Janeiro Branco: Transtorno Mental na Infância – Como os Pais Podem Identificar?

Conhecido como Janeiro Branco, janeiro é o mês da conscientização da saúde mental e emocional, e a infância é uma fase crucial no desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças, e os pais desempenham um papel fundamental na detecção de possíveis sinais de transtornos mentais.

É essencial estar atento a comportamentos que fogem à normalidade e buscar ajuda profissional quando necessário. As psicólogas e especialistas em saúde mental infantil e adolescente Nathalia Heringer e Ariádny Abudd destacam os sinais de alerta importantes que os pais devem observar em seus filhos. 

De acordo com as especialistas, o primeiro sinal refere-se a mudanças bruscas no comportamento da criança. ”Se ela passa de um estado agitado para um comportamento excessivamente tranquilo, ou de uma criança extrovertida para uma mais tímida, pode indicar a necessidade de intervenção. A queda no rendimento escolar, segundo ponto destacado, é outro indicativo crucial. Pais devem estar atentos a variações nos resultados acadêmicos, pois podem ser reflexos de questões emocionais subjacentes”, pontuam Nathalia Heringer e Ariádny Abbud, também fundadoras do INPI (Instituto de Neuropsicologia e Psicologia Infantil) . 

As psicólogas ressaltam ainda a importância de observar mudanças nos padrões de comportamento, como alterações no sono, alimentação e reações emocionais. ”Entender a frequência, intensidade e duração dessas mudanças é essencial para avaliar seu impacto na vida social da criança. O diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para um desenvolvimento saudável”, completa Heringer. 

A psicóloga Ariádny Abbud aborda também a questão das alterações de humor frequentes. ”Mudanças intensas e frequentes podem indicar problemas mais profundos, especialmente se não houver uma explicação ambiental evidente. Questões como mudança de escola, separação dos pais ou bullying na escola devem ser consideradas. Em casos mais graves, as mudanças podem sinalizar transtornos de humor ou bipolaridade, exigindo a intervenção de um profissional”, explica a especialista. 

Outro ponto abordado por Ariádny é a desconexão com a realidade. ”É normal que crianças tenham suas fantasias, mas se isso persiste além da fase apropriada, pode indicar atraso no desenvolvimento, inclusive em áreas acadêmicas e sociais. Além disso, a desconexão extrema pode estar relacionada a traumas graves, demandando uma avaliação profissional cuidadosa”, completa Abbud. 

A tendência de isolamento, conforme destacado pelas duas profissionais, é um ponto sensível. Embora algumas crianças preferem brincar sozinhas, a falta de interesse pela interação social pode indicar problemas. Avaliar o contexto e a duração desse isolamento é crucial para determinar se é apenas uma preferência temporária ou um sinal de alerta. 

Finalmente, os distúrbios alimentares, segundo Ariádny Abbud, merecem atenção. ”Restrições alimentares excessivas ou comportamentos compulsivos em relação à comida podem indicar necessidade de acompanhamento psicoterapêutico. Quando a alimentação se torna fonte de preocupação constante para a família ou causa sofrimento à criança, a intervenção profissional é essencial”, indica a especialista.

Em conclusão, Nathalia Heringer completa, ”a atenção dos pais a esses sinais de alerta e a busca por ajuda profissional quando necessário são passos fundamentais para garantir o desenvolvimento saudável e equilibrado de seus filhos. A prevenção e a intervenção precoce são sempre preferíveis, proporcionando um ambiente propício para o crescimento emocional e cognitivo das crianças”.

Font4e:

Nathalia Heringer é Mestre em Cognição e Comportamento (UFMG), Pós-Graduada em Neuropsicologia e em Terapia Cognitivo Comportamental. Atua com avaliação e intervenção precoce e é diretora na clínica da Pequeninhos.

Ariádny Abbud é Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental com Crianças e Adolescentes e Avaliação Psicológica, desenvolvedora de jogos terapêuticos, escritora e proprietária da Lúdica Psicologia, especializada em atendimentos clínicos de crianças e adolescentes.

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