A psicóloga perinatal defende licenças iguais, embora muitos brasileiros ainda considerem a mulher como a principal cuidadora
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Por que ainda existe uma grande discrepância entre as licenças concedidas a pais e mães? No Brasil e em muitas partes do mundo, este tema está ganhando força ao buscar promover um equilíbrio nas responsabilidades familiares entre homens e mulheres. Recentemente, uma pesquisa do Datafolha revelou que 76% dos brasileiros são a favor de aumentar o período da licença-paternidade. Porém, 69% ainda enxergam a mulher como a principal cuidadora dos filhos, enquanto 67% acreditam que pais e mães deveriam ter igual período de licença do trabalho.
“A licença-maternidade é mais extensa devido à crença social de que a mãe é a principal cuidadora do bebê, mas é essencial mudarmos essa percepção”, afirma a psicóloga Rafaela Schiavo, pioneira da Psicologia Perinatal e da Parentalidade e fundadora do Instituto MaterOnline. “Os jovens, em particular, estão impulsionando essa mudança e acreditam nessa igualdade de licenças. Isso reflete o desejo de uma nova geração de homens por um envolvimento mais ativo na paternidade”, completa.
Em comparação global, o Brasil está atrasado. Em 2022, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que 115 países possuem licença-paternidade, com uma média de 9 dias, mas apenas 102 oferecem remuneração durante esse período. No Brasil, as mães têm até 120 dias de licença, enquanto os pais têm apenas 5 dias. Há propostas em discussão para estender a licença-paternidade para até 60 dias.
A pesquisa do Datafolha também evidencia um maior apoio à igualdade nas licenças entre pessoas com maior nível de escolaridade e jovens, enquanto a maior resistência vem de setores empresariais. Schiavo ressalta que a igualdade não só ajudaria a nivelar o campo profissional, mas também promoveria uma divisão mais justa das responsabilidades. “O impacto se estende ao ambiente de trabalho, onde mulheres enfrentam prejuízos em promoções e oportunidades devido à maior duração de suas licenças. Os homens, isentos dessa ‘responsabilidade de criação’, muitas vezes avançam mais rapidamente em suas carreiras”.
Fonte: Dra. Rafaela de Almeida Schiavo é psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Desde sua formação inicial, dedica-se à saúde mental materna, sendo autora de centenas de trabalhos científicos com o objetivo de reduzir as elevadas taxas de alterações emocionais maternas no Brasil. Possui graduação em Licenciatura Plena em Psicologia e graduação em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.