibrada, sono adequado, atividade física e exposição ao sol são as melhoras ferramentas para uma ótima imunidade
Quando o assunto é imunidade, a primeira coisa que vem em mente é o leite produzido no corpo da mãe do bebê. Sem dúvida, é o alimento mais importante e valioso do mundo, “pois é considerado um alimento vivo”, recorda a pediatra Dra. Francielle Tosatti, da Sociedade Brasileira de Pediatria, especialista em Emergências Pediátricas pelo Instituto Israelita Albert Einstein, em São Paulo – SP.
“Além de fornecer todos os nutrientes que o bebê precisa, o leite materno contém substâncias e células vivas que protegem o bebê contra infecções. Os benefícios da amamentação continuam a ecoar ao longo da vida. Por isso, o aleitamento materno deve ser exclusivo até os 6 meses e continuado até, pelo menos, os dois anos”, recorda a médica.
Evidente que há situações de impossibilidade de realizar a amamentação. Quando estão esgotadas todas as estratégias para manter a amamentação de forma exclusiva ou parcial, é importante que o bebê receba um alimento substituto. “As fórmulas infantis são importantes, especialmente no primeiro ano de vida, fase de intenso crescimento e desenvolvimento que exige um aporte nutricional adequado e balanceado, que minimize os riscos de alergias, infecções, distúrbios metabólicos como obesidade e diabetes, que outrora eram protegidos via amamentação”, explica Dra. Francielle.
Deficiências de micro ou macro-nutrientes podem resultar em prejuízos não tanto para a imunidade, como também para o crescimento e o desenvolvimento infantil, e sua programação metabólica. “É importante entender que para diagnosticar uma deficiência de vitamina em um bebê ou criança é necessário a comprovação da carência por exame laboratorial e, a partir daí, indicar a sua reposição.
Quando as crianças precisam de suplementação?
De acordo com o departamento científico de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, hoje, são indicadas a suplementação oral de Vitamina D e Ferro elementar.
A prescrição é uma prevenção. Assim, todas as crianças, a partir de uma semana de vida até os 2 anos de idade, tomam a Vitamina D, e, de 3 meses de vida a 2 anos de idade, há a suplementação com ferro elementar, ambos em gotas. “E só!”, ressalta a médica que explica: “O mais importante para garantir uma imunidade adequada em bebês e crianças é entender que a manutenção do aleitamento materno e o consumo de alimentos tradicionais em uma dieta equilibrada já proporcionam todos os nutrientes necessários para garantir o crescimento e o desenvolvimento da criança”.
Ao receber, continuamente, a pergunta dos pais sobre como prevenir as crianças do vírus da Covid-19, a pediatra reconhece que a pandemia intensificou a preocupação natural dos pais em promover uma boa imunidade dos filhos. Mas, recorda, que cabe ao pediatra instruir as famílias sobre as ferramentas que contribuem para a construção de uma ótima imunidade, para além de suplementos:
* Alimentação balanceada (leite materno ou fórmula quando necessário + alimentos, conforme a idade);
* Sono adequado (em quantidade e qualidade);
* Atividade física e brincadeiras ao ar livre;
* Exposição solar adequada para produzir a queridinha vitamina D.
Para conhecer 5 vitaminas e minerais essenciais:
Vitamina A: é um nutriente essencial, que atua no adequado funcionamento da visão, da função imune e na proteção contra o estresse oxidativo. Além disso, tem especial importância nos períodos de rápida multiplicação celular, como gestação, período neonatal e infância. São fontes de vitamina A: leite humano, frutas e hortaliças de cor amarelo-alaranjada ou verde-escura, gema de ovo, leite de vaca e laticínios.
Vitamina D: embora conhecida como vitamina, essa substância é conceitualmente um pró-hormônio, que tem papel fundamental no metabolismo do cálcio, atuando na constituição dos ossos e por consequência, no crescimento adequado. Além disso, tem reconhecido seu papel na função imunológica, na secreção de insulina e no controle da pressão arterial. A vitamina D é produzida a nível cutâneo a partir da exposição solar e também pode ser obtida pelo consumo de alimentos como óleo de fígado de bacalhau, salmão, iogurte e gema de ovo .
Vitamina C: a vitamina C tem seu papel reconhecido na síntese de colágeno e no seu efeito anti-oxidante. Ela também atua no sistema imune, aumentando a resistência contra infecções virais. São fontes de vitamina C frutas cítricas como a laranja e a acerola, pimentão amarelo, brócolis e caju .
Zinco: o zinco é o segundo micro-mineral mais abundante no corpo humano, atua na regeneração óssea e muscular, na imunomodulação, na atividade neuronal e memória. São fontes de zinco a carne vermelha, a carne de frango, peixes, mariscos e castanhas .
Ferro: vital para o equilíbrio celular, o ferro é fundamental para o transporte do oxigênio, metabolismo energético, síntese de DNA e síntese de hemoglobina. A carência de ferro é a principal causa de anemia ferropriva na infância, que além de afetar o crescimento e desenvolvimento, pode comprometer o desenvolvimento de habilidades cognitivas, comportamentais, linguagem e capacidade motora nas crianças. As fontes desse mineral na alimentação se dividem entre origem vegetal e animal, sendo o ferro encontrado sob as formas heme – com boa disponibilidade – em carnes vermelhas, vísceras, e na forma não heme – baixa biodisponibilidade – em leguminosas e verduras de folhas verde-escuras.